Ministro determinou a soltura no mesmo dia da prisão. Chaaya Moghrabi é considerado um dos maiores doleiros do país e foi denunciado nas operações Câmbio, Desligo e Clãdestino. Doleiro Chaaya MoghrabiRedes SociaisO ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) mandou soltar o doleiro Chaaya Moghrabi, investigado pela Lava-Jato e preso na manhã de sexta-feira (18) pela Polícia Federal, em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro. A decisão do ministro foi tomada no mesmo dia da prisão e atendeu ao pedido da defesa do doleiro. Chaaya foi alvo de um mandado de prisão preventiva e de outro de busca e apreensão. Ele foi localizado em um condomínio de luxo em Angra dos Reis. Segundo o MP os mandados, concedidos pela pela 7ª Vara Federal Criminal no Rio de Janeiro, foram necessários porque, quando a operação Clãdestino foi realizada, em 10 de novembro, o cumprimento das medidas de busca e apreensão foi marcado por interferências dos investigados, bem como pela tentativa de ludibriar a atuação policial.No pedido de soltura ao STF, a defesa do doleiro diz já ter refutado as suspeitas de que Chaaya não colaborou com as investigações e argumentou que ele integra grupo de risco da pandemia do novo coronavírus. Ao determinar a liberação do doleiro, Gilmar Mendes afirma que os presídios do Rio estão notoriamente superlotados e que os crimes supostamente cometidos pelo doleiro não envolvem violência ou grave ameaça. "Por último, ainda que fossem desconsideradas todas as premissas até então estabelecidas, creio que a situação da pandemia no Brasil e a liminar no habeas corpus coletivo 188.820 também impõem a revogação da prisão, já que o reclamante é portador de síndrome metabólica, de hipertensão arterial e hiperglicemia que o incluem no grupo de risco da Covid-19, conforme relatório médico juntado aos autos", diz o ministro. O habeas corpus coletivo citado pelo ministro foi concedido na quinta-feira (17) pelo ministro Edson Fachin. A medida determina que, por causa da pandemia de Covid-19, presos do regime semiaberto que forem dos grupos de risco e estiverem em cadeias superlotadas devem passar para a prisão domiciliar.Ao atender o pedido do doleiro, Gilmar Mendes considerou quea ordem de prisão decretada pela 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro configura "notório descumprimento das determinações expedidas por esta Suprema Corte".Na decisão, o ministro ainda advertiu que, se as decisões do Supremo não forem observadas, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deverá ser acionado. "Tendo em vista esses e outros recentes casos de descumprimento das decisões do STF por parte do referido Juízo, advirta-se a autoridade reclamada sobre a necessidade de observância das decisões proferidas pelo STF, sob pena de comunicação ao CNJ para a adoção das providências cabíveis, sem prejuízo de outras medidas", afirma o ministro.Rede de doleirosDe acordo com informações do Ministério Público do Rio de Janeiro, Chaaya Moghrabi foi denunciado na operação Câmbio, Desligo e Clãdestino, e faz parte de uma rede de doleiros que atua na lavagem internacional de ativos.As investigações mostram que Chaaya, conhecido como Yasha, é considerado um dos quatro maiores doleiros do país. Ele é suspeito de praticar crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e crime contra o sistema financeiro.Segundo as investigações, ele integrou um grupo que entre março de 2013 e fevereiro de 2014 realizou ao menos oito operações financeiras consideradas suspeitas no valor de US$ 1.032,807 – cerca de R$ 4 milhões.O doleiro tinha sido preso em 2018, e, em março de 2019, Gilmar Mendes concedeu habeas corpus a Chaaya e substituiu a prisão por medidas alternativas que incluíam o pagamento de fiança, proibição de sair do país e a entrega de todos os passaportes Em abril de 2019, Chaaya foi preso pela polícia do Uruguai no Aeroporto Internacional de Carrasco, em Montevidéu. Na ocasião, a Justiça do Rio de Janeiro determinou a prisão preventiva do doleiro e a extradição do acusado para o Brasil.Veja as últimas notícias da política