Aos gritos de "O sangue derramado nunca será esquecido!", indígenas peruanos saíram em passeata nessa sexta-feira (17) em Lima para exigir proteção para a terra e a água, e se solidarizar com o Brasil, após o assassinato de um jornalista britânico e um indigenista brasileiro na Amazônia brasileira.
A manifestação, da qual participou uma centena de indígenas da serra andina, Floresta Amazônica e costa peruana, percorreu as ruas de dois distritos do sul da capital peruana.
Os indígenas manifestaram-se em frente à sede do Ministério da Justiça, no distrito de Miraflores, e depois caminharam quase três quilômetros até o prédio do Ministério do Interior, no município vizinho de San Isidro, onde reiteraram suas demandas.
"Nos deixa indignados que nossos territórios estejam hipotecados pelas mineradoras. Estamos na porta do Ministério do Interior porque o governo não nos ouve", disse a aymara Margarita Atencio Mamani. "Nosso Lago Titicaca (compartilhado por Peru e Bolívia) está muito poluído", lamentou a indígena, 49.
Os manifestantes denunciaram que os defensores do meio ambiente na Amazônia são alvos frequentes de ataques. Dezenove deles foram assassinados nos últimos dois anos no Peru, segundo ONGs.
"O país ocupa o nono lugar entre os países com o maior número de ataques registrados contra defensores do meio ambiente no mundo", apontou a ONG Direito, Ambiente e Recursos Naturais (DAR). "A violência contra os defensores do meio ambiente e dos direitos humanos está fora de controle em nível nacional", acrescentou.
A líder amazônica awajún Agustina Mayan, 44, disse que não se pode "permitir que continuem assassinando" ativistas na Amazônia. "Nós nos solidarizamos com o Brasil", acrescentou, após o assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira.
“A Amazônia corre muito perigo com o corte de madeira e a contaminação da água e do meio ambiente em geral”, advertiu Arthur Cruz Ochoa, líder da comunidade indígena de Maynas Punchana, na região de selva de Loreto. (AFP)