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Edna Velho, musa do humor, trabalha no Banco Central, mas não descarta volta aos palcos

Por Redação

17/05/2022 às 04:13:16 - Atualizado há
Atriz de 'Vivo o Gordo' e 'A Praça é nossa' fala da saudade do teatro e explica pausa na carreira artística. Série do g1 relembra trajetória e conta como estão 'musas dos anos 90'. Edna Velho: série musas 1990

Formada em gestão pública e pós-graduada em gestão de marketing, Edna Velha não para de estudar.

Aos 58 anos, a modelo e atriz era uma das musas da TV na década de 1990. Hoje, ela atua com gestão de pessoas no Banco Central, em Brasília, após ser aprovada em concurso público. Também faz curso de design gráfico nas horas vagas do trabalho.

Edna iniciou a carreira como modelo e fez várias participações no programa "Viva o Gordo", com Jô Soares. Muita gente também lembra dela pelos papéis em "A praça é nossa". Mas ela deu um tempo da carreira artística após o nascimento de seu filho, Raphael, em 2002, de sua relação com o ex-jogador Romário.

"Depois que o meu filho nasceu, tudo que eu queria era um pouco mais de estabilidade, de equilíbrio, de poder controlar meus horários, eu precisava disso. Então foi basicamente por isso", afirma Edna em entrevista ao g1.

Nesta semana, o g1 dá voz às mulheres que foram chamadas de musas nos anos 1990. Nesta série de entrevistas, elas relembram as trajetórias e contam como estão.

Apesar da pausa, Edna afirma que não deixou de ser atriz.

"Se algum dia eu decidir, paralelo ao meu trabalho, fazer uma peça de teatro, algo que não impacte no meu desempenho no Banco Central, eu posso perfeitamente fazer. É só querer, né? Ter a vontade, querer e ir atrás."

Edna diz que sente falta dos palcos, mas não da TV. "Basicamente eu trabalhei muito com humor, eu adoro, amo. Mas em questão de teledramaturgia eu já acho uma coisa mais difícil, porque a idade é muito limitadora, entendeu? E eu detesto limite."

Edna Velho em ensaio da década de 1990 em foto de fevereiro

Reprodução/Instagram/EdnaVelho

No bate-papo, Edna ainda fala sobre arrependimentos na carreira, cita nomes de musas da atualidade, conta como lida com o assédio nas redes sociais e debate o processo de envelhecimento.

"A gente tem que ir sentindo o movimento da vida e ir mudando, buscando outras possibilidades, né? Você tem que buscar outras coisas que te façam feliz. Porque você não pode se sentir feliz só por tá na capa de uma revista e ser considerada o símbolo do símbolo do símbolo. Até porque hoje em dia, isso é muito questionável."

g1 – Quais as principais diferenças que você sente sobre as rotinas da carreira artística e na do banco?

Edna – Olha, a diferença é que no meio artístico você acaba estando mais exposto, né? Você tem que estar sempre ali trabalhando com a emoção, é como se você tivesse que segurar um pouco os seus sentimentos. Ou seja, você tem que segurar um pouco você e viver outras coisas, viver outros personagens, se entregar a outras vidas.

Vou te dizer que na Gestão Pública, eu trabalho com comunicação, gestão de pessoas. Você trabalhar com pessoas, você tem que ter empatia, né? O gestor tem que ter empatia para poder administrar, para poder coordenar a equipe ou mesmo para poder lidar com os colegas no dia a dia. Então nesse sentido, a parte artística me ajudou muito. Porque sem empatia, você não pode ser ator.

g1 - Normalmente os atores falam sobre a falta de horários, rotinas, não ter final de semana... nessa questão também dá para você se organizar melhor, ter mais para você, para sua família?

Edna - A gente tem o horário de trabalho, né? Às vezes, quando necessário eu passo a minha hora do almoço, vou até um pouco mais tarde. Mas é lógico que você consegue se organizar melhor em termos de horário, sim. Você consegue ter uma vida mais organizada, consegue chegar e dizer: 'de manhã muito cedo, eu vou para academia, vou malhar'. Já no meio artístico não dá muito para você controlar os horários.

g1 – E em que momento que você decidiu que você não queria mais atuar? Bom, na verdade a pergunta também é se você decidiu que não quer mais atuar nunca mais. E se isso aconteceu, em que momento e por quê?

Edna: Não. Nunca digo nunca. Eu sou atriz, então eu não deixei de ser atriz. Se algum dia eu decidir, paralelo ao meu trabalho, fazer um tipo uma peça de teatro, algo que não impacte no meu desempenho no Banco Central, eu posso perfeitamente fazer. É só querer, né? Ter a vontade, querer e ir atrás.

O momento em que eu decidi dar um tempo da carreira artística, foi quando meu filho nasceu, ele muito pequeno. Então achei que eu tinha que me dedicar bastante a ele, ele precisava muito de mim. E aí o meu artístico é aquele negócio é muito instável.

Você tem que estar à disposição, mas o meio artístico não tá muito à disposição de você. Ou seja, você tem que estar pronta a qualquer momento para um chamado, é muito instável.

E depois que o meu filho nasceu tudo que eu queria era um pouco mais de estabilidade, de equilíbrio, de poder controlar meus horários, eu precisava disso. Foi basicamente por isso.

Edna Velho com o filho Raphael

Reprodução/Instagram

E também porque eu queria escrever um livro sobre concurso, sobre a vida de pessoas que fazem concursos. Eu fui fazendo o curso e me apaixonei ali por aquele universo das pessoas que acordam muito cedo, que estão muito interessadas em aprender. Tinha muita gente que levava até a marmitinha de casa e nos intervalos das aulas, ia lá, fazia um lanche, ou comia mesmo uma refeição.

Foi uma coisa que foi me encantando, aquele amor pelo saber. E pela administração pública também, que eu comecei a conhecer melhor e comecei a me encantar por Administração, é uma coisa que eu gosto muito.

g1 – E você chegou a lançar o livro?

Edna - Não, eu não lancei o livro porque comecei a estudar muito. Meu foco mudou para o estudo. Porque precisa estudar muito para passar em concurso. Você tem que, não só saber a matéria, mas tem que saber fazer a prova. Estudar o conteúdo e o método.

Então eu tive que me focar naquilo dali, mas a ideia do livro não tá abandonada. De vez em quando eu vou lá, escrevo, digito algumas coisas e tal, ideias um pouco soltas ainda, mas que vai ter uma hora que eu vou juntar tudo e vai dar certo.

g1 – Você comentou que se apaixonou por administração pública. Entrar na política é uma possibilidade pra você?

Edna – Olha, como eu te falei, eu nunca digo nunca, né? Eu acho que com a questão da pandemia, não só eu, mas acho que todo brasileiro que quer o bem das pessoas, sentiu vontade de fazer alguma coisa a mais para poder ajudar.

E assim, não sei. Mas eu acho que talvez. Talvez algum dia. Eu estudo para isso, eu continuo estudando. Há chances.

g1 - E sobre a carreira artística, eu queria saber se você sente falta de algo, se você se arrepende de algo que fez ou, até que deixou de fazer?

"Olha, eu sinto falta, sim, do palco. Eu amo o teatro, o teatro me faz falta. Me faz falta essa interação com o público, essa conversa, o sentimento, viver outros personagens. No teatro."

Na televisão, não sei por que a televisão... basicamente eu trabalhei muito com humor, eu adoro, amo, mas em questão de teledramaturgia, eu já acho uma coisa mais difícil, porque a idade é muito limitadora, entendeu? E eu detesto limite.

Não é que eu não tenha limites, mas eu não acho que tem que ter limites para você ser um protagonista, para você ter um bom papel. Acho que idade não. É talento. Se você tem talento, se você pode fazer, se você pode apresentar um trabalho bacana. E essa limitação o teatro já não tem.

E também é uma coisa que você está ali mais interagindo mesmo com o público diretamente, você tem aquele frio na barriga. Eu adoro frio na barriga (risos). Tem a questão também de que cada espetáculo é um espetáculo diferente, cada público é uma energia diferente. Então vai te desafiando a cada apresentação.

Televisão, não sei. Talvez uma participação em programa de entretenimento, mas novela não me vejo.

Edna Velho

Reprodução/Instagram

g1 - E arrependimentos, tem algum?

Edna – Arrependimento? Assim não é arrependimento, não, mas eu acho que eu sempre fui uma pessoa muito de peito aberto, que sempre dava muito mais valor para emoção do que para razão. Então eu sempre me jogava muito sem antes fazer um planejamento.

A questão da administração me deu isso também, segurou esse meu ímpeto como pisciana de me jogar sem antes fazer uma avaliação.

Não é que você vai fazer planejamento para tudo na vida, não é isso. Mas você tem que entrar nas coisas avaliando todas as possibilidades com um olharzinho para o futuro também, né? Então eu acho que eu poderia ter levado mais em conta a razão e planejado melhor.

g1 – Você foi considerada uma das maiores musas da década de 1990, então queria saber se você passou por muitas situações de assédio. Hoje se fala mais sobre isso, mas era uma época em que não se comentava muito, né?

Edna - Sim, eu acho que sim, porque o assédio não necessariamente é o assédio sexual só, mas tem outros tipos, né? A mulher sempre passa muito por assédio, consciente e inconsciente da parte que assedia. Até pela nossa cultura mesmo.

Mas assim, eu nunca tive muita dificuldade em lidar com isso, não. É desagradável, é muito ruim, mas nesse sentido eu sempre soube me impor. Sempre soube dizer o não. Não é não e pronto.

Talvez a minha emoção tenha me ajudado muito nessa parte, de você levar em conta o coração.

Eu sempre cortei antes de deixar a coisa ficar muito grande. Mas via muito questões de pessoas que não sabiam lidar muito porque o meio artístico, se você não tiver muito equilíbrio, ele é muito sedutor. Para conseguir passar por ele e ser bem-sucedido, você tem que realmente ter equilíbrio, ter na sua mente o que você quer, planejar, saber dizer não e estudar muito.

Edna Velho

Reprodução/Instagram

g1 – Quem você considera musa da atualidade?

Edna: As musas de hoje? Tatá Werneck. Juliette. Adoro a Anitta. Deixa-me ver... Maju. Amo a Maju, nossa! Eu adoro Maju, o estilo Maju de ser é tudo.

Quem mais? Eu gosto bastante do pessoal do jornalismo, Natuza Nery, a Maria Beltrão eu sou superfã, meu Deus, que mulher divina, que diva!

Se a gente for buscar lá fora, aí eu gosto da Billie Eilish, muito. Ah, e tem a Iza, que eu esqueci. A Iza é maravilhosa.

g1 – Em "Um lugar ao sol", a personagem da Andreia Beltrão falou sobre o processo de envelhecimento de uma ex-modelo. Você sente esse processo de envelhecimento, de julgamento das pessoas nas redes?

Edna – Sim, isso existe. E existe muito. Além de existir, existe aquela parte das pessoas que gostariam de ser como você é, de estar levando a sua vida assim com a clareza que você leva, com o entendimento que você leva de que cada fase é uma fase, cada fase tem a sua beleza.

E, e assim eu sinceramente gosto muito mais de mim hoje do que quando era mais nova. Mas é um processo que você passa.

Eu acho que a pessoa tem que ir vendo o movimento da vida. A gente tem que ir sentindo o movimento da vida e ir mudando, buscando outras possibilidades. Você tem que buscar outras coisas que te façam feliz. Porque você não pode se sentir feliz só por está na capa de uma revista e ser considerada o símbolo do símbolo do símbolo. Até porque hoje em dia isso é muito questionável.

O que é que é beleza? Beleza é um conjunto, são várias coisas. Não é só a aparência. É principalmente o que os teus olhos refletem. O que você consegue passar de bom para as pessoas vai refletir na tua aparência. E isso independe de idade, de sexo, de cor, independe de nada.

Depende de você se gostar. Se a gente se gosta, a gente é bonito em qualquer idade.

Relembre a trajetória de Edna Velho:

21 de fevereiro de 1964: Edna Velho nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro

1981: inicia a faculdade de Letras e de Teatro

1988: após atuar no humorístico "Viva o Gordo" (1981-1987), se destaca no episódio "Garota da Capa", do "Caso Especial".

1991: estreou no humorístico "A Praça é nossa", fazendo parte do núcleo fixo de 1994 a 2003

1985 e 1986: foi capa da revista Ele Ela

2000: foi capa da revista Sexy

2002: deu à luz Raphael, de seu relacionamento com Romário

2013: foi aprovada no concurso do Banco Central e se tornou servidora pública

2015: se formou em Gestão Pública

2019: fez uma pós-graduação em Gestão de Marketing
Fonte: G1
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