Os dois governadores tentaram justificar decisão de 2018, quando aderiram à candidatura do presidente eleito O debate entre os presidenciáveis do PSDB promovido hoje pelos jornais "O Globo" e "Valor" foi marcado pelo reconhecimento por parte dos governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, de que erraram ao votar em 2018 no presidente Jair Bolsonaro. O ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio foi o único entre os três pré-candidatos a afirmar ter votado, no segundo turno das últimas eleições presidenciais, no petista Fernando Haddad. Leia mais:Toda a cobertura de políticaPré-candidatos do PSDB defendem reformas e respeito a teto de gastosAnálise: Silêncios convenientes demarcam diferenças entre tucanosEntre os três tucanos que disputam a indicação nas prévias do PSDB, Doria é o que teve um posicionamento mais firme a favor de Bolsonaro em 2018. Ele chegou a fazer campanha com camisetas que pediam o voto "BolsoDoria" e se esforçou para ganhar o eleitorado conservador do Estado na onda do então candidato à Presidência. No primeiro turno de 2018, o PSDB tinha candidato próprio, o ex-governador Geraldo Alckmin. Eduardo Leite fez questão de mencionar, no debate hoje, que fez campanha no primeiro turno para o candidato tucano naquela época. Virgílio, que é desafeto de Alckmin, deixou claro no debate que não votou no ex-governador sequer no primeiro turno de 2018. Só não se sabe em quem Virgílio votou: primeiro ele disse que tinha votado em Henrique Meirelles (MDB), depois em Marina Silva (Rede). No segundo turno, o ex-prefeito afirmou que foi de Haddad. Questionado pela jornalista Maria Cristina Fernandes, do Valor, sobre o apoio dado em 2018 a Jair Bolsonaro na disputa pela presidência, Doria afirmou que errou em relação ao presidente, assim como 65% da população. "Eu não tenho compromisso com o erro, eu não erro duas vezes", disse."Claro que é [necessário fazer a autocrítica em relação ao apoio a Bolsonaro]. E eu faço essa autocrítica. Em relação ao Bolsonaro, eu errei, assim como o Eduardo [Leite] errou. Receber a crítica, analisá-la e compreendê-la faz parte daquilo que conduz o seu destino", afirmou o governador paulista. Eduardo Leite disse que, na eleição de 2018, sua postura foi “clara” e ele não usou seu nome associado ao do então candidato Jair Bolsonaro. “Fiz a única declaração de voto em vídeo em que marquei as minhas diferenças com o Bolsonaro”, afirmou Leite, em resposta a uma pergunta feita por Virgílio.“O outro caminho era o PT, e além da corrupção foram dois anos de recessão que levaram a 14 milhões de desempregados. Naquela eleição plebiscitária marquei minha posição”, justificou o gaúcho. DEBATE ELEIÃÃES 2022Guito Moreto/Agência O GloboVirgílio então criticou Leite, afirmando que seria melhor perder a eleição do que apoiar Bolsonaro. “A presidente Dilma (Rousseff) é responsável por aqueles 30 meses de recessão, mas eu prefiro o combate. Eu votei no (Henrique) Meirelles e no (Fernando) Haddad no segundo turno”, disse o ex-prefeito. Leite retrucou afirmando que, no primeiro turno, votou no candidato tucano, Geraldo Alckmin. “Isso sim foi apoio, fazer campanha mesmo com as pesquisas indicando dificuldade”, afirmou. “Perdi votos por não ter aderido ao Bolsonaro, não vendo a alma para ganhar eleição a qualquer custo." Mais adiante no debate, ao ser questionado pela colunista de "O Globo" Miriam Leitão sobre seu apoio a Bolsonaro em 2018, e se considera o tema da economia mais do que a defesa da democracia, o governador do Rio Grande do Sul disse que sua declaração de voto na ocasião “foi um erro”."É importante discutir ideologia, gestão, mas o povo não come gestão, e ideologia não bota comida na mesa e vai resolver problemas reais da população. É muito fácil pra nós que temos a vida resolvida ficar discutindo a democracia e ignorar que milhões de pessoas deixam de comer", disse Leite. "Não estou defendendo que se ignore o debate sobre a democracia. Tive que escolher entre um plebiscito. Ninguém duvida do meu voto em Alckmin, mas no segundo turno tivemos que escolher entre dois caminhos. Eu apostava que no caminho do Bolsonaro as instituições freariam, como estão freando, embora os ataques aconteçam."DEBATE ELEIÃÃES 2022.Guito Moreto/Agência O Globo
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