Guillermo Lasso, ex-banqueiro de direita que assumiu o comando do país em maio deste ano, controlou 14 sociedades offshore, a maioria com sede no Panamá, segundo os Pandora Papers A Procuradoria-Geral do Equador anunciou nesta quinta-feira (21) a abertura de uma investigação preliminar por fraude tributária contra o presidente Guillermo Lasso, após o líder da oposição, Yaku Perez, apresentar acusações ligadas à apuração jornalística “Pandora Papers”.A série de reportagens publicada pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) revelou operações em paraísos fiscais de ao menos 35 líderes mundiais, Lasso entre eles.O presidente, ex-banqueiro de direita que assumiu o comando do país em maio deste ano, controlou 14 sociedades offshore, a maioria com sede no Panamá, segundo os Pandora Papers. Offshore é um termo em inglês usado para definir uma empresa aberta em outros países, normalmente locais onde as regras tributárias são menos rígidas e não é necessário declarar o dono, a origem e o destino do dinheiro.Por isso, o ex-candidato presidencial e líder indígena pediu uma investigação das finanças do atual mandatário. Perez instou investigadores a buscarem contas em nome de Lasso e seus parentes mais próximos desde 2013. Segundo a Procuradoria-Geral, a apuração foi aberta em 18 de outubro.O presidente do Equador, Guillermo LassoDolores Ochoa/APO gabinete presidencial ainda não se pronunciou, mas Lasso já havia questionado o Pandora Papers, descrevendo como "informação antiga e fora de contexto". Ele acrescentou ainda que deixou o comando das empresas mencionadas em 2017, quando concorreu à Presidência novamente.Isso ocorreu depois que o então presidente Rafael Correa (2007-2017) aprovou uma lei, em 2017, que proibia que candidatos presidenciais tivessem empresas em paraísos fiscais.Tensão com o LegislativoA Assembleia Nacional, que vive momento de embate com o presidente, também investiga as empresas mencionadas nos Pandora Papers. Lasso foi intimado por uma comissão na quarta (20) para apresentar explicações. Ele, no entanto, não compareceu à sessão e disse que não atenderá a outro pedido para se apresentar nesta sexta (22).A tensão com o Legislativo se deve, em parte, ao fato de a Assembleia rejeitar debater reformas apresentadas pelo Executivo que atingem as áreas trabalhista e tributária, além de mudanças nas leis de herança e de comunicações.Lasso atribui articulações contra ele na Casa a um "triunvirato de conspiradores": o ex-presidente Rafael Correa, seu principal rival; o influente político da democracia cristã Jaime Nebot, que chegou a apoiá-lo; o líder indígena Leonidas Iza, protagonista das revoltas de 2019.Além disso, o presidente enfrenta uma onda de violência, com rebeliões em presídios, e ações do narcotráfico. Lasso usou essas duas justificativas nesta semana para decretar estado de exceção por 60 dias, com o Exército nas ruas com mandado para atuar na segurança pública.Pandora Papers A investigação do ICIJ envolveu 600 jornalistas de dezenas de veículos – como a revista “Piauí”, no Brasil, e os jornais “The Guardian” e “The Washington Post” – e é baseada em 11,9 milhões de documentos de 14 empresas de serviços financeiros por todo o mundo.O Ministério Público chileno também abriu investigação contra o presidente do país, Sebastián Piñera, por um possível conflito de interesses na venda de uma mineradora que pertencia à família do atual chefe do Executivo.O negócio envolvendo a firma Dominga foi fechado em 2010, ano em que Piñera também ocupava a Presidência do Chile. Segundo a investigação jornalística, o comprador, amigo próximo do político, exigiu que não fosse criada uma área ambiental na zona de operação da empresa, o que atrapalharia a exploração de minério na região.Ainda conforme a apuração, a transação movimentou US$ 152 milhões (R$ 838 milhões) e foi dividida em três parcelas, sendo que a última apenas seria liberada caso não fosse estabelecida a área de proteção, requerida por ativistas.Piñera será investigado pela prática de possível suborno e crimes fiscais, o que pode resultar, caso o presidente seja condenado, em cinco anos de prisão.
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