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Bloqueio a Telegram fará Bolsonaro perder acesso a mais de 1 milhão de seguidores

Por Redação

18/03/2022 às 19:03:54 - Atualizado há

Com a restrição imposta pelo STF, aliados do presidente têm “ensinado” formas de burlar a restrição ao aplicativo A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de mandar bloquear o aplicativo de mensagens Telegram no país deve fazer com que o presidente e pré-candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) perca o acesso a mais de um milhão de seguidores. A decisão judicial é de ontem, mas foi tornada pública hoje.

Bolsonaro é o mais “popular” entre os presidenciáveis na rede social. Os filhos políticos do presidente – Carlos, Eduardo e Flávio Bolsonaro – têm mais seguidores do que os adversários do pai na disputa presidencial. Com a restrição imposta pelo STF, aliados do presidente têm “ensinado” formas de burlar a restrição ao aplicativo.

Na decisão, Moraes intimou a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a adotar as medidas necessárias para cumprir o bloqueio e determinou R$ 100 mil em multa a quem tentar burlar.

Até às 17h30 da tarde desta sexta-feira, com o aplicativo ativo, Bolsonaro tinha 1.088.576 seguidores no aplicativo de mensagens. Entre os pré-candidatos à Presidência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 48,6 mil seguidores; o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) registra 19,2 mil; o deputado André Janones (Avante) tem 5,8 mil e Sergio Moro (Podemos), 5,3 mil seguidores. O governador e pré-candidato João Doria (PSDB) e senadora Simone Tebet (MDB-MS) não têm canal no Telegram.

A decisão do ministro Alexandre de Moraes atingiu em cheio a família Bolsonaro e seus aliados, que têm investido na divulgação de mensagens pelo Telegram, na atração de seguidores e na arregimentação de seus militantes. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) é seguido por 93,9 mil pessoas; o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos- RJ), por 78 mil e o deputado Eduardo Bolsonaro (União Brasil-SP), por 53,6 mil.

O ministro do STF já havia avisado que suspenderia os servidores do Telegram no país caso três perfis ligados ao blogueiro bolsonarista Allan dos Santos não fossem bloqueados. O pedido de bloqueio foi feito pela Polícia Federal, responsável pela investigação do caso. A PF disse que o Telegram tem descumprido de forma recorrente as ordens judiciais e Moraes afirmou que o aplicativo deixou de atender à determinação judicial em um “total desprezo à Justiça brasileira”. Allan dos Santos, recentemente suspenso pelo aplicativo, tinha 126,2 mil seguidores e um canal “reserva” com 22 mil pessoas.

Diante da ordem, bolsonaristas têm buscado formas de driblar o bloqueio. O influenciador digital Bernardo Küster, apoiador do presidente, por exemplo, publicou um texto sobre “como continuar usando o Telegram após o banimento da plataforma”, com um passo a passo para usar o aplicativo, com o uso de servidores de outros países.

A deputada Carla Zambelli (União Brasil-SP) pede para os seguidores entrarem no seu site para fazer um cadastro. “O Telegram vai ser só o primeiro. Depois disso tudo a gente pode esperar. Os conservadores precisam que vocês entrem em contato conosco de alguma outra forma. A princípio essa outra forma é o meu site, que eles não podem derrubar, pelo menos por enquanto.”

Os bolsonaristas têm usado as redes sociais também para atacar o ministro do STF e criticar a decisão de Moraes. A deputada federal Bia Kicis (União Brasil- DF) disse que a “liberdade de expressão está em risco”. “Usuários do Telegram que utilizam a plataforma para realizar cursos dos mais diversos temas, assim como donos de outros tipos de negócios, todos legais, estão desnorteados com a decisão de Alexandre de Moraes, que determinou o bloqueio do Telegram. O Brasil é um país inseguro para se investir e se viver”, afirmou no Twitter.

Adversários de Bolsonaro publicaram mensagens nas redes sociais apoiando a decisão. O senador Humberto Costa (PT-PE) disse, pelo Twitter, que “a Bolsa das Fake News despencou”. “Os Bolsonaro perderam parte do patrimônio da mentira”. A deputada federal Fernanda Melchionna (Psol-RS) afirmou que o aplicativo “é utilizado por bolsonaristas para propagar discursos de ódio e fake news”. “Grupos neonazistas também se disseminaram na rede promovendo todos os tipos de crime. Ofensiva importante contra extremistas e criminosos digitais”, disse no Twitter.

Unsplash

Fonte: VALOR
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