O Ministério da Saúde emitiu comunicado aos Estados orientando o uso racional do contraste utilizado para a realização de exames, em função do cenário de escassez do insumo no Brasil. Conforme a pasta, o pedido para controle do uso do produto foi feito para “reduzir o desabastecimento” no país.
Em junho, a reportagem de O TEMPO já havia demonstrado que a falta de contraste em hospitais públicos de Minas Gerais poderia colocar em risco a vida de pessoas com doenças cardíacas graves.
Além do contraste, o Brasil enfrenta problema crônico na falta de 86 medicamentos utilizados na rotina hospitalar. A situação tem sido acompanhada de perto por O TEMPO nas últimas semanas. Só em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) contabiliza ao menos 51 fármacos com abastecimento irregular.
Na lista, há medicamentos para tratamento de câncer, doenças crônicas e enfermidades que acometem crianças. Segundo o Ministério da Saúde, a determinação para uso racional do contraste é válida até que o fornecimento seja regularizado no país. A pasta, entretanto, não estima uma data para que a situação seja controlada.
“A escassez de meios de contraste ocorre de forma global devido à interrupção nas cadeias de produção e distribuição do insumo, e esta como consequência dos efeitos causados pela pandemia de Covid-19, particularmente na China”, justificou em nota. Ainda conforme o Ministério, a aquisição do contraste não é de responsabilidade da União.
A pasta ainda afirma que a orientação de racionalização foi feita em conjunto com as sociedades médicas do país. “Dessa maneira, a fim de auxiliar e minimizar os danos relacionados à falta do mencionado produto, a pasta recomenda otimizar o uso, priorizando procedimentos em pacientes de maior risco e em condições clínicas de urgência e emergência”, orienta o Ministério da Saúde.
Para que serve o contraste?
Utilizado em exames cardiovasculares ou em imagéticos como tomografias, raio-x e ressonâncias, o contraste ajuda a melhorar a qualidade das imagens geradas durante os procedimentos. Geralmente aplicado na veia, o insumo realça a opacidade das estruturas do organismo, o que facilita a compreensão médica e um diagnóstico após o recebimento do resultado final.
Por que faltam medicamentos e insumos?
Os problemas acontecem por uma dependência grande do País pela importação de matéria-prima para produção de medicamentos, que vem sobretudo da China. Com os fechamentos das indústrias e dos portos da nação asiática, o Brasil tem sofrido para atender à demanda dos pacientes.
Esse problema acontece também por uma falta de investimento do País na indústria farmacêutica. Um exemplo é o principal laboratório de Minas Gerais, a Fundação Ezequiel Dias (Funed), que não recebe um centavo do governo federal para a produção de medicamentos.
(*Com informações de Gabriel Ronan)
O TEMPO