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Preso em operação que investiga prática de tráfico de influência e corrupção na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Ribeiro deve passar por audiência por videoconferência. Vídeo mostra momento em que ex-ministro Milton Ribeiro é preso pela PF por volta das 7hMilton Ribeiro, ex-ministro da Educação, preso pela Polícia Federal nesta quarta-feira (22), em Santos, no litoral paulista, foi trazido para São Paulo, onde deve dormir na carceragem da sede da PF na Zona Oeste de capital e participar de audiência por vídeoconferência. Ele foi preso no prédio em que mora, em Santos, por volta das 7h, em investigação sobre suspeita de tráfico de influência e corrupção na pasta. (veja o vídeo acima). Ribeiro saiu do litoral por volta das 13h30 e chegou à superintendência da Polícia Federal na Lapa por volta das 16h. Ribeiro era esperado em Brasília às 14h desta quinta-feira (23), para uma audiência de custódia. A defesa do ex-ministro entrou com um pedido de vista para que ele fosse mantido em Santos, mas Justiça Federal negou o pedido da defesa para a permanência em São Paulo. Na decisão, o juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal, determinou a imediata transferência do ex-ministro para Brasília.Mesmo com a decisão da Justiça Federal de mandá-lo pra Brasília, a PF argumentou que não tinha logística pra fazer isso nesta quarta nem quinta-feira (23) a tempo de ele participar da audiência as 14h. O ex-ministro do governo Jair Bolsonaro foi preso no âmbito de uma operação, batizada de Acesso Pago, que investiga a prática de tráfico de influência e corrupção na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão ligado ao Ministério da Educação.A prisão de Ribeiro foi determinada pela Justiça por causa de um suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do MEC. O ex-ministro é investigado por suspeita de corrupção passiva; prevaricação (quando um funcionário público 'retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício', ou se o pratica 'contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal'); advocacia administrativa (quando um servidor público defende interesses particulares junto ao órgão da administração pública onde exerce suas funções); e tráfico de influência. Em nota enviada à imprensa, os advogados de Milton Ribeiro defenderam que a prisão do ex-ministro "é injusta, desmotivada e indiscutivelmente desnecessária" e que "inexiste razão para a prisão preventiva editada".LEIA MAISFoto em Bíblia, debandada no Inep, fala sobre crianças com deficiência e mais: as polêmicas de Milton RibeiroFNDE: por que o fundo palco de escândalo é tão disputado no MECPrefeito que recusou pedido de propina de pastor diz que ainda aguarda verba reivindicada ao MECEntenda a investigaçãoA investigação envolve um áudio no qual Ribeiro dizia liberar verbas da pasta por indicação de dois pastores, Gilmar Santos e Arilton Moura, a pedido de Bolsonaro. "Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar", disse o ministro no áudio.Alguns prefeitos também denunciaram pedidos de propina – em dinheiro e em ouro – em troca da liberação de recursos para os municípios. Milton Ribeiro disse que pediu apuração dessas denúncias à Controladoria-Geral da União.Ribeiro já havia prestado depoimento à PF no final de março, quando confirmou que recebeu o pastor Gilmar a pedido de Bolsonaro. No entanto, ele negou que tenha ocorrido qualquer tipo favorecimento.Quem é Milton Ribeiro?Relembre o caso O inquérito foi aberto após o jornal "O Estado de S. Paulo" revelar, em março, a existência de um "gabinete paralelo" dentro do MEC controlado pelos dois pastores. Dias depois, o jornal "Folha de S.Paulo" divulgou um áudio de uma reunião em que Ribeiro afirmou que, a pedido de Bolsonaro, repassava verbas para municípios indicados pelo pastor Gilmar Silva.Após a revelação do áudio, Ribeiro deixou o comando do Ministério da Educação.Registros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) apontam dezenas de acessos dos dois pastores a gabinetes do Palácio do Planalto.'Cara no fogo'Em vídeo, Bolsonaro chegou a dizer que botava "a cara no fogo" por Ribeiro e que as denúncias contra o ex-ministro eram "covardia" (assista abaixo). Já nesta quarta, questionado sobre a prisão do ex-ministro pela PF, Bolsonaro afirmou que Ribeiro é quem deve responder por eventuais irregularidades à frente do MEC."Ele responde pelos atos dele", afirmou Bolsonaro em entrevista à rádio Itatiaia. O presidente disse ainda que "se a PF prendeu, tem motivo."Bolsonaro: "Eu boto a minha cara no fogo pelo Milton"