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Maestro Valery Gergiev, próximo ao Kremlin, foi demitido da Filarmônica de Munique na terça (1º). Orquestras e festivais se posicionam contra guerra na Ucrânia. Maestro russo Valery Gergiev se apresenta no palco com a Orquestra Filarmônica de Viena em setembro de 2020Georg Hochmuth/AFPAumenta a pressão sobre os artistas russos, após a invasão da Ucrânia, para que se distanciem do presidente Vladimir Putin, sob pena de serem declarados persona non grata nos palcos ocidentais.O mundo da música clássica foi novamente abalado nesta terça-feira (1º) pela decisão da direção da Filarmônica de Munique, na Alemanha, de demitir o maestro Valery Gergiev, próximo ao Kremlin, enquanto a soprano Anna Netrebko, em posição delicada, decidiu suspender seus concertos.TEMPO REAL: acompanhe a cobertura sobre a invasão da UcrâniaNa sexta-feira, o presidente da capital da Baviera, Dieter Reiter, deu a Gergiev até segunda-feira para "se distanciar de modo claro e categórico" da invasão russa à Ucrânia.Porém, o diretor de 68 anos, um dos mais requisitados do mundo, permaneceu em silêncio enquanto os ultimatos contra ele se intensificavam.Cantora soprano de ópera russa Anna Netrebko se apresenta na França, em fevereiro de 2020Christoph De Barry/AFPAlém de dirigir a Filarmônica de Munique, desde 2015 ele conciliava seu cargo, entre outros, com o de diretor-geral do prestigiado Teatro Mariinsky, em São Petersburgo, cidade natal do presidente russo.Sua proximidade com Putin, com quem se encontra desde 1992, e sua lealdade ao líder suscitaram várias controvérsias na última década, em especial por sua participação em concertos na Ossétia do Sul, que foi bombardeada, e em 2016 em Palmira, Síria, junto com as tropas do exército do regime de Bashar al Assad.OUTRAS RETALIAÇÕESDisney, Sony e Warner suspendem estreias de filmes na RússiaFestival de Cinema de Cannes vai barrar delegações russasNa segunda-feira (28), a Filarmônica de Paris e o prestigiado Festival de Lucerna, na Suíça, anunciaram o cancelamento de vários dos seus espetáculos já agendados, em "solidariedade" ao povo ucraniano.O Festival de Verbier, também suíço, e o escocês Festival de Edimburgo, maior evento de concertos ao vivo do mundo, exigiram e aceitaram a renúncia do maestro como diretor de suas orquestras.Na sexta-feira, o Carnegie Hall, de Nova York, já havia deixado o diretor russo de fora de uma série de apresentações. No domingo, seu agente artístico, o alemão Marcus Felsner, decidiu deixar de representá-lo.Outros artistas russos também ficaram em uma posição embaraçosa.Foto mostra prédio que pegou fogo após ataque russo em Kharkiv no dia 2 de março de 2022Serviço de Emergência da Ucrânia/AFPA Ópera do Estado Bávaro anunciou nesta terça-feira (1º) que, além de cancelar seus compromissos com Gergiev, também cancelou os da soprano russa Anna Netrebko, que iria se apresentar em julho.O embaixador ucraniano na Alemanha, Andrij Melnyk, havia pedido anteriormente no Twitter que os espectadores alemães boicotassem sua apresentação na quarta-feira na Filarmônica do Elba, em Hamburgo.Por fim, o concerto foi adiado para setembro de 2022. Nesta quarta-feira, o organizador River Concerts publicou um comunicado da artista de 50 anos em que anunciou que renuncia aos "concertos até segunda ordem".Netrebko é criticada por não ter se distanciado de Putin, embora tenha se declarado "contrária a esta guerra" na Ucrânia em sua conta no Instagram.LOLLAPALOOZA 2022: Veja programação completa do festivalVÍDEOS: Para entender conflitos entre Rússia e Ucrânia