Representações podem levar à expulsão de 20 parlamentares. Grupo diz apoiar candidatura de Lira, aliado de Bolsonaro, à presidência da Câmara; PSL quer apoiar Baleia Rossi, do MDB. A Executiva Nacional do PSL decidiu nesta terça-feira (12) enviar ao Conselho de Ética do partido representações disciplinares que podem levar à expulsão de 20 deputados federais. As informações são do segundo-vice-presidente nacional da legenda, deputado Bozzella (SP).
Os deputados formam uma "ala dissidente" do partido que, desde o início do governo Jair Bolsonaro, vive em embate com o comando da legenda. A gota d'água para acionar o Conselho de Ética foi o apoio declarado pelo grupo à candidatura de Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara.
O anúncio dos deputados contraria decisão da cúpula do partido, que resolveu integrar o bloco do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) – principal adversário de Lira na disputa.
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O Conselho de Ética do PSL tem reunião marcada para esta quarta-feira (13), quando devem ser analisadas as representações contra os parlamentares. Caberá ao colegiado decidir, se for o caso, que tipo de punição poderá ser aplicada.
Dos 20 deputados que serão alvo do colegiado, 17 já estão atualmente suspensos de suas atividades partidárias em razão de outros atritos com os dirigentes do PSL.
Os parlamentares suspensos continuam no exercício do mandato, mas não podem representar a legenda na Câmara em cargos de liderança ou vice-liderança, por exemplo.
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Crise interna
A divergência envolvendo a eleição para presidente da Câmara elevou a crise interna do PSL para um novo patamar. O grupo dissidente se diz contrário a integrar o bloco de Baleia Rossi, que inclui partidos de esquerda, e chegou a apresentar um ofício com 32 assinaturas.
Arthur Lira, líder dos partidos do Centrão, é apoiado por Jair Bolsonaro para assumir o comando da Câmara. Já Baleia Rossi conta com o apoio da esquerda e do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Segundo Bozzella, a apresentação do ofício foi um dos motivos para embasar os processos disciplinares contra os deputados. Nem todos que assinaram o documento, no entanto, foram acionados.
"Essa questão não é pontual a quem aderiu ao bloco do Lira. Na verdade, temos 20 deputados que sofreram representações, alguns deles suspensos, e agora há novas representações por causa das infidelidades partidárias, que são assuntos recorrentes. Eles são reincidentes. No processo de eleição em 2020, apoiaram candidatos de outras legendas concorrentes diretos nossos", afirmou Bozzella ao G1.
O partido vive em clima de guerra desde que o presidente Bolsonaro se desfiliou da legenda, no final de 2019. A decisão foi tomada após disputas pelo controle do partido entre Bolsonaro e o presidente da legenda, deputado Luciano Bivar (PSL-PE). A partir daí, a bancada na Câmara se dividiu em alas "bolsonarista" e "bivarista".
Confira os nomes dos 20 deputados alvos de representação no Conselho de Ética:
Já suspensos das atividades partidárias:
Alê Silva (PSL-MG)
Aline Sleutjes (PSL-PR)
Bia Kicis (PSL-DF)
Bibo Nunes (PSL-RS)
Carla Zambelli (PSL-SP)
Carlos Jordy (PSL-RJ)
Caroline de Toni (PSL-SC)
Chris Tonietto (PSL-RJ)
Daniel Silveira (PSL-RJ)
Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)
Filipe Barros (PSL-PR)
General Girão (PSL-RN)
Helio Lopes (PSL-RJ)
Junio Amaral (PSL-MG)
Márcio Labre (PSL-RJ)
Sanderson (PSL-RS)
Vitor Hugo (PSL-GO)
Com atividade partidária normal:
Coronel Tadeu (PSL-SP)
Guiga Peixoto (PSL-SP)
Major Fabiana (PSL-RJ)