Sete das nove músicas já reveladas trazem a assinatura do autor de 'Baby', canção revivida pela artista em dueto com Tim Bernardes. ? ANÁLISE – Ainda sem título definitivo e provisoriamente apresentado como Gal 75, o disco comemorativo dos 75 anos de Gal Costa quase poderia se chamar Gal canta Caetano. Nove das dez músicas do álbum – paulatinamente apresentadas em singles desde novembro – já foram reveladas (a exceção é a composição gravada com o cantora português António Zambujo). Destas nove músicas, somente duas – Só louco (Dorival Caymmi, 1955), samba-canção revivido por Gal com Silva em gravação ainda inédita, e Juventude transviada (Luiz Melodia, 1975), gravada pela cantora com Seu Jorge – estarão no disco sem a assinatura do compositor. São escolhas que não chegam a surpreender. Caetano é a bússola que tem guiado a cantora em 67 anos de trajetória profissional iniciada por Gal em 1964, ainda na Bahia. Nesta quarta-feira, 6 de janeiro, a divulgação de que Gal regravou Baby (Caetano Veloso, 1968) com Tim Bernardes – e não uma música de Jards Macalé, como seria mais coerente pela importância de Macalé na obra de Gal e pela identificação de Tim com o compositor carioca – corrobora o domínio de Caetano no álbum revisionista de Gal. E mal nenhum há nisso, obviamente. Até porque Gal é a cantora que mais gravou Caetano ao longo dos últimos 55 anos, de acordo com levantamento feito pelo ECAD em 2020, tendo inclusive lançado álbum somente com músicas do compositor, Recanto (2011), álbum arquitetado por Caetano para reconduzir Gal ao pódio após anos de desorientação. É impossível dimensionar a obra de Gal sem mencionar Caetano muitas vezes. Unidos pela devoção ao canto de João Gilberto (1931 – 2019), Gal Costa e Caetano Veloso se harmonizam nos papéis de intérprete e compositor (e eventualmente produtor, como no caso do atualmente cultuado Cantar, álbum lançado pela artista em 1974). O canto cristalino de Gal Costa obviamente extrapola o cancioneiro de Caetano. Ao longo dos anos 1970, Gal foi voz fundamental para propagar compositores como Luiz Melodia (1951 – 2017), o mencionado Macalé e até mesmo Dorival Caymmi (1914 – 2008), a cujo repertório a cantora dedicou álbum em 1976. Ainda assim, pareceu em muitos momentos que o canto de Gal existe somente para dar voz a Caetano. O que justifica o domínio do compositor no álbum que a cantora lança em 2021.? Eis as músicas do álbum comemorativo dos 75 anos de Gal Costa:? Avarandado (Caetano Veloso, 1967) – com Rodrigo Amarante? Baby (Caetano Veloso, 1967) – com Tim Bernardes? Coração vagabundo (Caetano Veloso, 1967) – com Rubel? Nenhuma dor (Caetano Veloso e Torquato Neto, 1967) – com Zeca Veloso? Paula e Bebeto (Caetano Veloso e Milton Nascimento, 1975) – com Criolo? Negro amor (It's all over now, baby blue, Bob Dylan, 1965, em versão em português de Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti, 1977) – com Jorge Drexler? Meu bem, meu mal (Caetano Veloso, 1981) – com Zé Ibarra? Juventude transviada (Luiz Melodia, 1975) – com Seu Jorge? Só louco (Dorival Caymmi, 1955) – com Silva