Novo diretor-geral da PF, Márcio Nunes Oliveira começou a mover peças em cargos estratégicos da instituição O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ingressou com pedido para que o Supremo Tribunal Federal (STF) impeça mudanças em funções comissionadas de duas diretorias da Polícia Federal (PF), no curso do inquérito 4831, que apura interferências do presidente Jair Bolsonaro (PL) no órgão. O parlamentar decidiu provocar o Supremo depois que o novo diretor-geral da PF, Márcio Nunes Oliveira, começou a promover mudanças em cargos estratégicos da instituição.
Uma das trocas feitas por ele foi na Diretoria de Combate ao Crime Organizado e à Corrupção (Dicor), considerada uma das áreas mais sensíveis da polícia. É a diretoria responsável por capitanear, por exemplo, os inquéritos que miram políticos com mandato, incluindo o presidente da República.
Novo diretor-geral da PF, Márcio Nunes de Oliveira começou a promover mudanças em cargos estratégicos da instituição, como na Dicor
Givaldo Barbosa/Agência O Globo
O inquérito 4831, citado por Randolfe Rodrigues, foi aberto por conta de denúncias feitas pelo ex-juiz Sergio Moro, quando ele deixou o cargo de ministro da Justiça. Na ocasião, ele defendeu que o Palácio do Planalto estaria tentando interferir no comando da PF.
Márcio Nunes Oliveira assumiu o comando da corporação na véspera do carnaval, quando Bolsonaro exonerou Paulo Gustavo Maiurino do cargo de diretor-geral da instituição. Maiurino estava no posto havia menos de um ano. O escolhido para substituí-lo era secretário-executivo do Ministério da Justiça, ou seja, nome de confiança do ministro Anderson Torres.
A nova troca pegou de surpresa delegados e servidores da corporação. Esta é a quarta troca de diretor-geral da PF desde o início do governo Bolsonaro. Também já ocuparam o cargo de diretor-geral da PF Maurício Valeixo e Rolando Alexandre de Souza.
"Não é mera coincidência que a troca repentina e inesperada no comando da Polícia Federal tenha se dado justamente após o órgão ter informado ao Supremo Tribunal Federal, no início de fevereiro deste ano, que concluiu que o presidente da República cometeu crime ao divulgar informações sigilosas de uma investigação", argumenta o pedido de Randolfe Rodrigues. "A súbita troca de diretor-geral, sem qualquer motivo aparente, denuncia que a substituição não passou de ato de vingança", complementa.
Além da Dicor, Randolfe quer que a determinação do STF se estenda também para a Diretoria de Inteligência Policial ( DIP), bem como para seus órgãos subordinados. "Após trocar a Diretoria-Geral, a ordem agora é mirar nos cargos de segundo escalão dentro da Polícia Federal. A notícia transcrita dá conta de que, como dito, as substituições ocorrerão como efeito dominó: cairão de suas funções os atuais responsáveis por áreas estratégicas do órgão", acrescenta a peça.