A estudante negra Eloah Tavares, de 13 anos, denunciou um caso de racismo no Colégio Municipal Dr. João Paim, em São Sebastião do Passé, região metropolitana de Salvador, na Bahia, depois de ser impedida de entrar na sala de aula, no último 21 de março, por causa do cabelo crespo. A escola é administrada pela Polícia Militar, após um convênio ter sido firmado entre a prefeitura e a corporação.
Em entrevista ao “Universa”, do “UOL”, publicada nesta terça-feira (29), a mãe da adolescente, Jaciara Tavares, afirma que denúncia foi feita à Polícia Civil. A mulher relatou que a filha chegou “aos prantos” em casa depois do ocorrido.
"No dia 21 de março, ela foi à escola com um coque. Um instrutor mandou ela voltar para casa. A colega dela ainda tentou arrumar o cabelo da minha filha, mas homem disse estava 'inchado' e que não adiantava", narra.
"Ela então voltou para casa e me disse que foi barrada na escola porque não estava seguindo as regras, que a aparência estava inadequada para frequentar o lugar. Disseram ainda que, se ela estivesse tendo dificuldade para se adequar às regras, era para me pedir para procurar outra escola, onde pudesse 'usar tranças, cabelo solto, cabelo preso, liso, duro, da forma que ela quiser”, completa.
A mãe pediu dispensa no trabalho para que pudesse ir até a escola. "Ele usou comigo o mesmo tom que usou com ela. Falou que se fosse o caso, era para alisar o cabelo dela. Como é que pode uma criança ser mandada para casa por causa do cabelo? É triste a gente ver o negro falando assim, principalmente para uma menina de 13 anos, que está mudando na adolescência, cheia de outros dilemas", pontua.
A Polícia Militar informou que "manteve contato com a mãe da aluna que se dirigiu até a sede do pelotão, na última terça-feira (22), onde foi ouvida, e o oficial da PM se colocou à disposição” e que “repudia qualquer tipo de comportamento racista ou discriminatório”. A Polícia Civil confirmou abertura de inquérito para apurar o ocorrido.
O TEMPO