No mês passado, volume total do crédito bancário avançou para R$ 3,95 trilhões, e juros bancários médios nas operações com recursos livres caíram para 26,3% ao ano. A inadimplência tem queda marginal. O crédito bancário registrou novo aumento em novembro, enquanto a taxa média de juros nas operações com recursos livres (sem imobiliário, BNDES e rural) recuou - apesar de a taxa do cheque especial e do cartão de crédito rotativo terem avançado.
Segundo números divulgados pelo Banco Central nesta quarta--feira (23), o volume total do crédito ofertado pelas instituições financeiras cresceu 2% no mês passado, para R$ 3,954 trilhões. Em outubro, o estoque de crédito bancário estava em R$ 3,871 trilhões.
As concessões totais de crédito somaram R$ 376 bilhões em novembro, o que representa uma alta de 6,4% na comparação com o mês anterior. Esse volume de concessões foi o mais alto desde março deste ano (R$ 396,8 bilhões).
Em doze meses, o crescimento do volume total de crédito bancário acelerou de 14,5%, em outubro, para 15,6% em novembro, informou o BC.
Esse patamar está em linha com última estimativa da instituição para o aumento do crédito bancário em todo ano de 2020, que é de 15,6%. Também representa forte aceleração frente ao registrado em 2019 (+6,5%).
No acumulado deste ano, o aumento no crédito bancário está relacionado às medidas adotadas pelo Banco Central para liberar às instituições financeiras mais recursos destinados a empréstimos em meio à pandemia do novo coronavírus.
Em novembro, os números oficiais mostram que volume de crédito ofertado pelos bancos para as pessoas físicas cresceu 2%, para um saldo total de R$ 2,2 trilhões, enquanto que a carteira de empréstimo para as empresas subiu também 2%, para R$ 1,75 trilhão.
A taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito ficou registrou queda de 0,1 ponto percentual em novembro, para 2,2%. Nas operações com pessoas físicas, a inadimplência caiu de 3,1% para 3% no mês passado e, no caso das empresas, recuou de 1,5% para 1,3%.
Juros bancários
Os juros bancários médios com recursos livres de pessoas físicas e empresas, por sua vez, caíram de 26,5% ao ano, em outubro, para 26,3% ao ano no mês passado. O crédito livre não considera empréstimos habitacionais, rurais ou do BNDES. Nessas operações, a instituição financeira tem mais liberdade para fixar a taxa de juro cobrada.
A alta dos juros bancários médios e das operações com pessoas físicas acontece em um momento de estabilidade da taxa básica de juros da economia, no seu piso histórico de 2% ao ano.
Em novembro, nas operações para pessoas físicas, a o juro médio passou de 38,8% para 38,1% ao ano na comparação com outubro, e, para as empresas, a taxa média avançou de 12% para 12,2% ao ano.
No cheque especial das pessoas físicas, porém, a taxa subiu de 112,9% ao ano em outubro (6,5% ao mês) para 113,6% ao ano em novembro, o equivalente também a 6,5% ao mês. Nessa linha de crédito, o BC adotou um teto para os juros.
Nas operações com cartão de crédito rotativo de pessoas físicas, os juros bancários cobrados das pessoas físicas subiram de 317,4% ao ano, em outubro, para 319,8% ao ano em novembro. Deste modo, a taxa segue em patamar proibitivo.
O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente. Essa é uma das linhas de crédito mais caras do mercado e, segundo analistas, deve ser evitada. A recomendação é que os clientes bancários paguem todo o valor da fatura mensalmente.
De acordo com o BC, o chamado "spread" bancário médio com recursos livres passou de 21,5 pontos percentuais, em outubro, para 21,2 pontos percentuais em novembro. O spread é a diferença entre quanto os bancos pagam pelos recursos e quanto cobram dos clientes.
Nas operações com pessoas físicas, houve queda de 33,3 pontos em outubro para 32,5 pontos em novembro deste ano. Com isso, o "spread" bancário ainda segue em patamar elevado para padrões internacionais.
O "spread" é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.