Presidente da Câmara comentou disputa entre aliados de Bolsonaro sobre PEC que amplia repasses federais a municípios. Equipe econômica é contra, mas base não deve obstruir votação. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta terça-feira (22) que vê uma "confusão" na relação entre o governo Jair Bolsonaro e a base de apoio no Congresso, e que buscará evitar que essa disputa "desmoralize" a equipe econômica chefiada pelo ministro Paulo Guedes.Maia deu as declarações ao comentar a votação de uma proposta de Emenda à Constituição (PEC) que aumenta a transferência de recursos federais às prefeituras por meio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).A proposta tem impacto bilionário nos cofres da União e, por isso, integrantes da equipe econômica são contrários à aprovação do texto. Ao mesmo tempo, o agrado aos prefeitos pode gerar ganhos políticos para o governo federal e para os deputados que votarem a favor da proposta.“Vamos ver o que a gente consegue construir, respeitando a equipe econômica, não deixando que a própria base do governo ou o próprio líder do governo desmoralize a equipe do ministro Paulo Guedes”, afirmou.Mais cedo, nesta terça, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou ao blog da Andréia Sadi que não pedirá a retirada do texto da pauta, e que a responsabilidade é de Maia.“Eu vi na imprensa ontem a crítica da equipe econômica à votação e alguns economistas criticando a desorganização do governo e a votação da PEC neste momento. E as declarações do Ricardo Barros. Só vi isso. Um pouco confuso, né?”, acrescentou Maia.OCDE ressaltou necessidade de o Brasil manter teto de gastos; Juliana Rosa comenta"A responsabilidade é do presidente da Câmara. O governo não vai pedir para retirar. Agora, cabe a Maia: não dá para ficar bem com a Faria Lima (empresários) e com os prefeitos (a favor da PEC), vai ter de decidir o que fazer”, disse o parlamentar.No fim da tarde, Rodrigo Maia rebateu as declarações de Barros e afirmou que o governo está deixando de ser popular para ser populista, “pela falta de compromisso com a pauta fiscal do país”.A chamada "PEC dos Municípios" já passou pelo Senado e já foi aprovada na Câmara em primeiro turno. Se for aprovada de novo e não passar por mudanças substanciais (que forçariam nova análise dos senadores), o texto vai à promulgação e não depende da sanção de Bolsonaro.“Qual é a posição do governo? O governo vai liberar [os partidos da base na votação]? O governo não tem posição? Eles vão desmoralizar o Paulo Guedes? O governo vai desmoralizar o ministro da Economia?”, indagou Maia.Eleição na CâmaraMaia e o bloco de partidos que o apoiam na Câmara ainda não definiram quem será o representante do grupo na eleição de fevereiro, que definirá o presidente da Casa pelos próximos anos.Análise: as articulações para a sucessão na Câmara dos DeputadosNesta terça, o atual presidente da Câmara foi questionado mais uma vez sobre o anúncio. Maia afirmou que a indicação está "quase para acontecer" e que deve sair no máximo até amanhã.Baleia Rossi (MDB-SP) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) são os principais nomes cogitados. Partidos de oposição integram o bloco de apoio a Maia, mas não descartam apresentar uma candidatura.O nome escolhido deverá ter como principal opositor na disputa o deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão e aliado de Bolsonaro. A votação em fevereiro é secreta.