O Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho é lembrado nesta quarta-feira, 27 de julho. A data é um marco nacional das medidas de prevenção aos danos à saúde física e mental do trabalhador no ambiente corporativo.
Algumas pessoas ainda desconhecem que a doença mental adquirida no exercício profissional também pode ser considerada acidente de trabalho. Neste ano, por exemplo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu da síndrome de burnout como patologia ocupacional.
A ocorrência de atestados médicos por doenças mentais vem aumentando nas empresas brasileiras, principalmente após a pandemia. É o que mostram pesquisas como a da Closecare –plataforma digital voltada para a gestão de atestados médicos e da saúde corporativa. O estudo apontou um crescimento de 30% no afastamento de profissionais do trabalho por transtornos mentais e comportamentais.
De acordo com esse levantamento, as ocorrências são mais comuns nos setores de serviços, varejo, advocacia, tecnologia e em multinacionais, que pagam melhores salários, com atividades que exigem fisicamente menos, porém com situações de pressão que impactam o emocional e o mental, gerando mais estresse.
Há dois anos, o Informe da Previdência Social (12/2020) também já reforçava essa realidade, mostrando que os transtornos mentais e comportamentais foram a terceira maior causa de afastamento do trabalho, entre 2007 e 2020, período em que foram registradas 2,717 milhões de licenças médicas.
Para a head de Benefícios da corretora Finlândia, Fernanda Nehlaoui Machado - especialista em planos de saúde, odontológicos e seguros de vida, a questão mental tem sido cada vez mais priorizada pelas empresas e, acompanhando essas transformações, as operadoras têm adequado e disponibilizado planos empresariais que abrangem a prevenção e o tratamento dessas doenças.
Fernanda detalha que, além de oferecerem planos com serviços que visam a prevenção e o tratamento de doenças mentais, os gestores de pessoas e de RH são orientados sobre a importância de possuírem programas próprios que cuidem da infraestrutura física e recursos para execução das tarefas profissionais – principalmente nos casos de trabalho híbrido (home office e presencial) – além de iniciativas como incentivo à atividade física (porser muito importante para o equilíbrio psicológico), pesquisas internas, convênios, planos de saúde e ações de relacionamento que permitam o monitoramento e manutenção do bem-estar dos empregados.
“Os planos de saúde empresariais oferecem uma ampla cobertura para a prevenção e o tratamento desses tipos de enfermidades – entre as quais destacam-se depressão, ansiedade, síndrome de burnout, crise de pânico e compulsão alimentar”, detalha Fernanda.
Ela cita que os programas de saúde mental incluem conteúdos e palestras sobre o tema, “escuta ativa” para identificação e acolhimento, orientação sobre o uso correto dos benefícios, atendimentos presenciais e on-line com psicólogos, psiquiatras, nutricionistas, entre outras especialidades que complementam esses tratamentos. “São serviços cada vez demandados nos ambientes corporativos, que resguardam as empresas, suas equipes e a produtividade”, enfatiza a especialista.
A Pesquisa Quantitativa da Saúde Suplementar na indústria brasileira, divulgada em novembro de 2020, pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mapeou os principais impactos da pandemia nos planos de saúde do setor industrial, por meio de uma amostra de 200 organizações. Entre os principais resultados está o reconhecimento, por 65% desse contingente analisado, de que o cuidado com a saúde mental dos trabalhadores é uma necessidade e deve ser intensificada.
O estudo também aponta que a ampliação e a melhoria contínua dos programas de apoio e prevenção à saúde são uma tendência para os próximos anos, embora 54% das indústrias ainda não possuam iniciativas do tipo, hoje mais comuns nas companhias de grande porte.
Por outro lado, 54% das organizações pesquisadas possuem programas do tipo, sendo 30% próprios, 18% prestados em conjunto com as operadoras de saúde e, 6%, oferecidos exclusivamente por meio de planos de saúde empresariais. Entre as linhas de cuidado adotadas estão a saúde mental/depressão (em 69% dessas empresas), o estímulo à atividade física (em 78%) e o gerenciamento de estresse (em 63%). Além disso, 24% disponibiliza teleatendimento psicológico para empregados.