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'Não sabia o que era poder aquisitivo, agora sei e nunca mais quero não saber', diz Marina Sena

Por Redação

22/03/2022 às 06:21:54 - Atualizado há
Cantora mineira se apresenta no Lollapalooza no dia do Foo Fighters e lembra que já teve gato com nome de Dave Grohl. Ao g1, ela fala de onda de hate, sucesso de 'Por supuesto' e conquistas. Não foi à toa que Marina Sena batizou o álbum de estreia com o nome "De Primeira". A cantora de Taiobeiras (MG) tinha certeza de que faria sucesso com o primeiro trabalho. Mas mesmo para uma pessoa confiante, o tamanho da carreira sete meses depois do lançamento é uma surpresa.

São mais de 5,4 milhões de ouvintes mensais no Spotify e o hit "Por Supuesto" passou de 68,9 milhões de plays no aplicativo.

"Melhor impossível, né? Não tinha como ser melhor que isso", comenta Marina ao g1. "Tudo rolou muito mais rápido do que eu imaginava".

Hoje, ela tem presença garantida em vários festivais de música do Brasil neste ano, incluindo o Lollapalooza 2022. Ela canta no domingo (27), mesmo dia do Foo Fighters.

Veja a programação completa com horários do Lollapalooza 2022

Além de ser uma realização importante para a carreira, a Marina adolescente era fã de Dave Grohl e está feliz em ver o show da banda que era "viciada". A paixão era tão grande pelo vocalista que até um gatinho de estimação recebeu o nome dele.

Para fazer uma estreia grandiosa, Marina vai aumentar o balé que a acompanha nos shows e até alugou um espaço para ensaiar cada parte da apresentação.

"A gente vai parar para entender cada detalhe, para ficar tudo bem amarradinho tal qual o de uma diva pop".

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Na entrevista abaixo, Marina fala, com sinceridade, sobre o sentimento de ganhar dinheiro com a música e cita conquistas como uma máquina de lavar lava e seca à vista. "Não sabia o que era ter poder aquisitivo, agora sei e nunca mais quero não saber".

Ela comenta como a onda de hate em relação ao timbre de voz foi dura, especialmente porque "estava viciada no rolê da aceitação" com o sucesso de "Por Supuesto".

G1 - "De Primeira" ainda não completou um ano, mas você já aconteceu e está praticamente em todos os festivais brasileiros deste ano, vários shows, turnê na Europa. Como você analisa esse começo de carreira solo?

Marina Sena - Melhor impossível, né? Não tinha como ser melhor que isso. Eu esperava que o álbum fosse, pelo menos, me colocar no lugar do início da solidez da minha carreira, mas não sabia que seria na proporção que está acontecendo. Não sabia que já ia tocar no Lollapalooza, por exemplo. Achava que ia precisar de mais tempo para isso, só que a recepção do público realmente foi incrível. Tudo rolou muito mais rápido do que eu imaginava.

Ouça os bastidores de 'De Primeira' no podcast g1 ouviu:

G1 - Como cantora o que mudou de lá para cá para você? Você sente que a sua performance ela tá diferente?

Marina Sena - Sinto que a cada show parece que minha performance está melhor, porque eu nunca tinha performado as músicas antes de lançar o álbum.

É uma coisa que você aprende com o tempo assim, mas sinto que cada vez está ficando melhor, me sinto mais segura de interpretar essas músicas.

G1 - O Lollapalooza vai ser o maior evento que você tocou até agora. Como está a expectativa?

Marina Sena - A gente está preparando um showzão. Alugamos um lugar para ensaiar como vai ser mesmo, cada detalhe, cada fala, cada movimento, cada luz para ficar um espetáculo bem amarradinho, bem teatral também. Vai ser pequeno, 45 minutos de show, mas a gente vai tentar fazer ser gigante nesse tempo.

Nos meus shows normalmente, eu estou com duas bailarinas, mas no Lolla vai ter mais ballet. A gente nunca ensaiou o show como ele é, porque não dá tempo, porque não tem como, você é engolido pelas demandas. Você vai ensaiando no show basicamente.

Agora não, a gente vai parar mesmo assim e entender cada detalhe, para ficar tudo bem amarradinho tal qual o de uma diva pop .

Marina Sena prepara 'show de diva pop' para o Lollapalooza

Reprodução/Instagram/MarinaSena

G1 - O Djonga canta logo depois de você no mesmo palco. Qual é o sentimento de dividir o palco com ele no festival tão grande como esse?

Marina Sena - Além de ser uma honra, é um aconchego. A gente está junto já tem um tempo. É especial esse momento para mim, acho que para ele também, para Minas Gerais, para o movimento como um todo ali que a gente se insere. É um orgulho para a gente fazer parte e estar no mesmo palco. Isso é bem surreal, na realidade. Eu fiquei de cara, não acreditei, vai ser bom demais.

G1 - Ele foi uma das primeiras pessoas que te apoiou né? ["De Primeira" saiu pela Quadrilha, selo que Djonga também é dono]

Marina Sena - Sim, desde a época que eu estava na Outra Banda da Lua [primeira banda dela], não existia nem Rosa Neon ainda, ele já era famosão e postava sempre as músicas.

Depois com o Rosa Neon, ele entrou junto no projeto, meio que apadrinhou. No meu projeto solo, ele foi assim crucial. Foi o momento que não tinha nada, tinha zero reais então assim ele ajudou muito, muito, muito, muito mesmo. Não só financeiramente, mas com a força dele de espalhar a palavra mesmo.

Marina Sena

Divulgação/Roncca

G1 - Você toca no mesmo dia do Foo Fighters, da Glória Groove, do Martin Garrix... (Ela interrompe a pergunta)

Marina Sena - Na minha adolescência eu era fissurada por Foo Fighters. Todas as capas do meu Facebook no passado eram com foto do Dave Grohl, tudo era Dave Grohl. Tive um gato que chamava Dave Grohl. Eu era muito viciada muito, muito. E agora vou tocar no mesmo festival que eles, sério, não dá nem para acreditar.

G1 - Então você vai ver o show com certeza. Topa tietar o Dave também?

Marina Sena - Eu vou tietar com certeza, com certeza absoluta.

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G1 - Demais! Marina, sua carreira solo tem pouco tempo, mas já é bem expressiva. Quais foram as principais conquistas desses últimos meses?

Marina Sena - A principal é que todos os shows que estou fazendo estão lotados e que as pessoas cantam o disco do início ao fim em todos. Não tem uma música que a galera não cante. Estou conseguindo rodar muito assim, minha agenda está lotada. Não sei como vou conseguir, já estou me preparando, malhando, comendo bem, fazendo tudo certinho para ficar bem forte para o show.

Além dos shows, ainda tem publicidade ainda tem problema de televisão. Então assim eu não tenho realmente um dia que eu fico parada, todos os dias é mil coisas para fazer assim. Isso é uma conquista também para mim, porque poder trabalhar era a coisa que eu mais queria.

Quando eu estava lá em Montes Claros com A Outra Banda da Lua, a gente tinha muito o que oferecer, mas não tinha onde, não tinha esse espaço, sabe? Dava vontade de trabalhar todo dia, mas a gente não conseguia. Ah, e tem também o Prêmio Multishow, revelação do ano...

G1 - E materiais?

Marina Sena - Dinheiro. Eu não sabia o que era ter poder aquisitivo, agora sei e nunca mais quero não saber. É bom demais você poder morar no apartamento que você quer, comer a comida que você quer e f#d@-se.

Chegar na loja e não precisar ficar "Ai, meu Deus, essa blusa passou de 100 reais, preciso de uma blusa de R$ 30. Será que tem como?". É chegar na loja e poder comprar o tênis de R$ 900. Eu tenho esse dinheiro, está de boa, vai sobrar ainda. Isso é realmente bem bom.

Sempre que o povo me pergunta isso eu falo "cantar para o povo, não sei o que", mas realmente ganhar dinheiro é bom viu? Quem nasceu com dinheiro gente é muito sortudo, mas é bom também você conquistar o seu dinheiro.

Mas estou encantada com o poder aquisitivo... As pessoas que têm dinheiro e compra máquina de lavar lava e seca. Meu Deus do céu, na hora que eu comprei essa máquina de lavar lava e seca... Toda hora eu vou lá olhar para ela. Comprei à vista essa p#rr@!

Marina Sena vai cantar o álbum 'De Primeira' no Lollapalooza Brasil

Divulgação/Roncca

G1 - Quando você chega nesse lugar vem um sucesso muito arrebatador, mas ao mesmo tempo surgem coisas não tão positivas. O sucesso te assusta de alguma forma?

Marina Sena - Assusta, sim. E eu vou falar que quem não diz que não assusta está mentindo. Todo mundo no primeiro momento não sabe lidar. Dói, machuca, a exposição machuca. Tudo que você fala vira coisa, qualquer opinião sua vira notícia.

Você tem que ser segurar muitas vezes, porque às vezes quando você não tinha esse sucesso qualquer coisa que você falar ninguém tava nem aí. De repente a sua opinião é como se fosse assim: "meu Deus ela deu opinião!!!"

Mas se acostuma também sabe? Chega uma hora que você fala que é isso mesmo. Você começa a focar mais no seu dia a dia porque é a sua vida. No momento que você aprende isso, você começa a curtir tudo que está conquistando, tipo minha máquina de lavar lava e seca, minha TV de 75 polegadas... [Risos]

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G1 - Faz sentido, mas muitas pessoas criticam, falam mal da sua voz. Como você lida com isso?

Marina Sena - Véi, se o povo fica desse jeito com a minha voz, se eles escutassem meus ídolos [como Gal Costa nos anos 70], eles iam ficar chocados. Entendo também por que as pessoas não gostam da minha voz, só que é isso... eu vou fazer o que?

Eu amo a minha voz, acho minha voz lindíssima, sério mesmo. Se tivesse outra pessoa que tivesse a minha voz, eu ia ser fã da pessoa. Não ia jamais achar a voz dela ruim, ia achar foda, original, do caralho. Então, não posso fazer nada com quem não tá gostando, eu estou amando e tem muita gente também que está amando.

G1 - Você deu uma declaração que estava 'insuportável' de lidar com essa situação, logo depois do Prêmio Multishow, quando rolou uma onda forte de hate contra você. Agora, você acabou de dar uma resposta superpoderosa do tipo "não gostou, tem quem goste". São dias e dias, né?

Marina Sena - Sim, tem dia que você está mais frágil... Tem época que você fica meio obsessivo em saber a opinião das pessoas sobre você. O ser humano entra em várias obsessões, em vários momentos da vida assim.

Aquela época em específico... Eu tinha acabado de lançar o disco, "Por Supuesto" tinha acabado de bombar. Foi uma aceitação gigantesca de uma vez. Por um momento foi só êxito, êxito, aceitação, aceitação. E aí, eu fiquei viciada no rolê da aceitação, entendeu?

Quando veio isso hate, nessa minha primeira experiência, porque acho que não vai ser a última, foi assustador, porque de repente eu já não estava no ambiente que eu era 100% aceita, já tinha as pessoas que não gostavam.

Fiquei assustada e comecei a enxergar também uma maldade que nunca tinha enxergado. Não acreditava que o ser humano era capaz de ser tão mal, de sentir essa coisa horrorosa.

Nunca teria coragem de fazer isso com uma pessoa, mesmo se fosse alguém que eu não consigo alcançar. Ia me sentir muito mal de falar isso, jamais teria coragem de "gongar" o sonho de uma pessoa.

Eu sei eu sei o valor que tem o meu sonho para mim. O tanto que isso me constrói, me dá autoestima, me dá felicidade. A minha vida é baseada no meu sonho, então jamais teria coragem de tacar uma pedra no sonho de alguém.

Marina Sena

Divulgação/Fernando Tomaz

G1 - E se tem uma coisa que você não vai fazer é parar. Fala aí...

Marina Sena - Ô gente, se um dia eu parar, pode ter certeza de que eu morri. Enquanto eu estiver viva, eu não vou parar nem por um segundo.

G1 - Você já disse que o seu segundo álbum já está pronto. O que falta para lançar?

Marina Sena - O "De Primeira" ainda está muito vivo, não tem como lançar um álbum agora, mesmo querendo muito. Se deixar eu lanço hoje. Se ninguém falar nada comigo, eu solto ele no YouTube hoje.

Mas tem que ter um planejamento e também tenho que finalizar o processo "De Primeira' bem, para só depois ir para uma outra estética. Quando chegar este novo momento, já tem que inovar de novo, porque as músicas também são diferentes, né? Não é a mesma coisa do primeiro disco.

Preciso gastar tudo que tem para gastar esteticamente, musicalmente no "De Primeira" para depois vir com uma nova Marina. A próxima Marina que eu nem sei como é direito, mas a gente vai descobrir no processo mesmo.

G1 - Mas do que você já tem feito, do que está conversando com Iuri Rio Branco, seu produtor e namorado... O segundo álbum aponta para o quê? Para uma coisa mais pop, mais eletrônica? MPB?

Marina Sena - O ambiente em que eu me descobri como artista foi na MPB, ela está comigo absolutamente tudo que eu faço. O jeito que eu ponho as palavras, no jeito que a poesia se forma na música, no jeito que melodicamente eu ouso dentro do pop.

É uma ousadia que é da MPB. Tudo que eu faço independentemente do quão pop seja é MPB. Você vê que a pessoa veio da MPB, mas é mais pop sim. No "De Primeira" tem mais violão, inclusive a maioria eu gravei de celular e mandei pro Yuri.

Mas, nas próximas coisas, não vai ter tanta presença do violão, por exemplo. A gente já compõe junto com beat [batida eletrônica]. Algumas eu até componho no violão, mas quando vai para produção já estão vindo com outra cara.

Eu tinha um pouco de medo também da música eletrônica, de ir demais, tanto que eu cheguei para ele na primeira vez que a gente conversou e disse "ó, eu quero que seja beat, mas eu não quero que seja aqueles beats que ficam duros não, viu? Quero beat com molejo de música popular brasileira".

Já nesse disco novo, eu perdi o medo da música eletrônica assim, estou mais ousada com relação aos ritmos que são pop. Mas a voz, as melodias e as referências melódicas e rítmicas são completamente MPB, mas é um MPB pop.

Independente do pop que você estiver fazendo se você não tiver uma coisa regional ali, vai ficar tudo igual. Tem de ter uma regionalidade para te diferenciar das outras pessoas que estão fazendo pop.
Fonte: G1
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