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Separatistas pró-Rússia declaram mobilização militar total

Por Redação

19/02/2022 às 17:12:57 - Atualizado há

Ucrânia anuncia morte de dois soldados Um dia depois de ordenar a retirada de mulheres e crianças para a Rússia, líderes separatistas apoiados pela Rússia no Leste da Ucrânia convocaram uma mobilização militar total, citando suposta ameaça de um ataque iminente de forças ucranianas, informa O Globo, segundo agências de notícias. Kiev nega a acusação.

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Denis Pushilin, chefe da autoproclamada República Popular de Donetsk (RPD), disse que assinou o decreto da mobilização, convocando homens "capazes de empunhar uma arma" a se dirigir a quartéis militares. Leonid Pasechnik, chefe da República Popular de Luhansk (RPL), assinou decreto similar posteriormente.

Em paralelo, o Exército de Kiev anunciou que dois soldados morreram e quatro ficaram feridos em ataques dos separatistas neste sábado, afirmando que as forças rebeldes estavam posicionando artilharia em áreas residenciais para tentar gerar uma resposta. Também relatou 70 incidentes armados na manhã deste sábado, depois de 66 nas 24 horas anteriores.

Segundo o Exército ucraniano, os separatistas abriram fogo em mais de 30 assentamentos ao longo do front usando artilharia pesada, que tinham sido proibidas por acordos, na tentativa de distender o conflito de oito anos na região. No Telegram, oficiais separatistas acusaram a Ucrânia de atacar áreas sob o controle deles, afirmando que têm de responder à altura.

Também neste sábado, duas autoridades militares da Ucrânia foram alvo de um ataque enquanto vasculhavam o Leste ucraniano. As autoridades se esconderam em um abrigo antibombas antes de escapar da área, de acordo com um jornalista da Associated Press que acompanhava a visita.

Soldado ucraniano caminha na linha de frente em Popasna, na região de Luhansk, no leste da Ucrânia

Vadim Ghirda/AP

Além disso, a Rússia disse neste sábado que dois projéteis lançados da área no leste da Ucrânia controlada por Kiev chegaram a seu território, sem deixar feridos. O ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, descreveu a declaração como falsa.

Várias explosões foram ouvidas neste sábado no Norte da cidade de Donetsk, controlada pelos separatistas, enquanto mais pessoas embarcavam em ônibus para partir, disseram testemunhas à agência Reuters, segundo O Globo. As autoridades separatistas dizem ter planos de retirar cerca de 700 mil pessoas — neste sábado, agências russas relataram que 10 mil já chegaram à Rússia.

"É muito assustador. Peguei tudo que consegui carregar", disse Tatyana, de 30 anos, que entrava em um ônibus com a filha de quatro anos.

O conflito começou quando os separatistas pró-Moscou tomaram controle de parte do território na região em 2014, mesmo ano em que Moscou anexou a Península da Crimeia, depois que protestos causaram a queda de um presidente pró-Rússia. Segundo Kiev, mais de 14 mil pessoas morreram no conflito no Leste do país desde então.

Observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que monitoram o conflito desde 2014, anunciaram um "aumento drástico" nas violações do cessar-fogo. Os Acordos de Minsk, alcançados em 2014 para tentar reduzir o conflito no Leste da Ucrânia, não são cumpridos nem por Kiev nem por Moscou.

O aumento da tensão no Leste da Ucrânia ocorreu enquanto o presidente da Rússia, Vladimir Putin, supervisionou, neste sábado, exercícios militares de mísseis estratégicos com capacidade nuclear, em meio a alertas dos Estados Unidos de que os soldados russos concentrados na fronteira com a Ucrânia estão "prontos para atacar".

O Kremlin disse que a Rússia testou, de forma bem-sucedida, mísseis hipersônicos e de cruzeiro em alvos terrestres e marinhos. Putin observou as manobras ao lado do presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, afirmou que os exercícios com equipamentos com capacidade nuclear causavam preocupação enquanto as forças russas começavam a se aproximar da fronteira com seu ex-vizinho soviético.

"Quando se soma [à concentração de tropas] um exercício muito sofisticado com armas estratégicas nucleares, complica a situação no sentido de que pode haver um acidente ou um erro", disse em uma coletiva de imprensa durante visita à Lituânia, afirmando que a invasão da Ucrânia não era inevitável. "Esperamos que recuem da iminência do conflito."

Exercícios russos

Os exercícios deste sábado se seguem a uma série de manobras das Forças Armadas russas nos últimos quatro meses, que incluíram o posicionamento de soldados — estimados entre 150 mil e 190 mil — no Norte, Leste e Sul da Ucrânia.

A Rússia ordenou a concentração militar enquanto reivindica que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se comprometa a nunca permitir a entrada da Ucrânia na aliança, enquanto afirma que declarações de que planeja invadir a Ucrânia estão erradas e são perigosas.

Desde quarta-feira, Moscou vem anunciando o retorno às suas bases de tropas que já concluíram manobras militares na região, mas Washington e aliados afirmam que, na verdade, há um aumento no número de soldados russos na área.

Apesar da tensão, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky viajou para a Alemanha para participar da Conferência de Segurança de Munique, evento anual em que, neste sábado, os líderes ocidentais se uniram nos alertas de que Moscou pagará um alto preço político e econômico se lançar qualquer intervenção militar na Ucrânia.

Na sexta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse estar "convencido" de que Putin decidiu invadir a Ucrânia e que a multiplicação de incidentes no Leste ucraniano busca criar um pretexto para lançar um ataque nos próximos dias.

Mas, enquanto uma invasão não ocorrer, "a diplomacia é sempre uma possibilidade", disse Biden, anunciando uma reunião entre seu secretário de Estado, Antony Blinken, e o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, na próxima quinta-feira.

Fonte: VALOR
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