Farmacêutica disse que ainda fará mais uma reunião técnica com a Anvisa e com o governo do Brasil para avaliar o pedido emergencial da vacina. Profissional de saúde mostra frasco da vacina Pfizer/BioNTech contra a Covid-19 durante vacinação no dia 20 de dezembro em Jerusalém.
Menahem Kahana / AFP
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Pfizer fizeram reunião nesta quarta-feira (30) para tratar do pedido de uso emergencial da vacina contra a Covid-19.
Anteriormente, a farmacêutica americana havia soltado uma nota dizendo que não entraria, pelo menos por enquanto, com o pedido de uso emergencial no Brasil. O motivo seriam exigências extras por parte do país - "análises específicas" que deveriam ser encaminhadas entre os itens da documentação. Isso, segundo a Pfizer, deixaria o processo mais lento.
Em resposta, o Ministério da Saúde disse nesta terça-feira (29) que os documentos exigidos pela Anvisa são os mesmos pedidos pela FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora dos Estados Unidos. A Pfizer já fechou o uso emergencial da vacina para os americanos.
Ministério prevê vacinação contra a Covid entre 20 de janeiro e 10 de fevereiro, mas diz que precisa de registro junto à Anvisa
"Nos causou estranhamento o pronunciamento que ocorreu ontem [segunda-feira, 28] de um determinado laboratório que disse que estava com dificuldade pela grande dificuldade de solicitações da Anvisa, uma vez que os aspectos solicitados pela Anvisa são os mesmos solicitados pela FDA, nos EUA", disse o secretário-executivo Élcio Franco.
Então, Anvisa e Pfizer se reuniram nesta quarta. Por parte da empresa, a reunião foi "positiva". A Pfizer diz que irá fazer um novo encontro com a agência reguladora e com o governo do Brasil para "avaliar a possibilidade do pedido de uso emergencial". A data não foi divulgada.
Já a Anvisa esclareceu que, "caso necessário, a empresa poderá justificar o eventual não cumprimento de todos os itens do Guia [para a submissão dos documentos], em especial o que se refere à previsão sobre o quantitativo de vacinas que poderia ser disponibilizado para o Brasil".
O jornal "O Globo" noticiou que a Pfizer teria dito que só entraria com o pedido de uso emergencial em caso de contrato oficial com o Ministério da Saúde. A empresa não confirma a informação ao G1. Até então, o governo federal assinou apenas um "memorando de intenções" para a compra de 70 milhões de doses da vacina.
Bolsonaro: 'Os laboratórios não tinham que estar interessados?'
Nesta segunda-feira (28), Jair Bolsonaro afirmou que são os laboratórios que deveriam ter interesse em vender vacina contra o coronavírus para o Brasil:
"O Brasil tem 210 milhões de habitantes, um mercado consumidor de qualquer coisa enorme. Os laboratórios não tinham que estar interessados em vender para gente? Por que eles, então, não apresentam documentação na Anvisa? Pessoal diz que eu tenho que ir atrás. Não, não. Quem quer vender, se eu sou vendedor, eu quero apresentar", afirmou o presidente.
Bolsonaro fala sobre suposta falta de interesse em vender vacinas ao país; Pfizer responde
Um dia após a declaração, o Ministério da Saúde disse que deverá começar a vacinação entre 20 de janeiro e 10 de fevereiro de 2021, e reforçou que precisa que "os fabricantes obtenham o registro [das vacinas da Covid-19] junto à Anvisa".
"Na melhor hipótese, nós estaríamos começando a vacinação a partir do dia 20 de janeiro. Num prazo médio, entre 20 de janeiro e 10 de fevereiro. E no prazo mais longo, a partir de 10 de fevereiro", disse o secretário-executivo.
"Nós precisamos que os fabricantes obtenham o registro junto à Anvisa, e que eles entreguem doses suficientes para que sejam distribuídas. Se o distribuidor obter o registro e eventualmente não tiver dose para distribuir... entenda. O Ministério da Saúde enquanto Ministério da Saúde tem feito a sua parte, fizemos o plano [nacional de imunização], estamos com a operacionalização pronta, nos preparando para esse grande dia, mas precisamos que os laboratórios solicitem o registro".
"A partir do momento que ela [Pfizer] não quiser se submeter ao regramento da Anvisa, eu não posso pegar a Pfizer pelo braço e levar lá, Pfizer, entregue seu relatório para Anvisa. Posso pedir brevidade para a Anvisa, mas ela tem que seguir os seus passos" - Élcio Franco
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