A reportagem apurou que o Ministério da Saúde considera que cerca de 10 mortes no Brasil estão associadas à vacinação, num universo de 325,71 milhões de vacinas aplicadas O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta segunda-feira (17) que há 4 mil óbitos comprovadamente relacionados à vacinação contra a covid-19, dado errado e que se choca com informações oficiais da própria pasta.Em boletim epidemiológico publicado em outubro de 2021, com dados compilados até aquele mês, a Saúde apontava uma morte "tendo como relação causal com as vacinas".Questionado pela reportagem, o ministro repetiu o erro e disse que há 3.935 óbitos. Mais tarde, cobrado novamente sobre o dado, reconheceu que a informação estava errada e disse que são casos em investigação.O ministro não quis compartilhar o dado mais atual consolidado do Ministério da Saúde sobre investigação de reações adversas das vacinas da contra a covid.Procurada, a assessoria da Saúde não se manifestou.A reportagem apurou que o Ministério da Saúde considera que cerca de 10 mortes no Brasil estão associadas à vacinação, num universo de 325,71 milhões de vacinas aplicadas. Receberam pelo menos a primeira dose 159 milhões de pessoas, segundo dados oficiais do governo federal.A covid matou mais de 620 mil no Brasil desde o começo da pandemia.Queiroga citou o dado errado em programa da Jovem Pan, quando questionado por uma comentarista da emissora sobre o sofrimento de "inúmeras famílias vítimas dos efeitos adversos das vacinas". Os entrevistadores fizeram perguntas a Queiroga em tom favorável ao governo Jair Bolsonaro (PL) e com dados distorcidos sobre a crise sanitária."Temos na Secretaria de Vigilância em Saúde registrado 1,7 óbito por cada 100 mil doses aplicadas. Isso perfaz cerca 4 mil óbitos onde há comprovação de relação causal com a aplicação da vacina", disse o ministro."Sempre que se adota estratégia dessa, de vacinação em massa, tem de se pesar riscos e benefícios", disse o ministro, que ainda citou que no auge da pandemia cerca de 4 mil morreram por dia.O ministro da Saúde também disse à Jovem Pan que são "absolutamente não procedentes" as especulações de que deixará o governo para se candidatar em 2022. "Meu compromisso com o presidente Bolsonaro é no enfrentamento da pandemia da covid-19", afirmou.A fala errada de Queiroga sobre as mortes relacionadas à vacinação alimentou discursos antivacina nas redes sociais. Até as 22h20 desta segunda ele não informou nas redes sociais ou por canais oficiais da Saúde que o dado está errado.À Jovem Pan, o ministro ainda afirmou que a pandemia está sob controle e que a variante ômicron ainda não pressiona o sistema de saúde como em momentos anteriores.Queiroga tem feito agrados a Bolsonaro, um vetor de desinformação sobre as vacinas, para se agarrar ao cargo no governo.O ministro assumiu a pasta em março de 2021, defendendo uso de máscaras e de outras medidas de combate à covid, mas modulou o discurso. No fim de 2021 participou de eventos no Palácio do Planalto sem o equipamento de proteção.Ainda tem repetido falas do mandatário. "Essa questão da vacinação tem dado certo porque respeitamos as liberdades individuais. O presidente falou há pouco: às vezes é melhor perder a vida do que perder a liberdade", disse o ministro em dezembro.No último dia 14, Queiroga acusou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de "fazer palanque" com o início da vacinação infantil contra a covid-19 no país.O governador, que é pré-candidato ao Palácio do Planalto, esteve ao lado do menino indígena Davi Seremramiwe Xavante, de 8 anos, a primeira criança vacinada contra o coronavírus no Brasil."O político João Doria subestima a população. Está com as vacinas do governo do Brasil e do povo brasileiro em mãos fazendo palanque. Acha que isso vai tirá-lo dos 3% [de intenção de voto]. Desista! Seu marketing não vai mudar a face da sua gestão. Os paulistas merecem alguém melhor", escreveu Queiroga no Twitter.Bolsonaro se opõe à vacinação de crianças. Além de questionar a eficácia de vacinas, ele garante que sua filha menor de idade não se imunizará.
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