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10 termos da Guerra Fria que voltaram a ser usados no conflito entre Rússia e Ucrânia

Por Redação

03/03/2022 às 15:24:14 - Atualizado há
Corrida armamentista, ogiva nuclear, superpotência, Cortina de Ferro: entenda o significado de expressões que retornaram ao noticiário. À medida que a invasão russa da Ucrânia avança, o governo do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky corre contra o tempo para encontrar uma maneira de financiar a defesa do país.

Getty Images/Via BBC

A guerra entre Ucrânia e Rússia completa 8 dias nesta quinta-feira (3) e traz à tona termos comumente ouvidos ao se estudar outro momento histórico importante: a Guerra Fria (1947-1989), um conflito entre Estados Unidos (regime capitalista) e União Soviética (socialista) após o fim da II Guerra Mundial.

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Ogivas nucleares, corrida armamentista, Cortina de Ferro, Pacto de Varsóvia e KGB, por exemplo, são expressões que retornaram ao noticiário mundial, aos discursos de presidentes e às explicações de comentaristas políticos.

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Abaixo, entenda por que, após mais de três décadas, o "glossário" de um embate está se repetindo:

1- Polarização

Embora o termo esteja sendo empregado no conflito atual, é preciso ter cautela na comparação entre as duas guerras.

“Na Guerra Fria, a polarização era entre uma liderança socioeconômica capitalista [EUA] e, do outro lado, uma soviética socialista”, explica Omar Fadil Bumirgh, coordenador de geografia do Curso Etapa (SP).

Atualmente, no contexto da guerra na Ucrânia, a oposição acontece entre um regime com maior presença do Estado (a Rússia, de Vladimir Putin) e uma democracia liberal clássica (Estados Unidos, de Joe Biden), segundo o professor.

“Hoje em dia, a Rússia é considerada capitalista, só que em um regime autocrata. Aquela política ideológica que foi a base da Guerra Fria [polarização entre capitalismo e socialismo] não existe mais.”

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante reunião em foto de 2020

Sputnik/Alexei Druzhinin/Kremlin via Reuters

2- Corrida armamentista/Equilíbrio do terror

O uso atual da expressão “corrida armamentista” é diferente do empregado na Guerra Fria.

No conflito do século XX, os EUA desenvolveram armas nucleares e obrigaram que a URSS também montasse seu arsenal.

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“É o chamado equilíbrio do terror. A partir do momento em que os dois tinham estrutura bélico-militar equivalente, sabiam que, se houvesse um embate entre eles, seria a terceira e última guerra”, afirma Bumirgh.

“Hoje, o sentido da expressão não é exatamente o mesmo. Como a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar] não pode enviar tropas diretamente para a Ucrânia, tenta mandar alguma estrutura militar. É mais uma transferência de estrutura armamentista, mas não exatamente uma corrida para ver quem mais avança no desenvolvimento de tecnologias militares. Ninguém está vendendo armas para a Ucrânia. Estão transferindo. São contextos diferentes.”

3- Ogiva nuclear

“Ogiva nuclear” é um termo técnico para representar o explosivo nuclear encapsulado dentro de um foguete, míssil ou projétil.

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“A quantidade de ogivas de um país representa sua capacidade de destruição”, afirma o professor do Curso Etapa.

Tanto na Guerra Fria quanto na guerra da Ucrânia, fala-se nisso como forma de comparar o poderio nuclear de cada nação.

Foto de maio de 2015 mostra ogiva nuclear desativada no Arizona, nos EUA

Brendan Smialowski/AFP

4- Superpotência

“Superpotência” era um termo comum na Guerra Fria, usado para representar a União Soviética (socialista) e os Estados Unidos (capitalista).

“Hoje, a Rússia é a grande herdeira do espólio político-militar da URSS; com isso, herda a expressão de "superpotência" também”, diz Bumirgh.

Ele ressalta que são poderes diferentes: enquanto os EUA montaram uma estrutura militar em todos os continentes, os russos só conseguem interferir na região próxima ao país. Apesar disso, são também capazes de afetar a geopolítica planetária.

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5- Otan

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) foi criada em 1949, no início da Guerra Fria, para frear o avanço do comunismo e garantir a segurança de seus membros, liderados pelos Estados Unidos.

Mesmo após o fim do conflito, ela continua existindo -- e é, inclusive, uma das principais causas da guerra na Ucrânia.

“Putin não aceita que ex-repúblicas soviéticas, especialmente Ucrânia e Geórgia, façam parte dessa aliança militar, porque, para a Rússia, isso seria uma ameaça à segurança do seu território", diz o professor.

6- Pacto de Varsóvia

O Pacto de Varsóvia era um bloco militar socialista liderado pela URSS na Guerra Fria e criado para se opor à Otan.

“Ele está sendo lembrado atualmente porque o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ainda vê as ex-repúblicas soviéticas como se fossem continuidade de seu território”, explica o professor Bumirgh.

7- Cortina de Ferro

Cortina de Ferro é a expressão usada por Winston Churchill, ex-primeiro-ministro britânico, ao fazer referência ao então bloco de países socialistas europeus. Não se "enxergava" o que acontecia dentro desse grupo (por isso, esse termo).

“Hoje, o uso de 'Cortina de Ferro' é indireto. É esticar um pouco o conceito, pensando que a política da Rússia em relação às ex-repúblicas soviéticas ainda é de controle.”

8- Guerra de propaganda

“Guerra de propaganda” é o embate de narrativas diferentes sobre um mesmo episódio.

“Na Guerra Fria, cada um (capitalistas e socialistas) defendia seu sistema como o ideal para os outros países seguirem", diz o docente de geografia.

Atualmente, há duas versões: uma defendida por Putin, outra pelo Ocidente.

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9- Armas de dissuasão

“Armas de dissuasão representam o poderio militar que alguém tem para fazer outros países seguirem sua doutrina geopolítica”, define Bumirgh.

Na II Guerra Mundial, antes da Guerra Fria, por exemplo, os Estados Unidos usaram seu arsenal nuclear para forçar a rendição do Japão.

Atualmente, no contexto da crise na Ucrânia, armas com alto poder de destruição e exércitos numerosos também são empregados para “persuadirem” uma nação a adotar determinado lado da história.

10- KGB

O termo “KGB”, que representa o antigo serviço de inteligência soviético, voltou a ser citado porque Putin foi membro da organização.

“Ele era um espião da KGB antes de chegar ao poder; isso está na formação geopolítica dele”, ressalta o professor.

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Fonte: G1
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