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RETROSPECTIVA 2021 - As músicas que sobressaíram ao longo do ano

Por Redação

29/12/2021 às 03:47:37 - Atualizado há
Composições de Aldir Blanc, Caetano Veloso, Chico Brown, Gloria Groove, Guinga, Juliano Holanda, Leandro Braga, Marisa Monte, Ogi, Ronaldo Bastos, Thiago Amud, Zé Manoel, Zeca Veloso e Zélia Duncan são destaques na produção brasileira pela beleza melódica e/ou força poética. ? RETROSPECTIVA 2021 – Qualquer lista de músicas do ano torna-se subjetiva e pessoal quando se tem (cons)ciência de que milhares de discos são disponibilizados a cada semana nos aplicativos de áudio e vídeo com composições inéditas.

As onze músicas selecionadas pelo Blog do Mauro Ferreira jamais devem ser caracterizadas com as “melhores” de 2021 simplesmente por ser impossível avaliar produção imensurável sob a perspectiva da quantidade. Essas músicas são composições que, dentro do raio de visão (ou seria audição?) do crítico e colunista do g1, sobressaíram ao longo do ano pela força e/ou pela beleza melódica e poética.

Feita a ressalva, eis – em ordem cronológica de lançamento – onze grandes músicas que saem de 2021 com cacife para reverberar em 2022 e ao longo dos próximos anos:

? Maysa (Zé Manoel e Ronaldo Bastos na voz de Filipe Catto) – Lançado em 22 de janeiro, no dia em que a morte de Maysa (1936 – 1977) completava 44 anos, o bolero celebrou a cantora em gravação valorizada pelo contraste entre os timbres contemporâneos do arranjo e o clima vintage de letra evocativa do universo passional da cantora e compositora carioca. Maysa é a primeira parceria do pianista pernambucano Zé Manoel com o poeta letrista e fluminense Ronaldo Bastos. Filipe Catto sorveu com elegância o mel da paixão que move essa bela música.

? Onde é que isso vai dar? (Juliano Holanda e Zélia Duncan na voz de Zélia Duncan) – A melhor canção do disco Pelespírito foi apresentada em 7 de maio como o primeiro single do álbum em que Zélia Duncan deu voz a 15 músicas da parceria com o compositor pernambucano Juliano Holanda. No tempo da delicadeza consciente, a canção Onde é que isso vai dar? traduziu o estado de perplexidade dos artistas com o turbilhão de acontecimentos que vem desafinando o Brasil.

? Calma (Marisa Monte e Chico Brown na voz de Marisa Monte) – Música aliciante de leve levada soul, Calma foi lançada em 10 de junho como o primeiro single do primeiro álbum solo de músicas inéditas de Marisa Monte em dez anos, Portas, apresentando a parceria da artista com Chico Brown, filho de Carlinhos Brown. Em três minutos, Marisa Monte apresentou perfeito pop soul cheio de boas vibrações.

? Paulistana sabiá (Guinga na voz de Guinga) – Tributo do compositor carioca à cantora paulistana Mônica Salmaso, a composição é uma das obras-primas apresentadas por Guinga no álbum Zaboio, lançado em 10 de junho. No canto triste de Paulistana sabiá, Guinga se inspirou no verde do Jardim Europa – bairro da cidade de São Paulo (SP) – para reverenciar Salmaso de forma sublime.

? O sopro do fole (Zeca Veloso na voz de Maria Bethânia) – O sobrinho da cantora começou a se confirmar inspirado compositor com bela música de poesia sertaneja em que Bethânia aperta “os baixo” do coração por sentir melancolia e saudade ao remoer na memória o percurso feito por nordestinos rumo ao sudeste do Brasil. O sopro do fole se revelou a grande música inédita do álbum Noturno, lançado por Bethânia em 29 de julho.

? Crash (Ogi na voz de Juçara Marçal) – Produto da escrita de Rodrigo Hayashi, rapper cronista de São Paulo (SP) conhecido como Ogi, o verbo colérico de Crash foi disparado em 2 de setembro como primeiro single do segundo álbum solo de Juçara Marçal, Delta Estácio blues. Crash foi artilharia certeira, em parte pela base incandescente criada pelo produtor musical do disco, Kiko Dinucci.

? Voo cego (Leandro Braga e Aldir Blanc na voz de Chico Buarque) – Destaque do álbum que apresentou em 24 de setembro nada menos do que 12 músicas com letras inéditas de Aldir Blanc (1946 – 2020), Voo cego é bela canção em forma de soneto composta por Leandro Braga com letra do bardo carioca e valorizada na gravação pelo canto enxuto de Chico Buarque.

? Virulência (Alexandre Nero, Antônio Saraiva e Aldir Blanc na voz de Alexandre Nero) – A segunda obra-prima revelada pelo álbum Aldir Blanc inédito é música de densa teatralidade que, com interpretação precisa do parceiro Alexandre Nero, conectou o letrista às dissonâncias do Brasil de 2021.

? A queda (Gloria Groove, Pablo Bispo e Ruxell na voz de Gloria Groove) – Apresentada em single lançado em 14 de outubro, A queda marcou a ascensão de Gloria Groove com refrão tão poderoso quanto a letra que versa sobre a cultura do cancelamento, denunciando o prazer mórbido do ser humano com a desgraça alheia. A queda se impôs como uma das grandes músicas do ano pela afinidade com o momento da humanidade.

? Meu coco (Caetano Veloso na voz de Caetano Veloso) – Samba que dá nome ao primeiro álbum de músicas inéditas de Caetano Veloso em nove anos, lançado em 21 de outubro, Meu coco se destacou no disco como sopro de renovação no cancioneiro do compositor baiano, dando norte ao álbum em que o artista sobrepõe riquezas às dissonâncias do Brasil. Meu coco é samba assentado sobre a percussão de Marcio Victor, mas entortado pelo estonteantes sopros orquestrados por Thiago Amud.

? História da Revolução Caraíba (Thiago Amud na voz de Thiago Amud) – O majestoso samba-enredo arremata o quarto álbum de Thiago Amud, São, lançado em 12 de novembro. História da Revolução Caraíba é obra-prima do gênero (o melhor samba da safra de 2021) que imagina alumbramento social ao apresentar enredo político, confirmando a inspiração sobressalente do compositor carioca na atual música do Brasil.
Fonte: G1
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