O quantitativo de doses da vacina BCG enviado aos Estados pelo governo federal deve permanecer reduzido nos próximos seis meses. Em ofício direcionado às secretarias estaduais no fim de abril, o Ministério da Saúde explicou que enfrenta dificuldades na aquisição do imunobiológico.
A disponibilidade no estoque nacional foi limitada para que não haja desabastecimento. O documento federal recomenda que os Estados “otimizem e façam uso racional” da vacina durante o período.
Em relação à situação em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) confirma a orientação da União e informa que, até o momento, “não foi constatada falta da vacina BCG no território estadual”. A pasta não detalhou, no entanto, a dimensão da redução.
Como consequência, o quantitativo de BCG enviado aos municípios também sofre alteração.
Em Belo Horizonte, o total recebido ao mês caiu de 21 mil para 6 mil e a distribuição nos centros de saúde e hospitais teve que ser readequada. No momento, 11 postos e quatro hospitais na capital estão aplicando a vacina. Antes, 40 locais ofereciam o imunizante.
Caso o desabastecimento se estenda, é possível que crianças fiquem sem vacinar. No entanto, o maior problema, na visão da pediatra e diretora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Ivana Moutinho, é para as famílias de quem convive com a doença.
“Faltando o imunobiológico vai faltar a aplicação, porque, se nascerem mais crianças do que as doses disponíveis, algumas ficarão sem vacinar e talvez nunca mais voltem para tomar o imunizante. É um risco à saúde, mas principalmente para as famílias que têm pessoas com tuberculose em casa. Nesse caso [de falta de vacina], as famílias de risco devem ter prioridade para os recém-nascidos recebam BCG”, observa.