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Guerra na Ucrânia: jogadores de Juiz de Fora e Cataguases chegam ao Brasil após saga para fugirem da guerra

Por Redação

04/03/2022 às 21:39:33 - Atualizado há
Os jogadores, Guilherme Smith, Juninho e o filho dele Benjamim, e a esposa Vitória Magalhães desembarcaram no Rio de Janeiro. Jogadores mineiros escapam da guerra na Ucrânia e chegam ao Brasil

Luiz Cláudio de Carvalho

Os jogadores Guilherme Smith, de Juiz de Fora, e Juninho, de Cataguases, desembarcaram na noite desta sexta-feira (4) no Rio de Janeiro. Junto com eles estavam a esposa de Juninho, Vitória Magalhães e o filho Benjamim, de apenas 4 anos de idade. O grupo teve dificuldades para deixar a Ucrânia em meio à guerra.

Guilherme Smith foi recepcionado pela família no aeroporto e demonstrou nas redes sociais a alegria por estar em segurança em solo brasileiro. O pai dele, Luiz Cláudio, comemorou o retorno do filho.

"Tudo certo, graças a Deus".

Guilherme Smith chegando no Rio de Janeiro

Redes Sociais/Reprodução

O voo com ele deixou o leste europeu e pousou no Rio de Janeiro por volta das 18h40. O embarque ocorreu em Amsterdã, na Holanda, por volta de 10h45 no horário local, 6h45 no horário de Brasília (DF).

Os jogadores atravessaram a fronteira da Ucrânia com a Polônia na última terça-feira (1º).

Alívio e gratidão são os sentimentos relatados pelo pai de Guilherme quando ele conseguiu atravessar, após 4 tentativas, a fronteira do Ucrânia com a Polônia. Guilherme é natural de Juiz de Fora e atualmente defende o Zorya, da Ucrânia, e junto com ele também estavam Cristian Fagundes, Juninho, a esposa dele, Vitória Magalhães, e o filho Benjamim.

"Gratidão a todas as pessoas, gratidão a Deus por ter preservado a vida do meu filho, do Juninho, da Vitória, do Benjamin que só tem 4 anos do Cristian que é um gaúcho. A gente está muito feliz", declarou o pai de Guilherme.

Durante a tarde de terça, Luiz Cláudio concedeu uma entrevista à TV Integração, onde fez uma retrospectiva de quando recebeu a notícia da invasão russa na Ucrânia no dia 24 de fevereiro, os dias de apreensão diante das tentativas frustradas do grupo deixar o país e o retorno ao Brasil.

Jogadores da Zona da Mata deixam Ucrânia e cruzam fronteira com a Polônia

Guerra

Na madrugada do dia 24 de fevereiro a Ucrânia foi invadida por tropas russas, após o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar uma ação militar no leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas que ele reconheceu como independentes.

Guilherme Smith morava na cidade de Zaporizhya, cidade a cerca de 670 km da capital Kiev, que sofreu um ataque direto da Rússia.

O jogador foi para a Ucrânia acompanhado dos pais após ser comprado pelo time Zorya. Anteriormente, Guilherme atuava como atacante no Botafogo e chegou a ser considerado uma grande revelação.

Guilherme Smith com os pais Luiz Cláudio e Sueli Carvalho.

Reprodução/Redes Sociais

Segundo o pai, a notícia da invasão foi recebida com muito medo e tristeza:

"Ele [Guilherme] saiu do Brasil após completar 18 anos, tava muito bem na Europa, com uma carreira promissora, muito boa, e de repente acontece isso. A gente recebeu, claro, com muita tristeza a notícia da guerra. Era madrugada lá e tinha toda uma programação do time para a retomada do campeonato ucraniano, a temporada de 2022. O primeiro turno terminou no dia 18 de dezembro e ia reiniciar agora", contou o pai do jogador juiz-forano.

Luiz Cláudio revelou ainda que irá trabalhar a cabeça do filho para ele entender que talvez ele não volte para a Ucrânia nunca mais e disse que ora para o fim da guerra.

"Quando o presidente da Rússia aparece na TV eu peço a Deus que entre na mente dele e que ele possa enxergar tudo que ele tá fazendo porque só ele pode encerrar isso que tá acontecendo lá. Espero que ele possa entender o que ele está fazendo com a humanidade. Ele está destruindo um povo que é acolhedor, que é querido. Que Deus os abençoe", pontuou.

Angústia, frustração e fé

Luiz Cláudio relatou que desde o 1º dia de guerra vive uma angústia e frustração por tudo que estava acontecendo e pelas tentativas frustradas do filho em tentar deixar o país.

"A gente via os vídeos do Guilherme, as postagens, as palavras, e a gente ficava naquela expectativa de ele falar 'foi, embarquei, passei pela fronteira', mas ele só falava que não deu, que tinha cancelado o trem, que não tinha conseguido e isso foi nos angustiando. Estávamos alimentando um medo muito grande. Quando vemos guerra, associamos a morte e a gente vendo os bombardeios, eles devastando as cidades sem nenhuma piedade, foi muito ruim", desabafou.

Segundo o pai, a família ficou em desespero ao ver os bombardeios acontecerem próximo de onde eles moravam, mas que em nenhum momento perdeu a fé.

"Dentro disso tudo a gente tem muita fé. Oramos muito eu e a minha esposa, clamamos sempre a Deus e colocamos a vida do nosso filho nas mãos dele para que ele fizesse o melhor".

Chegada à Polônia

Voluntários brasileiros auxiliam Guilherme na Polônia

Reprodução/TV Globo

Após 4 dias de tentativas, os jogadores da Zona da Mata de Minas Gerais conseguiram atravessar a fronteira da Ucrânia com a Polônia.

Na terça-feira (1º), por volta das 8h no horário local (madrugada aqui no Brasil), Guilherme Smith, Cristian Fagundes, Juninho, a esposa dele, Vitória Magalhães, e o filho Benjamim, conseguiram deixar o país com ajuda de um motorista brasileiro que estava em Kiev, capital da Ucrânia, mas conseguiu chegar a Lviv, onde os jogadores estavam hospedados para resgatá-los.

No Brasil, os pais de Guilherme receberam a notícia com muita felicidade e alívio.

"Deus foi tão bom que depois de todas as tentativas um amigo meu conseguiu localizar um brasileiro que estava dando assistência para brasileiros saírem da Ucrânia [...] É claro que a gente recebeu com muita felicidade porque nós estávamos muito angustiados, em pânico, estávamos vivendo um terror. Nunca imaginei meu filho tão novo passando por isso".

A travessia entre os países contou, também, com a ajuda de Jorge Luís dos Santos e Ágata Sampaio, que fazem parte de um grupo que se reuniu para resgatar brasileiros. Em entrevista ao Jornal Hoje, Guilherme falou sobre a guerra.

"Nunca pensei que eu fosse viver isso com apenas 18 anos. Morar sozinho na Europa e de repente viver uma guerra. No momento eu tô muito feliz por conseguir sair, mas eu espero que o povo ucraniano fique bem, é um povo muito querido", afirmou o jogador.

De acordo com Cláudio, os atletas pegaram um ônibus e cada um deles foi recebido por uma família brasileira na Polônia.

"Acredito cada vez mais no ser humano. Mesmo com tudo que a gente está vendo, os acontecimentos, as pessoas no meio da guerra e do pavor, elas ainda são solidárias para receberem as pessoas de braços abertos", afirmou Luiz Cláudio.

O pai de Guilherme relembrou a época em que a família morava no Rio de Janeiro, quando o atleta era atacante do Botafogo.

"A todo momento a gente abriu as portas da nossa casa e hoje Deus nos retribuiu e fizeram o mesmo com o meu filho".

Lição de vida

Para Luiz Cláudio, a experiência vivida por Guilherme fará dele uma pessoa melhor e toda a família recebeu um lição de vida.

"Isso com certeza vai fazer do nosso filho uma pessoa muito melhor do que ele já era, vai ensinar muito mais para ele do que ele sabia e nós também aprendemos um pouco mais, uma nova lição. É o que pregamos, é o que vivemos e o que temos como meta de vida para as nossas vidas que é ajudar o próximo e cada vez mais faremos isso pelas pessoas, principalmente os ucranianos".

Gratidão

Durante a entrevista, o pai do jogador agradeceu todas as pessoas que os ouviram e deram voz à família.

"Hoje estamos aqui com uma voz de felicidade. Quero agradecer todas as pessoas que oraram, que foram solidários. Todos na Polônia são anjos de Deus e eu tenho certeza que quando eles foram para lá Deus já sabia o que eles iram fazer".

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Fonte: G1
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