O senador disse, por meio de sua assessoria, que os valores são referentes a trabalhos de advocacia do irmão Alberto Samuel Alcolumbre Tobelem Policiais militares de São Paulo apreenderam, na madrugada desta sexta-feira (25), na zona norte da capital paulista, cerca de R$ 500 mil em um veículo ligado ao irmão do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o advogado Alberto Samuel Alcolumbre Tobelem.
Como a origem do dinheiro não foi esclarecida, as duas malas com as notas foram apreendidas pela polícia, que vai investigar o caso. A reportagem não conseguiu contato com Alberto. Já o senador disse, por meio de sua assessoria, que os valores são referentes a trabalhos de advocacia do irmão.
De acordo com a PM, no início da madrugada, suas equipes faziam uma operação de bloqueio na avenida Olavo Fontoura, no bairro de Santana, quando o motorista de um veículo preto, ao avistar as viaturas, parou no meio da via e deu marcha a ré para tentar fugir.
Os policiais perseguiram o carro e conseguiram abordá-lo momentos depois. De acordo com o sargento Fernando Mello, que participou da ocorrência, o motorista do veículo desceu com duas malas e as jogou no chão. "Desceu do carro, já jogou duas malas no chão e se entregou, dizendo que não era ladrão."
Na sequência, ainda segundo o PM, o motorista, identificado como Sergio Barbosa Arruda, afirmou que foi contratado para pegar o dinheiro em um hotel na região e levá-lo para a própria casa. Lá, posteriormente, receberia novas instruções sobre onde deveria levar as malas.
"Ele falou que aquela quantia era de um grupo de empresários que vai financiar uma campanha política. Ele disse: 'Só não posso falar o partido, porque senão eu vou me complicar muito'", diz o PM.
Ainda de acordo com o policial, quando o motorista era abordado, passou pelo local outro veículo branco, dirigido por Alberto Samuel, que também foi abordado. Foi nesse momento que Arruda teria apontado o irmão do senador como responsável pelo dinheiro. "Foi esse daí que entregou o dinheiro para mim", afirma.
O irmão do senador disse aos PMs que o valor seria referente ao pagamento de uma consultoria jurídica. Alberto Alcolumbre afirmou ainda aos policiais que tem como comprovar a origem lícita do dinheiro e que o fará por meio de seu advogado.
"O segundo condutor disse que era advogado e que o dinheiro era de honorários de uma ação, que veio [para SP] pegar esse dinheiro e entregar o dinheiro para o motorista [Arruda]. Perguntamos onde ele pegou o dinheiro, ele disse que não poderia falar. 'Eu não preciso falar'", afirma Mello.
A quantia exibida foi contabilizada em R$ 499.970, "sendo formalmente apreendida para posteriores deliberações", segundo a polícia. Na polícia, o motorista mudou a versão contada para os PMs. Afirmou que o dinheiro era proveniente de honorários advocatícios, sem citar campanha política.
Senador Alcolumbre se manifesta
Por meio de sua assessoria, o senador Davi Alcolumbre informou que ficou sabendo da apreensão do dinheiro pela manhã. Disse que os valores são referentes ao trabalho de advocacia do irmão e que o próprio vai explicar a situação.
A assessoria informou ainda que o escritório de Alberto Alcolumbre fica no Amapá, mas ela não soube informar em qual ramo da advocacia o irmão do senador trabalha.
No mês passado, a Polícia Federal concluiu uma investigação na superintendência do Amapá em que imputa ao ex-deputado estadual Isaac Alcolumbre os crimes de tráfico de drogas, associação ao tráfico e organização criminosa.
Isaac é primo do senador Alcolumbre e chegou a ser preso em outubro de 2021 na fase ostensiva da operação Vikare.
A PF avançou na investigação sobre uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de drogas que tinha entre os fornecedores integrantes da guerrilha que domina a região na fronteira entre Colômbia e Venezuela.
O grupo tinha o Amapá como base operacional e atuava na importação e transporte de entorpecentes com o uso de aeronaves.
O primo do senador entrou na mira dos investigadores após interceptações telefônicas e diligências a campo indicarem um aeródromo de sua propriedade como base dos traficantes na capital amapaense.