O Ministério da Saúde pediu a compra de 10 milhões de doses da vacina Coronavac ao Instituto Butantan para imunizar crianças contra a Covid-19. O laboratório paulista garantiu ter o volume disponível para entrega nos próximos dias e deve responder ao pedido do governo federal na manhã de terça-feira (1º), segundo fontes que acompanham as negociações.
O ministério incluiu no dia 21 de janeiro a Coronavac na campanha de vacinação contra a Covid-19 de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. O governo federal estimava, nesta data, que havia cerca de 9 milhões de doses disponíveis desta vacina prontas para a aplicação.
Do total, 3 milhões estavam nos estoques dos estados, enquanto o ministério guardava outros 6 milhões de unidades, segundo a pasta.
Em nota técnica publicada na semana passada, a pasta informou já ter enviado 733.720 doses da Coronavac aos estados que estavam sem vacinas disponíveis ou com baixo estoque para o começo da campanha de imunização do público infantil com a Coronavac.
A Saúde aguardava resposta dos estados para saber se iria precisar comprar doses da Coronavac e qual o quantitativo necessário para a vacinação de crianças.
O imunizante deve ser usado em crianças que não sejam imunocomprometidas e tenham mais de 6 anos, segundo as recomendações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O ministério firmou contratos em 2021 com o Butantan para compra de 100 milhões de doses da Coronavac por cerca de US$ 10 cada vacina. O instituto, agora, oferece o imunizante por cerca de US$ 7, segundo autoridades que acompanham as negociações.
A vacinação das crianças no Brasil começou no dia 14 de janeiro. O menino indígena Davi Seremramiwe Xavante, 8, foi o primeiro imunizado, com doses pediátricas da Pfizer.
Não há diferença entre a vacina da Coronavac que será aplicada nas crianças e aquela já usada nos adultos.
No caso do imunizante da Pfizer, a dose pediátrica tem tampa laranja, enquanto aquelas destinadas aos maiores de 12 anos são roxas. Além disso, o imunizante dos mais jovens tem dosagem menor.
A vacinação de crianças e adolescentes é tema sensível no governo Jair Bolsonaro (PL), pois o mandatário distorce dados e desestimula a imunização dos mais jovens. Ele chegou a ameaçar expor nomes de servidores da Anvisa que aprovaram o uso de vacinas da Pfizer em crianças.
Em nota divulgada no dia 8 de janeiro, o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, rebateu insinuações de supostos interesses escusos da Anvisa na vacinação de crianças e cobrou retratação do presidente.
O uso da Coronavac no Brasil também se tornou tema de disputa entre Bolsonaro e o governador paulista João Doria (PSDB).
O presidente chegou a mandar cancelar a compra de 60 milhões de doses desta vacina e chamou o imunizante de "vacina chinesa do Doria".
Como mostrou a Folha, o Ministério da Saúde pediu apuração da PGR (Procuradoria-Geral da República), do Ministério da Justiça e da CGU (Controladoria-Geral da União) sobre o preço da vacina Coronavac.
A pasta apontou que o consórcio Covax Facility vendeu a mesma vacina por um valor menor, enquanto o Butantan afirmou não ser possível comparar as ofertas.
O TEMPO