Teste sanguíneo identifica se já há placas amiloides se acumulando no cérebro Num estudo realizado com indivíduos de três países (Austrália, Estados Unidos e Suécia), um exame de sangue, desenvolvido na faculdade de medicina da Washington University em St. Louis, se mostrou bastante eficaz para detectar sinais iniciais da Doença de Alzheimer. Publicada na revista científica “Neurology”, a pesquisa pode representar um divisor de águas na abordagem da enfermidade, como explica o médico e professor de neurologia Randall J. Bateman: “poderemos cortar drasticamente o tempo e o custo para identificar pacientes para testes clínicos e desenvolver novas opções de tratamento”.
Pesquisadores vêm há anos trabalhando em busca de uma forma barata e acessível para diagnosticar precocemente o Alzheimer, que afeta cerca de 50 milhões de pessoas no planeta. O teste desenvolvido por Bateman e seus colegas identifica se já há placas amiloides se acumulando no cérebro – um indicativo do início da doença – ao medir os níveis das proteínas beta-amiloides A?42 e A?40 no sangue. Se a variante genética APOE4, outro fator de risco, estiver presente, a acurácia do teste chega a 88% se comparada com exames de imagem; e de 93% em relação à punção para a coleta de líquido cefalorraquidiano. Trata-se de uma promissora alternativa aos caros exames disponíveis, como o PET-CT neurológico, a tomografia computadorizada por emissão de pósitrons. Uma versão comercial do teste está disponível nos EUA e na Europa.
O neurologista Randall Bateman inspeciona um espectrômetro de massa, aparelho capaz de identificar moléculas
Divulgação: Matt Miller
Um outro estudo mobilizou um time multidisciplinar de pesquisadores, na França e no Reino Unido, para criar uma lista dos fatores de risco que estão associados ao Alzheimer mais de uma década antes de a doença se instalar no organismo. O grupo analisou os registros médicos de quase 80 mil indivíduos, dos dois países, e identificou dez patologias que acometem com maior frequência pacientes que, num prazo de 15 anos, desenvolvem a enfermidade.
O trabalho foi publicado no “The Lancet Digital Health” e obedeceu ao seguinte roteiro: os pesquisadores analisaram os dados de 40 mil portadores de Alzheimer e de outras 40 mil pessoas que não tinham desenvolvido doenças neurodegenerativas durante o mesmo período. Utilizando modelos matemáticos, foram testadas possíveis associações entre o início do Alzheimer e 123 problemas de saúde. Os registros médicos levaram à elaboração de uma lista das dez condições de saúde mais comuns em pacientes que foram diagnosticados com a enfermidade numa janela de tempo de 15 anos.
Depressão foi a primeira da lista, seguida por ansiedade, exposição a estresse severo, perda de audição, constipação, espondiloartrose cervical, perda de memória, fadiga, quedas e perda de peso. Apesar de reconhecer que o trabalho ainda se limita a associações estatísticas, o pesquisador Thomas Nedelec afirmou que as investigações serão aprofundadas para se avaliar se os problemas encontrados são fatores de risco, sintomas ou alertas da doença.