Durante o lançamento do programa Cuida Mais Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a primeira-dama Michelle Bolsonaro é, simbolicamente, a “mãe de todos os brasileiros”.
A solenidade na qual o ministro discursou empolgado ocorreu no Ministério da Saúde nesta quinta-feira (6). No evento, o governo prometeu R$ 194 milhões para a contratação de médicos pediatras, ginecologistas e obstetras, com foco na atenção primária em saúde materno-infantil.
Menos de 24h após ter anunciado as orientações para a liberação da vacina pediátrica contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos, o ministro veio com toda a carga para demonstrar que continua alinhado com o presidente da República Jair Bolsonaro (PL), embora tenha recuado e desistido da exigência de prescrição médica para imunizar o público infantil.
Primeiro, o ministro citou a morte de uma mulher grávida, aos 35 anos, que ocorreu em maio do ano passado. A causa da morte foi associada a um efeito adverso da vacina contra o coronavírus da farmacêutica AstraZeneca.
“Um dos momentos mais difíceis foi quando perdemos uma gestante em função de um efeito adverso de vacinas. Embora as vacinas sejam extraordinárias, eventos adversos podem acontecer. E era na véspera do dia das mães”, lembrou o ministro.
Queiroga afirmou que comunicou primeiro Michelle Bolsonaro sobre o ocorrido. “E eu comuniquei a uma primeira pessoa, à nossa primeira-dama, a dona Michelle Bolsonaro", disse.
E continuou: "E, como primeira-dama e também mãe, ela é, simbolicamente, a mãe de todos os brasileiros. E ela me pediu: ministro, cuide das nossas mães e das nossas crianças. E é isto que estamos fazendo aqui hoje, fazendo história e deixando um legado para as futuras gerações do país”.
A morte da gestante comoveu e mobilizou as autoridades públicas naquela época. De imediato, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou a suspensão da aplicação de vacinas em grávidas e puérperas.
Somente em julho o órgão voltou a recomendar a imunização de gestantes sem doenças preexistentes. Desde então, há a liberação de duas das quatro vacinas disponíveis no Brasil, Pfizer e Coronavac, para as grávidas.
Por outro lado, a mesma postura não tem sido adotada pelo governo Bolsonaro com relação à proteção para crianças, que tem sido vitimadas pelo vírus.
Em duas ocasiões, tanto o presidente quanto o ministro da Saúde insinuaram que as mortes de crianças causadas pela Covid-19 não atingiram um patamar que justifique medidas emergenciais.
Durante a audiência pública convocada pelo Ministério da Saúde na terça-feira (4), o secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Arnaldo Medeiros, apresentou que desde o início da pandemia de coronavírus, já faleceram 311 crianças na faixa etária de 5 a 11 anos em decorrência da doença.
Ainda durante o evento desta quinta-feira, Queiroga também defendeu o conservadorismo do governo de Bolsonaro e negou a existência de corrupção na gestão.
“O que significa um governo conservador? Um governo que tem compromisso com a alocação apropriada dos recursos públicos. Não há, no governo do presidente Bolsonaro, qualquer dos seus ministros ou auxiliares diretos envolvidos com atos de corrupção. Governo conservador tem compromisso com a vida desde a sua concepção”, reforçou Queiroga.
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