Geral Ciência e Saúde

Instituto Adolfo Lutz confirma dois casos de nova variante do coronavírus em São Paulo

Por Redação

04/01/2021 às 15:20:41 - Atualizado há
Segundo secretaria, outros dois casos suspeitos foram descartados. A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo confirmou nesta segunda-feira (4) os dois primeiros casos no estado da variante do novo coronavírus identificada inicialmente no Reino Unido.

A confirmação foi feita pelo Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz, que é vinculado à pasta estadual, após o sequenciamento genético de amostras encaminhadas pelo laboratório privado Dasa no sábado (2).

Os casos confirmados da nova variante são de duas pessoas residentes na cidade de São Paulo: uma mulher de 25 anos que teve contato com viajantes que passaram pelo Reino Unido e um homem de 34 anos que, segundo a secretaria da Saúde, se contaminou ao ter contato com esta primeira paciente.

“A investigação epidemiológica sobre ambos os casos está em andamento e, por isso, não há mais detalhes sobre quadro clínico e sintomas apresentados pelos pacientes”, afirma a secretaria em comunicado oficial.

Até o momento, não há comprovação científica de que esta variante inglesa encontrada no Brasil é mais transmissível em comparação a outras previamente identificadas - o comportamento de um vírus pode ser diferente em locais distintos em virtude e fatores demográficos e climáticos, por exemplo.

Ambos os casos são da linhagem B.1.1.7 (termo sinônimo de “cepa” e “variante”).

Ainda de acordo com o Instituto Adolfo Lutz, que fez a análise das amostras, “as sequências realizadas pelo Lutz foram comparadas e mostraram-se mais completas que a primeira identificada pelo próprio Reino Unido”. O sequenciamento genético foi compartilhado com pesquisadores de todo o mundo através de um banco de dados online e mundial.

Outros dois casos descartados

Dois dos 4 casos suspeitos de infecção por mutação do coronavírus em SP foram descartados, diz secretário

O secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, disse nesta segunda-feira (4) que os outros dois dos quatro casos suspeitos de contaminação pela nova cepa do coronavírus foram descartados.

Segundo Gorinchteyn, os casos descartados são de pacientes internados em hospitais privados do estado e que estiveram no Reino Unido.

“Eram casos que seguiram uma questão de positividade, tinham sintomas respiratórios, vieram do Reino Unido, tiveram a sua positividade efetivada através do [teste[ RT-PCR, mas pela história de viagem, especialmente ao Reino Unido, onde existe uma grande circulação desse vírus mutante, foi imediatamente sequenciado esse material desse vírus identificado e felizmente descartado”, disse o secretário em entrevista à GloboNews.

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No dia 31 de dezembro, o laboratório de diagnósticos privado Dasa disse ter encontrado dois casos da nova variante do coronavírus em São Paulo. Apesar do anúncio feito pela empresa, as amostras ainda são consideradas como casos suspeitos pelo governo paulista, que aguarda resultado da contraprova realizada pelo Instituto Adolfo Lutz.

A confirmação da cepa foi feita por meio de sequenciamento genético realizado pelo Dasa em parceria com o Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

O secretário de Saúde disse que o mapeamento dos deslocamentos dos pacientes suspeitos, aliados aos testes já realizados no país, são fundamentais para identificar precocemente a presença de uma nova variante do vírus no país.

“Nós temos a associação dos nossos testes, que vão detectar o vírus e, para que a gente saiba se muitos deles são mutantes ou não, a história clínica é fundamental, de saber se [o paciente] teve contato com alguém que esteve no Reino Unido ou na comunidade europeia. A história clínica é fundamental para embasar e para que as equipes médicas possam estar orientando os laboratórios a terem todo o cuidado em uma análise mais criteriosa".

Mutação

A variante, chamada de B.1.1.7, já foi registrada em pelo menos outros 17 países. Ela tem mutações que afetam a maneira como o vírus se fixa nas células humanas e é 56% mais contagiosa.

Não há evidências de que a variante provoque casos mais graves ou com maior índice de mortes, nem mesmo que seja resistente às vacinas.

SAIBA MAIS: Linhagens, cepas e mutações do coronavírus. Veja o que são e quando devemos nos preocupar

No Reino Unido, ela já representa mais de 50% dos novos casos diagnosticados, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O estudo do laboratório brasileiro que identificou essa versão do coronavírus foi iniciado em meados de dezembro, quando o Reino Unido publicou as primeiras informações científicas sobre a variante.

Preocupação com testes

No final de dezembro, o laboratório disse trabalhar com o Instituto de Medicina Tropical da USP para gerar material que permita testar a eficiência de alguns tipos de testes do coronavírus.

A preocupação é que alguns atuais possam apresentar falsos negativos – quando uma pessoa está doente mas o exame não aponta a presença do vírus.

“Alguns testes de imunologia e de sorologia que só identificam a proteína S podem apresentar resultados falso negativos nos diagnósticos dessa nova variante", explicou o diretor médico da Dasa, Gustavo Campana.

"Estamos antecipando a avaliação para definir os exames que sofram menos interferência em seu desempenho de diagnóstico, numa eventual expansão desta variante no Brasil”, acrescentou.

Para a cientista Ester Sabino, do IMT da USP, a nova variante reforça a necessidade da quarentena.

"Dado seu alto poder de transmissão, esse resultado reforça a importância da quarentena, e de manter o isolamento de 10 dias, especialmente para quem estiver vindo ou acabado de chegar da Europa", disse em entrevista à GloboNews em dezembro.

Coronavac

Em entrevista à GloboNews nesta segunda (4), o secretário também disse que o plano estadual de vacinação no estado de São Paulo segue mantido para o dia 25 de janeiro e que os dados da eficácia da vacina CoronaVac, vacina desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac, devem ser divulgados até o final desta semana.

“O programa estadual de imunização de SP ocorrerá a partir do dia 25 de janeiro. Estaremos até o final da semana recebendo o valor correto, o percentual de eficácia da vacina, e isso será emitido, enviado para a Agência de Vigilância Sanitária, a Anvisa, que terá um período bastante curto, como eles próprios nos disseram. No máximo em dez dias nós teremos esse resultado e, assim, o programa vai ocorrer. Esperamos que antes disso nós tenhamos um pronunciamento formal do Ministério da Saúde para a aquisição dessas vacinas”.

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