Pacheco conta com apoio do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Aliança PSDB-MDB não seria inédita; em 2017, Eunício Oliveira foi eleito presidente, e Cassio Cunha Lima, vice. O PT se reunirá na próxima semana para tentar definir quem apoiará na eleição para a presidência do Senado. Segundo petistas ouvidos pelo G1 nesta quarta-feira (6), a tendência é a legenda, cuja bancada é formada por 6 integrantes, apoiar Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
A eleição acontecerá em fevereiro. O atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), apoia Rodrigo Pacheco, assim como o PSD e o líder do PROS, Telmário Mota (RR).
Já o PSDB, que conta com 7 senadores, avalia formar aliança com o MDB, maior bancada do Senado, com 13 representantes. Os tucanos aguardam a definição do candidato do partido para oficializar o apoio.
Uma eventual composição PSDB-MDB não seria inédita. Em 2017, por exemplo, Eunício Oliveira (MDB-CE) foi eleito presidente do Senado, e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), o vice.
Em dezembro, o MDB informou que terá candidato na disputa. O nome, contudo, ainda não foi escolhido. Quatro estão cotados:
Eduardo Braga (MDB-AM), líder do partido no Senado;
Simone Tebet (MDB-MS), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ);
Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo no Senado;
Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso
Uma sigla manifestar apoio a um candidato não significa dizer que todos os integrantes do partido votarão no nome escolhido.
Como a votação é secreta, pode haver dissidências, mas, diferentemente do que ocorre na Câmara, noos correligionários costumam votar em um mesmo nome.
Outra diferença em relação à Câmara é que, no Senado, não é praxe haver lançamento de candidaturas. As negociações costumam ser articuladas nos bastidores, com a oficialização dos postulantes somente no dia da eleição.
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'Boa impressão'
Em busca de apoio, Pacheco já teve conversas preliminares com senadores do PT e deixou, nos petistas, uma "boa impressão", segundo relatos.
"Para nós, a coisa mais importante é o debate sobre a independência do Legislativo, o papel do Congresso e a defesa do estado democrático de direito. E, nesses aspectos, [Pacheco] deixou uma boa impressão. É uma tendência neste momento [o PT apoiá-lo]", disse Humberto Costa (PT-PE).
A legenda também articula espaços na Mesa Diretora do Senado e na presidência da Comissão de Assuntos Sociais (CAS).
Os votos petistas também têm sido buscados por integrantes do MDB. Os senadores do PT, contudo, têm resistência aos nomes de Simone Tebet, Fernando Bezerra e Eduardo Gomes, os dois últimos líderes do governo Jair Bolsonaro.
PSDB
O posicionamento do PSDB só deve sair por volta do dia 15 de janeiro. Mas a eventual composição com o MDB dependeria do nome a ser escolhido. Simone Tebet, por exemplo, conta com a simpatia dos parlamentares do PSDB.
Ao G1, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) disse que o PSDB tenta, em outra frente, compor um bloco com Podemos (10 senadores), Cidadania (3 senadores) e PSL (2 senadores). O bloco, se concretizado, teria 22 integrantes.
Esses votos poderiam ser dirigidos a um nome do MDB ou a uma candidatura própria do grupo.
Proporcionalidade
Atualmente com 13 senadores, o MDB pode aumentar esse número nos próximos dias. Isso porque Rose de Freitas (ES) e Veneziano Vital do Rêgo (PB )podem se filiar à legenda.
Os integrantes do MDB costumam defender a proporcionalidade na ocupação das cadeiras na Mesa Diretora.
O regimento do Senado diz que "na constituição da Mesa é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos e blocos parlamentares que participam do Senad"”.
"Vejo o respeito à proporcionalidade como um dos preceitos mais importantes para atacar aquilo que eu acredito ser uma espécie de vírus destruidor da política e da democracia: o toma lá, dá cá, seja nas barganhas para a indicação de nomes para compor a mesa diretora e das comissões, seja na promessa de benesses posteriores, ou na cobrança pelas anteriores", afirmou Simone Tebet.
“O tamanho das bancadas não pode ser considerado, apenas, como um número. Ele significa a representação da vontade popular. E a vontade popular não pode ser vista, apenas, como uma mera tradição. Ela é o cerne da democracia”, completou.
Na eleição de 2019, o MDB rachou e abriu espaço para a chegada de Alcolumbre à presidência do Senado. O parlamentar do Amapá se beneficiou da divisão da bancada, que teve Renan Calheiros (MDB-AL) como representante naquele pleito.
'Muda Senado'
Grupo que tem representantes de Podemos, Cidadania e PSL, entre outros, o "Muda Senado" também deixou para a segunda quinzena de janeiro reunião para fechar posicionamento.
O grupo teme que Rodrigo Pacheco represente a continuidade da gestão de Alcolumbre, com a qual está descontente. Dois nomes já manifestaram vontade em disputar: Major Olimpio (PSL-SP) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO).
Uma das lideranças do grupo, Alessandro Vieira (Cidadania-SE), no entanto, afirmou que os postulantes terão de viabilizar as candidaturas junto a senadores de outras correntes. Caso contrário, avalia, o "Muda Senado" apoiará a candidatura que seja "mais próxima aos compromissos que o grupo cobra"
"Não podemos ter mais dois anos de uma gestão que não faça reunião da Mesa e que engavete até requerimento de informação a ministérios", disse.
Líder do Cidadania, Eliziane Gama (MA) já manifestou apoio a Simone Tebet. Alessandro Vieira disse ter bom relacionamento com Simone, que, na avaliação dele, é uma “grande parlamentar”, mas ele declarou que ainda não há consenso para apoio à emedebista.
PP
Ao G1, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), disse que a bancada, que tem 7 integrantes, decidirá na próxima semana quem apoiará na disputa pela presidência do Senado.
O partido, atualmente, integra bloco Unidos pelo Brasil, ao lado do MDB e do Republicanos, mas tem feito várias reuniões com Rodrigo Pacheco.
Nogueira, que também está envolvido na sucessão na Câmara dos Deputados, com a candidatura de Arthur Lira (PP-AL), não quis antecipar quem a legenda apoiará no Senado.