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Desde setembro, poderes municipais se mobilizam contra aumento das tarifas nas contas.Decisão judicial foi divulgada pela Prefeitura na noite de quarta-feira (20); g1 procurou os envolvidos. Município de UbáPrefeitura de Ubá/DivulgaçãoA Justiça determinou a suspensão da cobrança integral por serviços de tratamento de água e esgoto aos consumidores de Ubá. Desde setembro, poderes municipais se mobilizam contra o aumento das tarifas nas contas de água. A decisão judicial liminar é por conta de uma Ação Civil Pública ajuizada pelo município de Ubá contra a Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG) e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). O g1 procurou os envolvidos e até a última atualização desta reportagem não havia retorno.Decisão judicialNa decisão, o juiz da 1ª Vara Cível da Comarca de Ubá destacou que o contrato entre o município e a Copasa afasta a possibilidade de cobrança da tarifa “cheia” enquanto não estabelecida totalidade do serviço de coleta e tratamento de esgoto, e que a alteração na tarifa imposta pela Resolução nº 154/2021, da Arsae, promovendo a unificação das tarifas de coleta e tratamento de esgoto com as tarifas apenas de coleta, viola os termos pactuados pelas partes.“Ainda que tenha havido alteração regulamentar (...), a majoração da cobrança feita com base nessa nova norma pela ré Copasa significa violação do ajuste contratual realizado com o município autor. (...) O contrato assim, tem força normativa que deve ser respeitada na execução do serviço público objeto deste processo”, afirmou o magistrado Thiago Brega de Assis na decisão.A reportagem entrou em contato também com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para saber se o órgão acompanha o caso. Para o prefeito Edson Teixeira Filho (DEM), o contrato de programa firmado entre o município e a Copasa foi fruto de muitos estudos e discussões, e a decisão restabelece a justiça. "As cláusulas que prevêem a forma de cobrança, determinando que apenas após a implantação e operação dos serviços haverá cobrança de tarifa integral, foram pensadas visando o cenário mais justo para as partes. Sabemos que um investimento deste porte tem um custo para a sociedade, porém a Resolução nº 154 trouxe um impacto que não consideramos justo mediante os termos já acordados”, analisou o prefeito.Aumento tarifário resulta em Ação Civil Pública (ACP)A ação teve início após um aumento da tarifa de esgotamento sanitário na cidade, que passou de 25 para 74%. Segundo os envolvidos, não há justificativa para o aumento, visto que Ubá ainda não conta com o respectivo serviço, assim como ocorreu com diversos outros municípios.Conforme a Prefeitura, o município busca, por meio da ação, a defesa do consumidor frente ao dano coletivo sofrido pelos cidadãos que usam os serviços prestados pela Copasa desde a implantação da referida Resolução, que promoveu a unificação das tarifas de coleta e tratamento de esgoto com as tarifas apenas de coleta. Na prática, consumidores com acesso apenas à coleta de esgoto passaram a pagar uma tarifa equivalente aos que possuem acesso ao serviço de coleta e tratamento."Em que pese o direito da concessionária ré em reivindicar o reequilíbrio contratual, este não pode ser exercido de forma ofensiva às regras básicas da proteção ao consumo, sendo imperioso o afastamento da vigência e eficácia da Resolução ARSAE nº 154/2021, bem como seja determinado à Copasa que se abstenha de cobrar por um serviço que não é efetivamente prestado', cita o trecho da ação ajuizada pelo município.Autoridades se mobilizamDe acordo com a Câmara, a Arsae foi procurada. Foram realizadas 2 reuniões com o diretor-geral do órgão regulador, Antônio Claret. "A Arsae apresentou algumas justificativas técnicas para a medida, e não reconheceu a flagrante violação ao direito dos consumidores, ocasionada pela resolução, ao unificar o percentual da tarifa, ação que equiparou o valor de pagamento para todos os municípios do Estado, inclusive os que não possuem tratamento de esgoto", citou a nota emitida pela Câmara.Encontros são realizadosO Legislativo reuniu prefeitos de outras cidades da Zona da Mata, afetadas pela Resolução, a fim de discutir medidas possíveis para resolver a situação. No último dia 22 de setembro, a Câmara Municipal de Ubá (CMU) promoveu, o 2º encontro para tratar sobre a cobrança nas tarifas de esgoto sanitário.Participaram o prefeito de Ubá Edson Teixeira Filho; o presidente da Câmara, vereador José Roberto Reis Filgueiras, o 1º vice-presidente da CMU, vereador Edeir Pacheco da Costa, o 2º vice-presidente, vereador Gilson Fazolla Filgueiras, os vereadores Jane Cristina Lacerda Pinto, José Damato Neto e José Maria Fernandes, a procuradora-Geral da Câmara, Dra. Juliana Jacob; e o prefeito de Teixeiras, Nivaldo Rita, acompanhado da secretária municipal de Assuntos Jurídicos, Daniele Moreira. Além deles, o Procon/Ubá foi representado pela sua secretária-executiva, Luiza Moreira Campos.Por videoconferência, os presentes discutiram o assunto com o presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM), Julvan Lacerda, prefeito da cidade de Moema, e com o consultor jurídico da AMM, Dr. Wederson Advíncula. De acordo com o presidente da AMM, a ação é irresponsável e "trata igualmente os desiguais, fixando em 74% a tarifa de esgoto de forma unificada, a abranger todos os municípios onde a Copasa possui a concessão específica, desconsiderando que a grande maioria dessas cidades ainda não conta com a coleta e o tratamento do esgoto sanitário".1ª reuniãoA primeira reunião foi realizada na semana anterior, dia 15, e contou com a presença de prefeitos de vários municípios onde a Copasa atua em concessão. São eles: Descoberto, Guaraciaba, Mercês, Presidente Bernardes, Cataguases, Carangola, São João do Manhuaçu, Aracitaba e Faria Lemos. O prefeito de Ponte Nova também foi representado no evento. Além deles, estiveram presentes representantes do Serviço Municipal de Saneamento Básico e Infraestrutura (Semasa) de Carangola e do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) de Ponte Nova.Na ocasião, a mesa foi composta pelas seguintes autoridades: o presidente da CMU, vereador José Roberto Reis Filgueiras, o vice-presidente, vereador Edeir Pacheco da Costa, a 1ª Secretária, vereadora Aline Moreira Silva Melo, a procuradora-Geral da CMU, Dra. Juliana Jacob; o procurador-Geral da Prefeitura de Ubá, Dr. Eduardo Rinco, representando o prefeito Municipal de Ubá; a superintendente do Consórcio Intermunicipal de Saneamento Básico da Zona da Mata de Minas Gerais (CISAB Zona da Mata), Iolanda de Sena Gonçalves, o assessor Técnico de Regulação do CISAB Zona da Mata, Gustavo Gastão Cardoso; a secretária-executiva do Procon/Ubá, Luiza Moreira Campos; e a inspetora Chefe do Conselho Regional de Engenharia - Inspetoria de Ubá e Região, e membro do Conselho Municipal de Saneamento Básico, Dra. Sônia Jacob.Os vereadores ubaenses Célio Lopes dos Santos, Gilson Fazolla Filgueiras, Jane Cristina Lacerda Pinto, José Carlos Reis Pereira, José Damato Neto e José Maria Fernandes também participaram dessa primeira reunião.VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes