Entre as preocupações para o resultado de 2022, aparecem desaceleração da economia, nova variante do coronavírus e incertezas decorrentes do processo eleitoral Diante do Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) de janeiro, que atingiu o menor nível desde agosto de 2020, Rodolpho Tobler, responsável pelo índice na Fundação Getulio Vargas (FGV), não acredita em grandes mudanças nos próximos meses. Na avaliação do especialista, a medição deve oscilar nesse patamar, influenciada pela economia mais fraca, que, junto com a variante ômicron do coronavírus, pesou no resultado do primeiro mês de 2022. “A gente tem observado que o mercado de trabalho e o indicador antecedente devem continuar oscilando neste patamar em que se encontram, com uma recuperação um pouco mais tímida e bem mais lenta que em 2021, e talvez com uma oscilação de um mês para outro, com alguma queda”, afirma o economista. O índice teve a terceira queda seguida em janeiro e atingiu 76,5 pontos – 5,3 a menos que em dezembro e uma diferença de 6,5%. Em dezembro, estava em 81,8 pontos. Com isso, retornou ao menor nível desde agosto de 2020 (74,8) e também ficou abaixo do registrado em março de 2021 (77,1), quando o país foi atingido pela segunda onda da pandemia.Incertezas em relação a 2022: também pesaram as avaliações para o setor de serviços, tanto da situação atual, quanto da futuraJosé Cruz/Agência Brasil “O indicador já vinha desacelerando, mas essa queda foi mais intensa porque soma o efeito da desaceleração econômica com a ômicron. A economia anda em ritmo muito lento, tivemos adiamento do carnaval em cidades, como Rio e São Paulo... Isso adiciona incerteza ao cenário e o empresário coloca o pé no freio nas contratações”, aponta. Entre as preocupações para o resultado de 2022, aparecem a desaceleração da economia, a nova variante do coronavírus e também as incertezas decorrentes das eleições. Tobler ressalta que a desaceleração econômica já vinha influenciando o indicador no fim do ano passado, mas que a ômicron e seu impacto sobre a confiança do empresariado ajudou a derrubar o desempenho do indicador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). “É difícil imaginar que o indicador volte à tendência positiva ao longo de 2021, especialmente no segundo e no terceiro trimestre. A desaceleração da economia vai continuar, a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) fica entre zero e 1% na maioria das casas, não é um crescimento forte. E a atividade é o principal motor do mercado de trabalho. Além disso, é um ano de muitas incertezas. 2022 começa com nova incerteza da pandemia, embora ainda menor que em 2020 e em 2021, e temos as eleições. É um ano de muitos desafios”, explica. No resultado de janeiro, todos os componentes do Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) do FGV Ibre tiveram queda. A maior influência veio do indicador de situação atual dos negócios da indústria, que contribuiu com -1,6 ponto na variação do indicador. Também pesaram as avaliações para o setor de serviços, tanto da situação atual (0,2 pontos a menos) como da futura, e quanto pela tendência dos negócios nos próximos seis meses (1 ponto a menos). “O surto de ômicron e influenza afeta principalmente o setor de serviços, que é o maior empregador”, diz Tobler.
VALOR