Juninho, de Cataguases, foi com esposa e filho, ao lado de Guilherme Smith, de Juiz de Fora, e Cristian Fagundes do RS. Eles retornaram para Lviv, onde foram encaminhados pela embaixada para um hotel. 'Situação difícil', diz jogador de futebol brasileiro que foi impedido de atravessar a fronteira da Ucrânia com a Polônia
Os jogadores Guilherme Smith, natural de Juiz de Fora (MG), e Leovigildo Junior Reis Rodrigues, conhecido como Juninho, de Cataguases (MG), ambas cidades na Zona da Mata mineira, foram impedidos de atravessar a fronteira da Ucrânia com a Polônia. Com eles, estão o também atleta, Cristian Fagundes, além da esposa e filho de Juninho, Vitória e Benjamin.
Conforme noticiado pelo g1 na sexta-feira (25), os jogadores saíram de Zaporizhzhya, onde moravam, rumo a Lviv, maior município do oeste ucraniano, de trem. De lá, eles seguiram a pé por aproximadamente 60 km, mas foram barrados ainda a 4 km de chegarem à fronteira pela polícia; os jogadores alegaram truculência e foram impedidos de passar.
"Situação muito delicada agora que nós estamos vivendo. A gente tava muito perto da fronteira, 4 km, e, de repente, barram a gente. Tá uma multidão de pessoas aqui, muito cheio, e as pessoas do nada se revoltam umas com as outras e começam a brigar, coisa que não desejo pra ninguém", relatou.
Guilherme Smith relata dificuldade para atravessar fronteira com a Polônia
Reprodução/Instagram
O grupo passou a noite na rua e precisou fazer uma fogueira para que pudessem ficar aquecidos.
Brasileiros passam a noite na rua ao tentar sair da Ucrânia e fazem fogueira para se aquecerem
Reprodução/Instagram
Ao amanhecer, o grupo conseguiu pegar um ônibus e retornar para Lviv, onde foram instalados em um hotel com auxílio da Embaixada do Brasil na Ucrânia. Ainda não há informações sobre como eles vão conseguir deixar o país.
Trajeto percorrido de trem pelo grupo entre Zaporizhzhya e Lviv
Google Maps/Reprodução
Rumo à Polônia
Brasileiros seguem de Lviv, na Ucrânia, até Medyka na Polônia
Google Maps/Reprodução
Segundo o pai do jogador juiz-forano, Luiz Cláudio, desde sexta-feira (25) ele está em contato, pela internet, com Camila Kopec, brasileira que mora na Polônia com a família e ofereceu ajuda para receber os jogadores.
"Apareceu na internet essa anja brasileira que nos procurou e eu passei o contato dela para o Guilherme. Ela se prontificou a ajudar, ofereceu a casa da família e toda a ajudar para eles. Estamos no aguardo aqui, torcendo para dar tudo certo e a gente poder respirar melhor", afirmou o pai do jogador.
Camila faz parte de uma força-tarefa composta por brasileiros que moram na Polônia e se uniram para receber os jogadores e outros brasileiros que precisam de ajuda para cruzar a fronteira entre os países.
Mulher que tenta atravessar fronteira da Ucrânia rumo à Polônia relata dificuldades
Reprodução/Redes Sociais
Ao g1, Camila Kopec informou que um grupo de brasileiros estava disposto a encontrar os jogadores na estrada, mas foram barrados e só conseguirão dar qualquer suporte após o grupo cruzar a fronteira.
"A guarda da fronteira informou que somente familiares podem fazer o trajeto em carros particulares. A fronteira esteve fechada por cerca de 2 horas para troca de turno, mas já voltou a funcionar. Tem um engarrafamento muito grande para passar no controle de fronteira, mas mesmo pessoas sem um passaporte estão podendo entrar. Vamos orar para dar tudo certo", contou.
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Entenda o caso
Saída de Zaporizhzhya
Jogador Guilherme Smith em trem para tentar sair da Ucrânia
Reprodução/Redes Sociais
O pai do jogador Guilherme Smith, natural de Juiz de Fora, informou ao g1 na sexta-feira que o filho e os jogadores Leovigildo Junior Reis Rodrigues, conhecido como Juninho, de Cataguases e Cristian, de Pelotas (RS) conseguiram pegar um trem para sair da Ucrânia, que sofre uma invasão russa desde quinta-feira (24).
Com ajuda de uma família local, os jogadores brasileiros do Zorya Luhansk viajaram de trem para o oeste da Ucrânia, rumo a Lviv, no Oeste do país, onde chegaram no início da manhã de sábado (26).
"A gente tem uma família de amigos que fizemos na Ucrânia e eles fugiram de trem rumo a Lviv. Eles vão tentar chegar na fronteira para sair de lá", explicou Luiz Cláudio de Carvalho, pai do jogador.
O jogador postou imagens dele no trem, rumo ao oeste da Ucrânia, nos stories com os dizeres:
“Orem por nós. Conseguimos pegar um trem a caminho de Lviv. Que dê tudo certo. Partiu, que Deus nos abençoe”
Jogador natural de Juiz de Fora que está na Ucrânia grava vídeo em trem a caminho de Iviv
Pai cobra autoridades brasileiras
De acordo com Luiz Cláudio, o Governo Federal não prestou nenhum apoio para a família no Brasil. A reportagem entrou em contato com o Ministério de Relações Exteriores, pediu um posicionamento e aguarda retorno.
"Ninguém mandou uma mensagem, ninguém procurou, ninguém fez nada. Eu só vi eles falando na televisão, mas com os familiares nenhum contato foi feito aqui no Brasil".
Na sexta-feira, o encarregado de negócios da embaixada da Ucrânia em Brasília (DF), Anatoliy Tkach, afirmou que espera uma reação mais forte do governo brasileiro sobre a invasão russa ao território ucraniano.
"Queremos que a reação seja mais forte", afirmou Tkach em uma entrevista à imprensa na embaixada. Ele é o principal representante da Ucrânia no Brasil.
Sobre a conduta da embaixada brasileira na Ucrânia, o pai de Guilherme Smith afirmou que"se não se mobilizarem para tirar as pessoas de lá, eles não irão conseguir sozinhos".
"A Embaixada do Brasil lá na Ucrânia estava orientando os brasileiros a irem para Kiev, por meios próprios. A capital está sendo bombardeada agora e eles mandam as pessoas para lá com meios próprios? Não tem água, não tem carro, não tem gasolina, não tem comida, fora o risco que eles correm o tempo inteiro na estrada", pontuou.
Recentemente, a Embaixada do Brasil na Ucrânia pediu que os brasileiros que puderem se desloquem por meios próprios para outros países ao oeste do país, "após se informarem sobre a situação de segurança local".
Aos brasileiros que vivem na região leste do país, "na margem esquerda do Rio Dnipro", e que não conseguirem viajar por meios próprios, a orientação é se deslocar para Kiev e contatar a embaixada pelo plantão consular +380 50 384 5484. O órgão pede que o número seja utilizado apenas em caso de necessidade extrema.
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Com ajuda de família local, jogadores brasileiros do Zorya viajam de trem para oeste da Ucrânia
Início da invasão
Os jogadores de futebol do Zorya Luhansk, Guilherme Smith e Leovigildo Junior Reis Rodrigues, conhecido como Juninho, são alguns dos brasileiros que estão na Ucrânia em meio à invasão russa que teve início na quinta-feira.
Ao lado dos companheiros de time, eles divulgaram vídeo: "estamos aqui passando por uma situação muito difícil e pedimos a ajuda de vocês", desabafou o juiz-forano. Os pais do atleta relataram ao g1 preocupação; veja depoimentos e vídeos abaixo.
Jogadores brasileiros que estão na Ucrânia em meio à invasão russa pedem ajuda
O vídeo também tem a participação do atleta Cristian, que mora em Pelotas (RS).
Atleta de Juiz de Fora
Guilherme Smith, de 18 anos, é natural de Juiz de Fora e atua como atacante do Zorya Luhansk. O jogador morava na cidade de Zaporizhya, na Ucrânia.
"Estamos aqui passando por uma situação muito difícil e pedimos a ajuda de vocês", desabafou o juiz-forano no início da invasão russa.
O pai do jogador, Luiz Cláudio de Carvalho, fez um apelo nas redes sociais e pediu o apoio das autoridades e de todos os brasileiros.
Pai de Guilherme Smith, jogador brasileiro que está na Ucrânia, pede ajuda à embaixada
"A gente consegue contato com ele em alguns momentos, ele tem tentando nos tranquilizar, mas a gente sabe por alguns outros amigos que ele também está em pânico lá. Não só ele, como também o Juninho, o Cristian, e a esposa do Juninho a Vitória com o filhinho de 4 anos. A gente precisa nesse momento do apoio de todos para que eles possam deixar o país. Nosso filho é um atleta e ele tem 18 anos, e a gente precisa fazer com que ele deixe o país [...] Que ele deixe o território ucraniano e a gente consiga receber ele aqui no Brasil. O momento é muito tenso lá. A cidade não foi atacada, mas o aeroporto sim, mas a gente sabe que nesse momento tudo pode acontecer", relatou o pai.
Sueli Carvalho, mãe do jogador, também apelou por uma ajuda e disse que não consegue dormir.
"Estou muito preocupada porque as notícias que estão chegando aqui no Brasil não são boas. Peço as autoridades que venham nos ajudar porque estou muito preocupada, não só com meu filho, mas com todos os brasileiros que estão lá precisando de ajuda, alguém que venha os tirar de lá. Eu não estou nem dormindo à noite preocupada com essa situação. Eu peço a Deus que tenha misericórdia e abençoe a todos".
Mãe de atleta juiz-forano que está na Ucrânia desabafa nas redes sociais
Atleta de Cataguases
O lateral-esquerdo do Zorya, Leovigildo Junior Reis Rodrigues, conhecido como Juninho, é de Cataguases e também está na Ucrânia. Ao lado da esposa, Vitória, e do filho de 4 anos, o jogador relatou que as fronteiras foram fechadas e que os aeroportos estão fechados.
"Pedimos a ajuda de vocês que compartilhe para que possa chegas nas autoridades brasileiras na embaixada da Ucrânia".
A esposa do jogador afirmou que eles estão sem notícias. "A informação que a gente tem é que a gente fique tranquilos, mas não tem como ficar tranquilo em uma situação dessa".
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