Houve redução de 19,9% no número de docentes na universidade de Campinas, que teve alta de 19,3% de alunos. 'Carga horária acaba sendo bastante grande', diz associação dos professores.
Imagem aérea da Unicamp
Antonio Scarpinetti
Entre 2002 e 2022, o número de professores da Unicamp caiu de 2.121 para 1.699. Ao todo, são 422 vagas não repostas em 20 anos - queda de 19,9%. Além disso, a instituição perdeu 1,2 mil técnicos-administrativos. Os dados, obtidos pelo g1 via Lei de Acesso à Informação (LAI) e complementados pela Universidade Estadual de Campinas (SP), contrastam com o crescimento nos números de estudantes e cursos.
Presidente da Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp), Maria Silvia Viccari Gatti afirma que a categoria sente a defasagem e que há impactos no trabalho dos profissionais.
"Se você for em cada unidade, todo mundo vai falar que tem defasagem, que quer mais docentes. [Também] Não existe uma distribuição equitativa, porque as unidades são muito diferentes entre si. Você tem unidades com mais de 100 docentes e unidades com menos de 20, que são as mais novas".
Maria Silvia, que é professora aposentada do Instituto de Biologia, também pontua que o trabalho dos professores extrapola o momento das aulas. Por isso, a falta de um quadro completo na docência afeta o dia a dia.
"A administração de uma aula não significa somente aquela hora em sala de aula. O professor tem que preparar a aula, tem prova para corrigir...", afirmou a presidente.
"O professor na Unicamp não é só professor, é gestor, é pesquisador. Então a carga horária acaba sendo bastante grande", completou.
Maria também pontua que o crescimento nos cursos e no número de alunos matriculados na pós-graduação ampliou a demanda dos profissionais.
Segundo ela, a universidade prevê contratações e a retomada de concursos que foram paralisadas por conta da legislação na pandemia. As informações foram divulgadas à comunidade escolar em reunião do Conselho Universitário.
Número de alunos sobe 19,2%
Segundo o anuário estatístico de 2004 da universidade, o mais antigo disponível no site da instituição, 16.313 alunos estavam matriculados em 57 cursos de graduação. Na pós-graduação, 15.393 estudantes ocupavam vagas em 127 cursos.
Já o anuário de 2020, o mais recente, mostra que a Unicamp oferecia 65 cursos de graduação e tinha 20.546 alunos matriculados. Na pós, eram 159 cursos para 17.278 matriculados.
Na soma, são 31.706 estudantes em 2004 contra 37.824 em 2020. O aumento foi de 19,2% em 16 anos. Já o número de cursos de graduação subiu de 57 para 65.
Universidade prevê recomposição
A Unicamp informou que a queda no quadro de funcionários se deu de forma mais intensa a partir de 2016 e é explicada por um conjunto de fatores. A universidade destaca a crise econômica que atingiu o financiamento das universidades e o alto índice de aposentadorias.
Segundo a instituição, a lei de maio de 2020 que suspendeu temporariamente a possibilidade de novos concursos públicos também impactou de forma negativa.
"Com relação aos servidores docentes houve uma variação de 1901 para 1699 entre final de 2016 e final de 2021 (-10%)", enumerou.
A atual reitoria, que tomou posse em abril do ano passado, afirmou que tem a proposta de contratar 165 docentes entre este ano e o próximo.
Já o número de funcionários administrativos caiu 15,8% desde 2016. São 1.203 servidores a menos, com variação de 7.626 para 6.423.
"A proposta da atual reitoria é que entre 2022 e 2023 seja feita a contratação de 372 novos servidores. A expectativa é que o processo de reposição continue nos próximos anos", completou.
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