Prestes a receber a implantação da rede 5G, prevista para chegar em Belo Horizonte ainda em julho, segundo prevê a Anatel, ou até o final de agosto, dependendo a aprovação de uma lei sobre antenas na Câmara dos Vereadores, a capital mineira só tem cobertura ideal para o 3G e 4G na região Centro-Sul. Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel) mostra que em todas as outras regionais da metrópole há déficit para acesso à internet.
O problema, conforme a entidade, ocorre porque o número de antenas e torres para a distribuição do sinal em BH é considerado médio, em uma escala de muito baixa a alta. São cerca de 1.211 estruturas para a transmissão da rede na capital. Considerando o critério de quantidade de antenas por km², Barreiro, Venda Nova e região Norte apresentam nível crítico e têm apenas 2 antenas dentro do perímetro, enquanto Centro-Sul, Pampulha, Noroeste, Leste e Nordeste têm números satisfatórios.
Quando o assunto é a chegada do sinal para a população, o parâmetro considerado é o de mil habitantes utilizando a mesma rede. Neste sentido, a região Centro-Sul é a única a ter estrutura suficiente para garantir boa conexão, com 565 pessoas dividindo a mesma rede. Em seguida, a Pampulha figura em segundo lugar, mas já com 1.463 cidadãos por antena. Nas últimas posições figuram Venda Nova, com uma proporção de 4.671 moradores por rede e a região Norte com 5.736 pessoas dividindo o mesmo sistema de conexão.
Nas periferias de BH, segundo o presidente da Abrintel e porta-voz do movimento Atente-se, Luciano Stutz, a situação também é ruim. Há locais em que não há nem sinal 4G, pela falta de antenas. Stutz destacou que a situação é fruto de um problema histórico de Belo Horizonte que vai ser corrigido com a aprovação do PL 328, na Câmara Municipal, que vai à sanção do prefeito Fuad Noman (PSD), na próxima semana.
O texto trata da infraestrutura para adequar a rede da cidade ao 5G, já que BH, conforme o representante da Abrintel, não tinha previsão legal para instalações de novas torres. “Esse problema se arrasta desde a implantação do 4G. Os bairros mais pobres, com menor renda média, têm maior quantidade de habitantes, dividindo a mesma estrutura de telecomunicações por uma legislação que ainda era da época do 2G, 3G”, disse.
No PL aprovado pela Câmara foram listadas uma série de regras que devem direcionar a ampliação da infraestrutura na capital. Entre as normas, algumas geram inconformidade no setor de antenas, como a obrigatoriedade de licenciamento ambiental para instalações em alguns locais e conceitos urbanísticos que definem distanciamentos entre edificações vizinhas e do solo.
As condições previstas no PL, segundo a Abrintel, garantem a instalação inicial do sinal 5G na capital. “Mas não garantirá ótima cobertura principalmente na segunda e terceira fase em 2023 e 2024 em que será preciso adensar o sinal e colocar mais antenas na cidade. E o PL, como está, vai inibir e trazer uma burocracia para que a gente consiga regularizar as antenas no município”, argumenta Luciano.
Segundo ele, para o adensamento do sinal do 5G é preciso multiplicar em até dez vezes a frequência que o 4G necessita, por exemplo. “O 5G se faz com vários tipos de coberturas e inclusive continua aproveitando as torres e postes altos. Mas no centro urbano, principalmente, vai se fazer com estruturas de pequeno porte”, exemplificou. As antenas, segundo ele, são pequenas e tem 30 litros de volume - tamanho semelhante ao de três caixas de sapatos empilhadas.
“Vão estar instaladas nas estruturas, postes já existentes, mas também em bancas de jornais, fachadas de prédio, semáforos”, complementa. A expectativa da Abrintel é de que a chegada do 5G com implantação de mais antenas e torres também se tenha benefícios para que a rede 4G chegue em regiões de BH em que há déficit atualmente, como em Venda Nova.
“Quando as pessoas são colocadas nessa situação, o cidadão percebe o sinal no smartphone, mas na hora que vai usar o vídeo não carrega, a mensagem não chega, fica lento porque tem muita gente dividindo os mesmos recursos”, complementou Stutz.
Em Brasília, onde o 5G chegou primeiro no Brasil, a escolha ocorreu em função de critérios técnicos, segundo a Abrintel. Na capital nacional, o governo conseguiu chegar a todas as famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal para programas sociais que recebem o sinal de TV aberta por antenas parabólicas convencionais.
Os receptores de sinal de modelo antigo, grande e redondo, foram substituídos por um kit composto de um antena menor, semelhante do modelo usado dos serviços de TV a cabo e um aparelho que é ligado junto à televisão para transmitir o sinal. Em BH, a Siga Antenado está convocando cerca de 2.600 famílias, neste perfil, a realizar um agendamento para obter a substituição dos equipamentos gratuitamente.