? ANÁLISE – Celebrado em 15 de janeiro, o Dia Mundial do Compositor transcorre neste sábado sem motivo para comemoração neste ano de 2022. Assim como em anos anteriores. Na era da música ouvida em aplicativos, o compositor, além de continuar mal remunerado, raramente ganha o devido crédito pela própria criação.
Em geral, somente os intérpretes das músicas são creditados nos fonogramas disponibilizados em plataformas de streaming para os não-assinantes.
O descaso começa na divulgação da música. Poucos também são os textos enviados a jornalistas da área musical – releases, como esses textos são chamados no jargão jornalístico – que creditam os compositores das músicas divulgadas nos textos.
Não é raro que toda a equipe envolvida na produção de um clipe ganhe os respectivos (e também devidos) créditos. Menos o compositor. Uma injustiça, pois, ainda que parte das músicas ouvidas no mainstream do mercado fonográfico seja produzida em escala industrial em empresas abertas por compositores e produtores musicais, tudo começa com a inspiração de um compositor.
Sem o compositor, não há a canção que vai gerar disco, clipe, filme e/ou show. Sem o compositor, não há melodia, harmonia e letra. Não há música, enfim.
Quando a música era comercializada em LP ou CD, a mídia física ainda abrigava uma ficha técnica, mesmo que precária. Na volátil era digital, o apreço pela informação do fonograma se diluiu na mesma intensidade da disponibilidade do ouvinte para ouvir um álbum ou mesmo uma música até o fim.
Some-se a isso um direito autoral irrisório por execuções em streaming. Diante desse quadro, não há o que comemorar no Dia Mundial do Compositor. Há apenas o que reivindicar para que dias melhores venham para quem se dedica à arte de fazer música.