Desapegue-se das coisas e abra espaço em sua vida para ajudar os outros Gostei da proposta que fiz na coluna de domingo e resolvi me dedicar a um desdobramento do tema “novas resoluções para o novo ano” durante esta semana. Uma das resoluções mais adiadas – e autossabotadas – é a de se desapegar das tralhas que vamos acumulando. Há, inclusive, diferentes caminhos para dar início ao processo e cada um deve escolher aquele que lhe agrada. A japonesa Marie Kondo se tornou um fenômeno editorial com seu método de organização e sugere criar categorias para pesquisar que itens serão descartados: roupas, livros, documentos e outros papeis, e assim por diante. Se já não têm serventia, nem trazem memórias que valem a pena ser preservadas, passe adiante ou jogue fora. Uma outra opção é criar apenas quatro alternativas para seus pertences: manter, doar, vender e jogar fora (ou reciclar, se der). Nesse caso, não existe a possibilidade de enfurnar as coisas numa caixa no alto do armário ou num depósito. Para as roupas, você pode pôr em prática o método do cabide, que é bem simples: vire todos os cabides com a parte aberta do gancho voltada na sua direção e marque a data no calendário. Ao guardar as roupas que for usando, ponha o cabide ao contrário, com a abertura do gancho voltada para dentro do armário, como se faz habitualmente. Depois de seis meses, confira o que não foi utilizado e separe para dar. A partir daí, para cada peça nova adquirida, escolha uma semelhante para ser dada.
Cabides com a parte aberta do gancho voltada para fora do armário: método para avaliar que roupas são utilizadas
Stevepb para Pixabay
Para facilitar a jornada de desapego, trabalhe num cômodo de cada vez. Comece por algo pequeno: serve até o armário dos remédios; ou aquela gaveta onde ficam pilhas, tomadas e canetas que não funcionam... Sempre que titubear, pergunte-se:
1) Com que frequência uso esse item, ou nem me dou conta de que existe?
2) Tem valor sentimental?
3) Ainda funciona ou tem alguma afinidade com meu estilo de vida?
4) Poderia se transformar num presente apreciado por um amigo ou parente?
Você pode fazer fotos de objetos que trazem boas lembranças e digitalizar recordações como ingressos de shows e desenhos das crianças. O mesmo vale para documentos, CDs e DVDs. Se for se mudar para um lugar menor, não terá como fugir da questão: o que realmente importa guardar? Para funcionar, dê início ao processo três meses antes. Sei que vai doer para os amantes dos livros, entre os quais me incluo, mas o roteiro de perguntas é semelhante: lerei essa obra de novo? Preciso dela para consultas frequentes? As informações estão disponíveis on-line? Vou querer repor o livro se perdê-lo, ou nem perceberei? Tenho prazer em manter esse exemplar, continua relevante, ou apenas o conservo para me lembrar que o li tempos atrás? Por último, doe-se. No fim de dezembro, o jornal “The New York Times” publicou artigo sobre como ajudar os outros é um tratamento eficaz contra a solidão. Num estudo realizado no Reino Unido com 10 mil voluntários, dois terços dele relataram que o trabalho voluntário fez com que se sentissem menos solitários – e isso foi especialmente importante para os que estavam na faixa etária entre 18 e 34 anos.