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Fiocruz detecta piora em quadro de leitos de UTI para covid-19 em meio a aumento de casos

Por Redação

20/01/2022 às 09:53:36 - Atualizado há

Em seu boletim, Fundação aponta que entre 2 a 15 de janeiro, houve alta importante do número de casos, com média de 49 mil por dia, seis vezes superior ao observado no início de dezembro de 2021 A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) detectou piora no quadro de leitos de UTI para pacientes adultos com covid-19, em meio à disparada no número de casos da doença, no começo do ano. A análise consta do novo Boletim Observatório Covid-19 Fiocruz, anunciado na quarta-feira (19). O aumento no número de casos no país coincide com a chegada, ao país, da variante ômicron da doença, originada do continente africano e mais transmissível.

No boletim, que abrange período de 2 a 15 de janeiro, a Fiocruz alerta que, nessas duas semanas, houve aumento importante do número de casos de covid-19, com média de 49 mil por dia. Isso é seis vezes superior ao observado no início de dezembro de 2021. A fundação destacou que, graças à vacinação contra a doença, que mostrou ritmo mais ágil a partir de meados do ano passado e completou um ano esse mês, o aumento de óbitos por covid-19 não acompanhou a ampliação de casos pelo país, no período.

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Entretanto, os pesquisadores alertam que, nessas duas semanas, a situação de leitos de UTI para pacientes com a doença piorou. Quatro Estados encontram-se na zona de alerta crítico, ou seja, com taxa de ocupação de UTI acima de 80% para pacientes com a doença. É o caso de Pernambuco (86%), Espírito Santo (80%), Mato Grosso (84%) e Goiás (81%). Onze unidades encontram-se na zona de alerta intermediário, ou seja, com taxa de ocupação de leitos de UTI entre 60% a 80%. É o caso de Amazonas (77%), Roraima (60%), Pará (63%), Tocantins (76%), Maranhão (60%), Piauí (67%), Ceará (71%), Rio Grande do Norte (65%), Bahia (66%), Mato Grosso do Sul (65%) e Distrito Federal (74%).

Em contrapartida, 11 Estados permanecem fora da zona de alerta, com taxas de ocupação abaixo de 60%, como é o caso de Rondônia (54%), Acre (25%), Amapá (45%), Paraíba (24%), Alagoas (49%), Sergipe (21%), Minas Gerais (24%), São Paulo (49%), Paraná (56%), Santa Catarina (39%) e Rio Grande do Sul (49%).

Ainda sobre ocupação de leitos de UTI para covid-19, entre as capitais com taxas divulgadas, estão em zona de alerta crítico, com taxa de ocupação acima de 80%, Fortaleza (85%), Recife (80%), Belo Horizonte (88%), Rio de Janeiro (95%) e Cuiabá (100%). Estão em zona de alerta intermediário, com taxas de ocupação entre 60% e 80%, Porto Velho (66%), Manaus (77%), Boa Vista (60%), Palmas (69%), São Luís (68%), Teresina (66%), Salvador (65%), Vitória (78%), Curitiba (61%), Campo Grande (77%), Goiânia (77%) e Brasília (74%) estão na zona de alerta intermediário, acrescentaram os pesquisadores, no boletim.

Além disso, o quadro de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) no Brasil, analisado com dados até 15 de janeiro desse ano, preocupa, alertam os pesquisadores. Essa síndrome é também acompanhada pela fundação, por ser considerada na maioria dos casos como uma subnotificação de covid-19. A fundação alerta que foi observado total de 13 mil casos no período compreendido pelas duas últimas semanas de 2021 e a primeira de 2022. Nas três últimas semanas de novembro, esse total era de 5,6 mil casos de SRAG. Com o aumento, a taxa de incidência pela média móvel excede 5 casos por 100 mil habitantes. De maneira geral, todos os Estados as taxas de SRAG são consideradas altas, pois as estimativas excedem 1 caso por 100 mil habitantes, pontuaram os técnicos.

Os pesquisadores da Fiocruz, no boletim, recomendam que, nas próximas semanas, pode haver necessidade de acionamento, por gestores, dos planos de contingência relacionados à pandemia - envolvendo reabertura de leitos, para pacientes com a doença; e adequação do quantitativo de equipes de saúde.

Essa foi a primeira edição do ano do boletim, normalmente veiculado semanalmente com panorama da evolução da doença, no país – mas cuja periodicidade foi abalada pelo chamado “apagão de dados” do Ministério da Saúde, em dezembro de 2021. Na ocasião, um ataque hacker à base de dados da pasta causou problemas de acesso às informações oficiais sobre avanço da doença no Brasil.

A Fiocruz alerta que, embora sistemas de informática do Ministério da Saúde tenham sido reestabelecidos, ainda estão inconsistentes, "como provável fruto das dificuldades de consolidação das bases de dados no período de indisponibilidade dos sistemas de informação", de acordo com entendimento dos especialistas. Para os pesquisadores da fundação responsáveis pelo boletim, a instabilidade dos dados disponíveis de casos leves, óbitos e cobertura vacinal ainda causa preocupação, frisou a fundação, em comunicado sobre o boletim.

Leonardo Oliveira/FioCruz

Fonte: VALOR
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