Uma das responsáveis pela representação que tornou o ex-piloto Nelson Piquet alvo de denúncia junto ao Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios acusado por crime de discriminação ou preconceito, a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) justificou neste sábado (2) a ação iniciada dias depois da viralização de uma entrevista em que Piquet chama o piloto inglês Lewis Hamilton de "neguinho".
"Nelson Piquet é mais um exemplo de como funcionam os apoiadores do presidente: respondem com ódio sempre que podem. Não podemos tolerar esse tipo de fala num estado democrático. O racismo, que estrutura nossa sociedade, precisa ser combatido em todas as esferas", disse Talíria Petrone, via assessoria de imprensa, ao UOL Esporte.
Petrone encabeçou a representação contra Nelson Piquet na Câmara dos Deputados ao lado das também deputadas federais pelo PSOL Áurea Carolina (MG) e Vivi Reis (PA). Na sexta-feira (1), o ex-piloto tornou-se alvo de denúncia no MP-DFT, que investigará sua conduta. A informação foi divulgada inicialmente pela jornalista Mônica Bergamo, na "Folha de S.Paulo", e então publicada pelo UOL.
Em entrevista ao jornalista Ricardo Oliveira, em novembro de 2021, Nelson Piquet usou mais de uma vez o termo "neguinho", considerado racista, e ainda foi homofóbico ao se referir a Lewis Hamilton. O teor da entrevista tornou-se público no último dia 27 e ganhou repercussão internacional.
"O neguinho [Lewis Hamilton] meteu o carro e não deixou [desviar]. O Senna não fez isso. O Senna saiu reto. O neguinho meteu o carro e não deixou [Verstappen desviar]. O neguinho deixou o carro porque não tinha como passar dois carros naquela curva. Ele fez de sacanagem. A sorte dele foi que só o outro [Verstappen] se fodeu. Fez uma puta sacanagem", afirmou o tricampeão mundial na entrevista de 2021. O termo, quando usado de maneira pejorativa ou com a intenção de ofender, é considerado racista.
O heptacampeão da Fórmula 1 Lewis Hamilton se pronunciou em português nas redes sociais para rebater a fala racista usada por Piquet. "É mais do que linguagem. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Fui cercado por essas atitudes e alvo de minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação", afirmou o piloto inglês.
Na última quarta-feira (29), Nelson Piquet havia divulgado um comunicado no qual se desculpava pelo uso do termo racista e afirmava que não teve intenção de ofender o britânico. Na quinta, o piloto Max Verstappen, que namora Kelly, filha de Piquet, afirmou que a fala racista do sogro havia sido uma 'escolha ruim de palavras'.
Sobre a declaração de Talíria Petrone de que Piquet "é mais um exemplo de como funcionam os apoiadores do presidente", o ex-piloto já chegou a dizer, em entrevista à RedeTV, que é "Bolsonaro até morrer" e no último Dia da Independência, em 7 de setembro de 2021, dirigiu o Rolls-Royce presidencial na chegada de Jair Bolsonaro (PL) à cerimônia de hasteamento da Bandeira Nacional.
A representação da bancada do PSOL diz que "a fala de Piquet merece repúdio de todos os que acreditam nos princípios constitucionais". O MP-DFT agora iniciará a investigação interna. Nelson Piquet não comentou o assunto
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