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Quando vale a pena sair das redes para preservar a saúde mental? Tico Santa Cruz e mais artistas acendem alerta

Por Redação

23/02/2022 às 08:08:34 - Atualizado há
Especialistas explicam impactos das redes sociais na vida dos famosos e anônimos. Saiba como evitar a ansiedade e como reconhecer sinais de que é hora de sair e buscar ajuda. Pabllo Vittar, Tico Santa Cruz, Marina Sena, Miley Cyrus e Alessia Cara: todos sofreram e tiveram que se afastar das redes sociais

Divulgação

Fugir do julgamento do público não é uma opção para Tico Santa Cruz, Marina Sena, Miley Cyrus, Pabllo Vittar e Doja Cat. Ele estarão, por exemplo, no palco gigante do festival Lollapalooza. Mas, longe dos shows, como encarar o tribunal das redes sociais? Quando vale a pena se afastar para preservar a saúde mental?

O último artista a disparar esse alerta foi o líder dos Detonautas. Após anunciar que saiu do Facebook e procurou ajuda médica, Tico Santa Cruz ainda foi alvo de chacota do Digão, dos Raimundos. No Lollapalooza, há diversos artistas que passaram pelo mesmo drama (veja lista mais abaixo).

O g1 mostra como eles sofrem com essas situações e conversa com especialistas para entender os impactos das redes e com lidar com elas, seja o usuário famoso ou anônimo:

Para os especialistas, os impactos na saúde mental dos famosos são próximos aos de uma pessoa comum.

As diferenças estão na escala e na velocidade. Todo mundo está suscetível a ser cancelado, ser alvo de ódio ou conseguir o reconhecimento, com os likes, visualizações e comentários.

No entanto, a repercussão envolvendo os artistas é muito maior. Além de estarem em suas próprias "bolhas", que afetam a noção da realidade, eles mesmos podem criá-las.

A dica geral é prestar atenção ao seu redor e aos seus próprios pensamentos, para perceber se as redes estão atrapalhando, e saber quando é melhor sair.

“O grande desafio é que buscar reconhecimento e passar muito tempo atrás do like é viciante", diz Rogério Panizzutti, diretor do Laboratório de Neurociência e Aprimoramento Cerebral da UFRJ.

Geradores de bolhas

Para Altay de Souza, pesquisador do departamento de Psicobiologia da Unifesp, as redes nos expõem a conteúdos de forma enviesada, a partir de como interagimos e dos interesses dos anunciantes. Esses vieses geram as bolhas, em que em um assunto pode ter relevância diferente para cada pessoa.

Tico Santa Cruz fala sobre redes sociais

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“Quando pensamos em um artista que passa muito tempo na rede social, existe ainda uma segunda camada: além de terem suas próprias bolhas, são também geradores de bolhas com os conteúdos que produzem, e são retroalimentados com o resultado de suas produções”, explica o especialista.

“Essa quantidade de feedback e informações, em médio e longo prazo, podem acabar com a autoimagem que o artista tem de si mesmo e, depois, atacar a autoeficácia, ou seja, quanto a uma pessoa se sente capaz de fazer algo”, diz.

Segundo ele, isso compromete a maior parte da saúde mental dos famosos. “Acontece com todo mundo, mas com o artista é mais rápido e mais intenso, por isso vemos eles, cada vez mais, pedindo férias das redes.”

Como saber se o uso está sendo prejudicial?

“O primeiro ponto é ver como as pessoas estão nos vendo”, diz Panizzutti. Prestar atenção a como o uso tem impactado o relacionamento com pessoas da família, dentro de casa, já é um alerta.

Miley Cyrus fala sobre redes sociais

g1

Para Souza, o principal indício comportamental é quando se percebe que aquilo que se faz na rede fica reverberando na cabeça fora dela - ou seja, o pensamento fica voltando durante o dia.

“O uso excessivo de rede social é isso: você fica o tempo inteiro pensando em determinadas coisas, que geralmente viu na rede social.”

De acordo com ele, essa é uma forma de a rede manter o controle sobre o usuário, porque mesmo não estando navegando, ele está pensando nela, com mais vontade de interagir.

Like é como jogo de azar

“A questão do like é viciante. A sensação de recompensa libera dopamina [neurotransmissor ligado à sensação de prazer] assim como em um jogo de azar, dá a sensação de prazer e que leva a querer repetir, mesmo sabendo que não está sendo positivo”, afirma Panizzutti.

“Ficamos refém dessas recompensas, mesmo elas não sendo tão grandes”, diz Souza

Marina Sena fala sobre redes sociais

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Os especialistas indicam meios para tentar amenizar esses impactos e balancear o uso das plataformas. “O primeiro é tentar o autocontrole, como apagar os aplicativos do celular e só usar quando está no computador, por exemplo, ou separar períodos do dia para mexer”, diz Souza.

Panizzutti faz coro: controlar o tempo dentro da plataforma e buscar outras atividades. “Tire um tempo para sair, praticar esporte, fazer uma aula de dança. O importante é encontrar uma ocupação que substitua a rede.”

Sair das redes sociais, pelo menos por um período, pode ajudar, mas não resolve o problema. “Parar de usar por um período, não significa ficar imune a ela quando retornar”, afirma Panizzutti. “É só uma contenção de danos”, diz Souza.

Equilibrar o tempo dentro da plataforma, conseguir dar menos importância às recompensas e as informações que os aplicativos geram e procurar outras atividades saudáveis podem ser mais eficazes para lidar com as redes.

“Existe um padrão saudável de uso dessas plataformas, que infelizmente não é divulgado, e isso precisa partir dos indivíduos, já que ainda não temos uma regulamentação concreta sobre isso”, afirma Souza.

Pabllo Vittar fala sobre redes sociais

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Artistas do Lolla e o uso das redes

Tico Santa Cruz: Ele disse que saiu do Facebook e do Twitter por sofrer ataques de ódio e, por isso, estar sofrendo com problemas se saúde mental. "Procurei um médico - como todos devemos fazer - e estou em processo terapêutico". Tico disse que seguiria só postando conteúdos "leves" no Instagram.

"Não me surpreende em nada a quantidade imensurável de ataques, crueldade, incentivo à suicídio e crimes cometidos por pessoas que se dizem "cidadãos de bem" - nada justifica esse comportamento doentio. A nossa sociedade esta apodrecendo - as redes sociais ajudam muito intensificando o comportamento de manada", Tico escreveu.

Miley Cyrus: A artista já saiu do Twitter em 2009 e, para marcar o movimento, gravou um vídeo, "Goodbye Twitter”, daqueles mais caseiros, para cantar as razões de ter desistido da plataforma. Ainda que tenha perfis nas redes, ela mantém críticas ferrenhas aos aplicativos.

Em uma entrevista ao programa de TV australiano "Sunday Night", em 2014, a cantora declarou que as plataformas são mais perigosas do que as drogas. “Sabe o que machuca seu cérebro? Procurar seu nome no Google. Sabe o que machuca seu cérebro? Instagram. Sabe o que machuca seu cérebro? Ler comentários no Facebook. Sabe o que machuca seu cérebro? Ler “US Weekly” (conhecida revista sobre famosos)”.

Alessia Cara: A artista anunciou seu afastamento do Twitter e do Instagram logo depois de ganhar seu primeiro Grammy, de artista revelação, em 2018. Na mensagem em que anunciou sua saída das redes, ela publicou prints de críticas e obscenidades que os usuários do Twitter endereçaram a ela.

A moça já havia tecido críticas às plataformas em uma entrevista ao "The Guardian", em que declarou que recebia muitos elogios, mas quando chegava uma crítica, ela não parava de pensar nela. “Mídia social é como uma realidade falsa, e é difícil bloquear as coisas. É só barulho, e é assim que a você deve olhar para elas.”

Alessia Cara fala sobre redes sociais

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Doja Cat: É comum ver Doja Cat discutindo com seus fãs e "haters" nas redes sociais. No ano passado, ela decidiu dar um tempo no TikTok depois de, segundo ela, ter sofrido bullying na rede. Também se afastou por alguns dias do Twitter depois de lançar uma série de desabafos, que deixaram os fãs bem preocupados.

Pabllo Vitar: A cantora não chegou a sair totalmente das redes, mas já disse que tira períodos para ficar longe das plataformas. Em um vídeo publicado há dois anos, ela comentou que achava estes aplicativos prejudiciais e por isso, se permitia se dedicar a outras atividades, como assistir séries. “Gente, rede social é uma coisa tóxica, se você fica todo o dia, o tempo inteiro, toda hora, você vai ficar louca. Acho que se todo mundo fizesse isso, não tinha tanta briga na internet.”

Machine Gun Kelly: No fim de 2020, depois de deixar as redes por um tempo, Machine Gun Kelly retornou ao Instagram para explicar sua ausência. Segundo o artista, que abriu o jogo sobre fazer tratamento psicológico por causa do uso de drogas, ele precisou ficar esse tempo afastado das plataformas porque passava por uns meses bem complicados. Uma de suas postagens no Twitter diz apenas “Minha ansiedade está me comendo vivo.”

Matuê: No início de 2020, o músico não estava lá tão ativo nas redes. A partir de setembro daquele ano, o rapper ao Twitter mas avisando que a relação poderia ser diferente. “Vou continuar separado das redes, uma hora vocês vão perceber que todo mundo se perdeu nessa porra e que não vai ser tão simples voltar atrás. Aguardem a minha presença só nos lançamentos mesmo".

Marina Sena: Depois do sucesso de "Por Supuesto", Marina Sena recebeu uma avalanche de haters, principalmente depois de ter vencido duas categorias no Prêmio Multishow. “A experiência tem se tornado insuportável, porque o que estão fazendo não é apenas dando suas opiniões, o que estão fazendo é bullying e isso é muito sério”, comentou a moça pelo Twitter.

“Mas eu não posso achar normal isso, nem ninguém deveria, isso mostra a decadência em que se encontra a sociedade, e quantos artistas incríveis a gente deve perder por maldade.”

Lollapalooza Brasil 2022: confira o line-up com as principais atrações do festival
Fonte: G1
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