Coordenadores e consultores da área de Química se juntaram àqueles de Matemática e Física que pediram desligamento de suas funções no início desta semana. Sede da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em Brasília
Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Outros três coordenadores e mais 25 consultores da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), agora da área de Química, renunciaram a suas funções na entidade na quarta-feira (1º), elevando para 80 o número de demissionários.
No início da semana, outros 52 pesquisadores das áreas de Matemática e Física já tinham deixado seus cargos.
Ligado ao Ministério da Educação (MEC), o órgão é responsável por avaliar os programas de pós-graduação de mestrado e doutorado do país, autorizando ou não o seu funcionamento.
Eles alegam que a atual presidência da Capes não tem se dedicado à defesa das avaliações, que estão suspensas por uma decisão judicial desde setembro.
"A falta de compromisso com a avaliação quadrienal se traduz pela demora no estabelecimento do cronograma e do regimento, bem como pela inércia na tomada de ações necessárias para a retomada do processo, paralisado por questões judiciais", diz a carta assinada pelos demissionários.
O trabalho dos coordenadores e consultores na Capes é voluntário. Eles são professores ligados a alguma instituição de ensino e que cumprem à parte funções na entidade.
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Os pesquisadores também questionam o empenho da entidade em agilizar as avaliação de novos cursos na modalidade de ensino à distância. Na carta, eles afirmam que, além de terem "pouca ou nenhuma experiência em EaD", entendem que o processo só deveria ser feito após a finalização da avaliação quadrienal, que daria uma "visão da situação real da área".
Procurada, a Capes não havia se pronunciado até a última atualização desta reportagem sobre mais essa debandada.
Coordenadores demissionários da área de Química
Adriano Lisboa Monteiro
Simoni Margareti Plentz Meneghetti
Paulo Anselmo Ziani Suarez
Consultores área de Química
Adley Forti Rubira
Aldo José Gorgatti Zarbin
Claudia Moraes de Rezende
Claudio Viegas Júnior
Clésia Cristina Nascentes
Edenir Rodrigues Pereira Filho
Gerd Bruno Rocha
Gilson Rogério Zeni
Hugo Alejandro Gallardo Olmedo
João Henrique Zimnoch dos Santos
Jose Walkimar de Mesquita Carneiro
Luciane Pimenta Cruz Romão
Luiz Fernando Cappa de Oliveira
Marcelo Henrique Gehlen
Márcia Cristina Bisinoti
Maria das Graças Andrade Korn
Nakédia Maysa Freitas Carvalho
Paula Homem de Mello
Pedro Vitoriano de Oliveira
Regina Celia Monteiro de Paula
Rosangela de Carvalho Balaban
Valdir Florencio da Veiga Júnior
Watson Loh
Welter Cantanhêde da Silva
Wendell Karlos Tomazelli Coltro
Avaliação quadrienal paralisada e fim de mandato
Em 22 de setembro, o Ministério Público Federal (MPF) conseguiu uma liminar concedida pela Justiça Federal que suspendia imediatamente a avaliação quadrienal dos programas de pós stricto sensu (mestrado e doutorado) em andamento.
O MPF argumenta que apurou ilícitos nos critérios adotados pela Capes no ranqueamento dos programas de pós no Brasil e nas normas usadas para a concessão de bolsas.
A Procuradoria pediu ainda que a Capes apresentasse, em 30 dias, a relação completa dos "critérios de avaliação", "tipos de produção/estratos" e as "notas de corte" utilizados para avaliar os cursos.
De acordo com os pesquisadores das áreas de Matemática e Física ouvidos pelo g1, a entidade não entrou com recurso no tempo hábil e se manifestou apenas cerca de dois meses após a liminar passar a valer, mantendo o processo avaliatório paralisado nesse período.
Diante desse cenário, os demissionários afirmam que as avaliações que estavam sendo feitas pelos coordenadores e consultores não serão finalizadas antes do final do mandato quadrienal atual, previsto para acabar entre o final de abril e começo de maio de 2022.