Na quinta-feira, ministro Eduardo Pazuello havia anunciado aquisição de 46 milhões de doses até abril e opção de compra de mais 54 milhões de doses da CoronaVac. O Ministério da Saúde informou neste sábado (9) que toda a produção de vacinas contra a Covid-19 produzidas pelo Instituto Butantan, de São Paulo, será comprada com exclusividade pelo governo federal.
De acordo com o ministério, as doses serão incorporadas ao Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19.
Na quinta-feira (7), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou que a pasta compraria 100 milhões de doses da vacina CoronaVac, desenvolvida em parceria pelo Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac. O contrato prevê a entrega de 46 milhões de doses até abril e a opção de compra de mais 54 milhões de doses.
Segundo o ministério, em reunião nesta sexta-feira (8), "representantes do Ministério da Saúde e do Instituto Butantan acertaram que a totalidade das vacinas produzidas pelo laboratório paulista serão adquiridas pelo Governo Federal".
Nos próximos dias, de acordo com o ministério, haverá uma reunião entre o ministro Pazuello e representantes dos secretários estaduais e municipais de saúde para detalhamento da logística de distribuição e do calendário da campanha de vacinação.
A pasta informou que participaram do encontro da sexta (8), em São Paulo, os assessores especiais do Ministério da Saúde, Zoser Hardmann e Aírton Cascavel; a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Francieli Fantinato; o superintendente de São Paulo do Ministério da Saúde, José Carlos Paludeto; além do presidente e da diretora do Instituto Butantan, Dimas Covas e Cíntia Retz, respectivamente. O coordenador do Fórum Nacional de Governadores, Wellington Dias (Piauí) também participou do encontro por videoconferência.
Na nota, o Ministério da Saúde afirmou que as doses da vacina serão distribuídas aos estados em quantidade proporcional à população de cada um e que os estados farão a distribuição do imunizante para os municípios.
A pasta afirmou ainda que a campanha de vacinação deve começar "tão logo os imunizantes recebam autorização da Anvisa - para uso emergencial ou o registro definitivo", de forma gratuita e universal.
Uso emergencial
Na sexta (8), o Instituto Butantan, que desenvolve a vacina CoronaVac em parceria com o laboratório SinoVac, e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que produzirá a chamada vacina de Oxford no Brasil, entraram com pedido de uso emergencial das suas vacinas na Anvisa. O resultado do pedido deve ser divulgado no prazo máximo de dez dias.
De acordo com o Butantan, o pedido de uso emergencial foi para as 6 milhões de doses que chegaram prontas da China. Segundo o instituto, um novo pedido será enviado para as doses envasadas no instituto em São Paulo. A solicitação foi feita durante uma reunião virtual, por causa da pandemia, segundo o Instituto Butantan. A Anvisa diz que já iniciou a triagem da documentação entregue.
A Fiocruz, por sua vez, entregou pedido de uso emergencial para 2 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, que devem ser importadas do laboratório Serum, sediado na Índia.
Bolsonaro já rejeitou
A CoronaVac esteve no centro de uma disputa política entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Dória (PSDB).
Em outubro, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo federal não iria comprar a CoronaVac e que tinha mandado cancelar um protocolo de intenções firmado entre o ministério e o Butantan.
"O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade. Até porque estaria comprando uma vacina que ninguém está interessado por ela, a não ser nós", declarou na ocasião.
Um dia depois, Bolsonaro visitou Pazuello, e o ministro afirmou durante transmissão ao vivo em uma rede social do presidente: "Senhores, é simples assim: um manda e o outro obedece. Mas a gente tem um carinho, entendeu?".
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