Representantes da Prefeitura se reuniram na noite de ontem, 13 de janeiro, com integrantes da Associação de Moradores do bairro Taquaral, segunda parte de uma reunião que começou no dia anterior. Foram discutidas medidas em defesa da população e sobre a infraestrutura do bairro, um dos mais afetados pelas chuvas intensas que atingiram a região.
O encontro de mais de duas horas teve a presença do prefeito com seu secretariado e do Corpo de Bombeiros, e tratou de sanar os questionamentos feitos pela comunidade. Foram apresentados planos de ação e evacuação de moradores em áreas com grande risco. Essas ações tiveram início na manhã de hoje, quando uma força tarefa formada por servidores da Defesa Civil e da Assistência Social percorreram todo o bairro, realizando o cadastro familiar que será base para todas as intervenções.
Os representantes da Prefeitura apresentaram dados sobre valores destinados à proteção de encostas, obras e aluguéis sociais. O prefeito Angelo Oswaldo destacou que, no momento, está disponível o valor de R$ 9 milhões, dos quais dos quais R$ 2 milhões vieram de repasse obtido com a mineradora Vale. Além dessa quantia inicial, a Prefeitura está realizando gestões para reaver aproximadamente R$ 35 milhões, retidos na Caixa Econômica Federal desde 2012, liberados ainda no governo Dilma Rousseff. Esse montante vai custear intervenções geotécnicas importantes nas encostas de Ouro Preto, mas sua liberação depende da aprovação da Caixa e do governo do estado.
Foi comunicada, ainda, parceria entre Prefeitura e o Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) que libera instalações no campus do Instituto para abrigar os desalojados. A parceria dará às famílias mais conforto e privacidade, além de maior distanciamento social, já que cada núcleo familiar ficará em uma sala de aula separada
O prefeito Angelo Oswaldo falou sobre a situação do bairro e sobre iniciativas já adotadas pelo poder público. "O Taquaral tem sofrido muito com as violentas chuvas de 2021 e 2022. É uma área que apresentou muita instabilidade do terreno, afetando casas e preocupando os moradores. Muitos já foram levados para alojamentos. Precisamos, agora, construir uma solução definitiva. Não adianta paliativo, temos que fazer intervenções imediatas no bairro, para drenagem, contenção e reorganização do espaço urbano, dando encaminhamento correto às pessoas que não poderão retornar para suas casas. Isso estará dentro do programa habitacional da Prefeitura, no qual o Taquaral se torna prioridade".
Estefane Malaquias, presidente da Associação de Moradores do Taquaral, destacou as reivindicações. "No início, viemos pedir melhorias para o bairro, como desapropriação de lotes, mas, com as últimas chuvas, mudamos todo o nosso planejamento. Vimos que a comunidade e a Prefeitura vão conseguir construir um elo muito grande, e agora aguardamos a Secretaria de Obras, junto com o prefeito, para iniciar as medidas, principalmente de desvio das águas pluviais vindas do Morro Santana e da Piedade, que agravaram a situação do bairro, causando essas tragédias, como a queda de casas".
O secretário de Obras, Antônio Simões, abordou questões como a captação de água em outros bairros com reflexos negativos para o Taquaral. "Vamos rodar todo o bairro, com os moradores, para analisar os pontos mais críticos e fazer intervenções de emergência, diminuindo os danos que vêm sendo causados".
O comandante do Corpo de Bombeiros, Tenente Torres, alertou e fez um apelo para os moradores do Taquaral: "Fizemos uma averiguação em todo o bairro e percebemos que o talude está descendo. Nesta minha caminhada pelo bairro, vi algumas pessoas desrespeitando a sinalização da prefeitura que impede a passagem. Nesse momento, precisamos preservar as vidas, não queremos ter outra situação como a do bairro Santa Cruz, onde infelizmente resgatamos o corpo do senhor Geraldo. Sabemos a importância de uma casa para as pessoas, porém, no momento, vamos pensar no nosso bem mais precioso, a vida".