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Lula defende união entre democratas e diz que o Brasil precisa "voltar a ser um país normal"

Por Redação

07/05/2022 às 14:54:15 - Atualizado há

No lançamento de sua pré-candidatura à Presidência, o ex-presidente também criticou privatizações e defende a proteção da Amazônia Num evento marcado por referências às campanhas passadas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alertas sobre os riscos para a democracia e severas críticas ao governo Jair Bolsonaro, o petista lançou neste sábado (7) sua pré-candidatura à Presidência dizendo que o “o Brasil precisa voltar a ser um país normal”. O petista também criticou as privatizações e defendeu a proteção da Amazônia, ressaltando a importância do que chamou de “recuperação da soberania do país” e de medidas para garantir emprego e salário justo.

Batizado de “Vamos Juntos Pelo Brasil”, o encontro na Expo Center Norte, em São Paulo, reuniu lideranças políticas e militantes de todos os partidos que devem apoiá-lo nas eleições e serviu como ato de lançamento oficial da pré-candidatura do ex-presidente.

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Escolhido para o posto de vice na chapa, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), diagnosticado com covid-19, participou por meio de um vídeo transmitido em telão.

Em discurso de 47 minutos após uma fala de Alckmin, Lula usou o mote da soberania para criticar o atual governo em diferentes áreas, relembrar feitos de seus dois mandatos (de 2003 a 2010) e fazer promessas. Lula destacou a importância da democracia e da construção de um movimento amplo no país.

“Queremos unir os democratas de todas as origens e matizes, das mais variadas trajetórias políticas, de todas as classes sociais e de todos os credos religiosos”, afirmou Lula. “Para enfrentar e vencer a ameaça totalitária, o ódio, a violência, a discriminação, a exclusão que pesam sobre o nosso país. Queremos construir um movimento cada vez mais amplo de todos os partidos, organizações e pessoas de boa vontade que desejam a volta da paz e da concórdia ao nosso país — discursou.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa no lançamento da pré-campanha da chapa Lula-Alckmin, em São Paulo

Twitter/PT Brasil

Na parte final de sua fala, afirmou que o Brasil precisa voltar a ser um país normal. “É preciso dizer com toda clareza. Para sair da crise, crescer e se desenvolver, o Brasil precisa voltar a ser um país normal, no mais alto sentido da palavra. Não somos a terra do faroeste, onde cada um impõe a sua própria lei”, disse. “Temos a lei maior, a Constituição, que rege a nossa existência coletiva. E ninguém, absolutamente ninguém, está acima dela. Ninguém tem o direito de ignorá-la ou de afrontá-la.”

Na sequência, o ex-presidente afirmou que “é imperioso que cada um volte a tratar dos assuntos de sua competência, sem exorbitar, sem extrapolar, sem interferir nas atribuições alheias”.

Sem fazer menção explícita às críticas e ameaças frequentes de Bolsonaro e apoiadores do presidente ao sistema eleitoral, Lula afirmou: “Chega de ameaças, chega de suspeições absurdas, chega de chantagens verbais, chega de tensões artificiais. O país precisa de calma e tranquilidade para trabalhar e vencer as dificuldades atuais. E decidirá livremente, no momento que a lei determina, quem deve governá-lo”.

Num dos momentos mais fortes do discurso, exclamou: “Queremos voltar para que ninguém nunca mais ouse desafiar a democracia. E para que o fascismo seja devolvido ao esgoto da história, de onde jamais deveria ter saído”.

Privatização de estatais

Ao abordar temas econômicos, Lula voltou a sinalizar oposição à ideia de privatização da Eletrobras, falou em fortalecer bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, e a Petrobras.

“Somos autossuficientes em petróleo, mas pagamos por uma das gasolinas mais caras do mundo. Diesel não para se subir, botijão chegou a R$ 150”, criticou.

Sempre alertando para o que chamou de “recuperação da soberania” do país, Lula também falou sobre o papel das Forças Armadas, embora não tenha citado as instituições militares explicitamente. Segundo ele, a defesa da soberania “não se resume à defesa das fronteiras”.

“É defender riquezas, florestas, rios e garantir direitos da população”, disse o petista. Ele também associou esse mote à defesa de políticas que garantam “emprego, salário justo, direitos trabalhistas, acesso à saúde e educação e política externa altiva”.

“O Brasil é grande demais para ser relegado a esse triste papel de pária do mundo”, resumiu.

Menções ao meio ambiente e, mais especificamente, em defesa da Amazônia vêm ganhando destaque nos discursos de Lula. No evento de hoje não foi diferente. O petista falou em proteger a Amazônia “da política de devastação colocada em prática pelo atual governo”.

Depois de afirmar que os governos petistas reduziram o desmatamento, afirmou que “cuidados com meio ambiente vão além” da defesa da floresta. “É preciso voltar a investir em saneamento básico e cuidar da destinação do lixo. Respeito à fauna, à flora e aos seres humanos”. Trata-se, segundo Lula, de um “desafio planetário”.

“Temos muito a aprender com os povos indígenas. Garantir a posse de suas terras e agora estão vendo suas terras invadidas por garimpeiros e madeireiros”, disse. “Nunca um governo como este estimulou tanto o preconceito, a discriminação e a violência.”

O ex-presidente deixou para falar de Alckmin na parte final de seu discurso. Disse ter “muito orgulho” de ter o ex-adversário político como companheiro de chapa e justificou a união afirmando que “o grave momento que o país atravessa nos obriga a superarmos divergências para combater a incompetência e o autoritarismo”.

Citou então uma frase do educador Paulo Freire, que segundo Lula, dizia que “é preciso unir os divergentes para melhor enfrentar os antagônicos”.

Menção a Dilma

No palco, a ex-presidente Dilma Rousseff também foi citada de forma elogiosa por Lula. Ele disse, porém, que ela não fará parte de seu ministério caso vença a eleição.

“Algumas pessoas me dizem: ‘Ah, você vai levar a Dilma para o ministério?’ Nem eu vou levar a nem a Dilma caberia num ministério. A Dilma tem a grandeza de ter sido a primeira mulher presidenta da história desse país”, disse, dirigindo-se a ela. “Você Dilma não vai ser minha ministra, mas vai ser minha companheira de todas as horas”, completou.

O ex-presidente também cometeu uma gafe ao longo do discurso. Ao falar da necessidade de reconvocação de todos que colaboraram com seu governo, disse que “nossa sorte é que algumas pessoas já não existem mais”. A ideia era exaltar a participação de filhos e netos de colaboradores antigos que já morreram.
Fonte: VALOR
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