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Você viu o elefante nas salas do SXSW 2022?

Por Redação

28/03/2022 às 07:33:57 - Atualizado há

Temas relacionados a mudanças climáticas dominam palestras de palestrantes do festival de inovação "Elefante na sala” é uma expressão metafórica, usada para nomear realidades ou problemas que, de tão evidentes, não podem ser ignorados. A expressão teve origem na fábula “O Homem Curioso” (1814) do russo Ivan Krylov, a qual conta a história de um homem que vai a um museu e nota todo o tipo de coisas, exceto um enorme elefante numa sala.

Para Boaz Paldi, Chief Creative Officer da ONU, um dos criadores da campanha #DontChooseExtinction, aquela do dinossauro na sala da ONU, e não o elefante, Climate Change (mudanças climáticas) é o um elefante que está na sala. E durante o SXSW 2022 [um dos principais eventos de inovação e tendências do mundo, que aconteceu nos Texas, EUA, entre 11 e 20 de março~] ele apareceu em várias salas. E não apenas nas salas menores ou no painel específico com o mesmo nome.

Numa das palestras mais esperadas do ano, da futurista Amy Webb, ele estava lá, como destaque de abertura de sua sessão, onde a palavra chave foi “reperception”. Numa tradução livre, precisamos repensar, rever, olhar diferente o mundo ao nosso redor. E além de todas as previsões futurísticas, otimistas e pessimistas, que vão impactar a vida das pessoas por meio da inteligência artificial, do metaverso e da biologia sintética, que representam apenas três das 14 tendências de seu relatório de 2022, ela fez coro com outras grandes palestrantes: Não podemos chamar de mudança climática e sim de mudanças urgentes.

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Na sessão com Neal Stephenson, autor de Snow Crash, aquele que é considerado o pai do metaverso, a sala do Ballroom D do Convention Center lotou para ouvir mais sobre o assunto quente do momento. Mas adivinha sobre o que ele falou? Sobre seu novo livro, “Termination Shock”, e a palestra foi toda sobre as mudanças climáticas. Confesso que, mesmo para mim que trabalho com sustentabilidade há mais de 20 anos, fiquei frustrada com a conversa. Esperava de um grande storyteller como ele uma conversa mais fluida, de realidade, mas também de esperança sobre assunto (espero que o livro seja diferente). Ao invés disso, foi uma palestra mais técnica, como sobre os desafios da retirada de carbono da terra. Nos minutos finais ao abrirem para perguntas, alguém da plateia escreveu algo como: "Você não vai falar nada sobre metaverso?". Ele desconversou e emendou: "Let's move to another cause" [na tradução livre, Vamos passar para outra causa].

O elefante também estava no palco dos palestrantes brasileiros. Tive a honra de dividir o palco com Patricia Ellen, secretária do governo do estado de São Paulo, para falarmos sobre "ESG. Ready to pay the bill?" [“ESG. Pronto para pagar a conta?”, em tradução livre ], sobre a relevância papel do governo para estabelecer novas regras e incentivos para acelerar a agenda, além da participação de Adam Gromis, líder Global de sustentabilidade na Uber, e os planos da empresa para a transição para os carros elétricos. A sessão Rivers Move Cities falou da necessidade de conexão dos seres humanos com a natureza, com a água e a restauração de rios urbanos, com soluções apresentadas por Jenny Hofmam, vice presidente da ONG American Rivers, e Adriano Stringhini, CMO [diretor de marketing] da Sabesp.

Ainda sobre o elefante, também teve o workshop Radar anti-fragilidade, capitaneado por Tipiti Barros [ fundadora do FikaConversas], uma verdadeira análise aprofundada do comportamento dos participantes sobre conceitos ESG. O governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, também veio para falar sobre desenvolvimento sustentável. Isso sem falar no SXSW EDU, onde a questão da "climate change literacy" [alfabetização sobre mudanças climáticas] já está seriamente sendo debatida nas salas de aula de vários estados, especialmente na Califórnia.

Quando penso mais sobre o tema e da urgência que temos, há consenso que parte da população não quer ver o elefante na sala porque ele é assustador e muitos não sabem bem o que fazer com ele. Para Nikolaj Coster Waldau, o ator dinamarques famoso por Game of Thrones, precisamos usar o humor como forma de atrair mais atenção e ação para a causa. "Eu não imagino o mundo sem humor… O humor é baseado em tragédia"

Não importa onde você mora, onde você vive. Climate Change não tem fronteiras. Diferente da covid-19, que foi um grande ensaio, um vírus mais pontual, durando cerca de dois anos, as mudanças climáticas são crônicas, vão durar décadas e isso talvez também não ajude as pessoas a agirem agora, sempre deixamos para depois.

O desafio está em engajar a todos. Fazer parte do movimento reduz o medo. É uma agenda que compartilha valores comuns. Precisamos de toda a nossa criatividade, de toda a tecnologia atual, e a que está por vir, para superarmos o maior desafio da humanidade neste século. Precisamos colocar foco no elefante que está na sala.

Como disse no final da minha sessão: Be bold, Act More, Speak up! [Na tradução livre, "Seja ousado, aja mais, fale!"

*Wal Flor é CEO da Flow.Ers, agência de marketing de causas e consultoria em sustentabilidade, e idealizadora do projeto Brasil Flow, plataforma que desde 2018 promove marcas e empreendedores brasileiros em grandes palcos de inovação, como o South by Southwest (SXSW). É também fundadora da startup Levila, fintech de empreendedorismo feminino.

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Wal Flor
Fonte: VALOR
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