O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) alegou ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJ-DFT ) que a renda de seu trabalho como advogado viabilizou parte do financiamento da mansão de quase R$ 6 milhões, comprada no início de 2021 pelo primogênito do presidente Jair Bolsonaro (PL) em área nobre de Brasília (DF). O valor total da casa foi estimado, naquele ano, em R$ 5,97 milhões.
No entanto, segundo informações da Folha de S. Paulo divulgadas nesta quarta-feira (1º), não há registros de processos nos quais Flávio tenha atuado como advogado no Distrito Federal e no Rio de Janeiro, as duas unidades federativas onde ele tem inscrição válida na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). O senador também não está listado em processos que tramitam nas instâncias superiores.
A justificativa da renda foi protocolada pelo próprio senador em resposta a uma ação movida no TJDFT pela deputada federal Erika Kokay (PT-DF). O processo traz como réus Flávio, a esposa dele, Fernanda Bolsonaro, e o Banco de Brasília (BRB).
"A renda familiar dos réus não está adstrita somente à remuneração percebida pelo réu no exercício da atividade parlamentar, visto que o mesmo atua como advogado, além de empresário e empreendedor, por muitos anos", escreveu Flávio em documento para o tribunal.
No mesmo documento, o senador sustenta que "o banco que concedeu o financiamento, assim como todas as instituições financeiras no Brasil, segue um rigoroso compliance e está sujeito a regras regulatórias e de fiscalização que impedem qualquer irregularidade".
O advogado de Kokay, Jonatas Moreth, questiona a origem da renda das atividades mencionadas por Flávio, pois tal renda não é comprovada. Há também suspeita sobre a capacidade de o senador obter financiamento no BRB (Banco de Brasília) de R$ 3,1 milhões, valor que ele necessitava para completar a compra do imóvel.
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