Em meio à chegada do 5G a algumas regiões do país, o tema tem sido cada vez mais comentado e buscado na internet.
Nos últimos sete dias, uma das perguntas mais procuradas no Google foi "como saber se meu celular é 5g?", segundo dados do Google Trends, que dimensiona as buscas na plataforma.
Até o momento, a tecnologia já está disponível nas seguintes cidades brasileiras: Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), João Pessoa (PB) e São Paulo (SP).
De imediato, usuários vão se beneficiar de uma maior velocidade de conexão, tanto para baixar quanto para enviar arquivos pelo celular, além de um tempo de resposta mais ágil e maior estabilidade.
A previsão é de que a nova geração da internet móvel esteja disponível em todo o país nos próximos anos.
Apesar de ser cada vez mais divulgado, o tema ainda desperta inúmeras dúvidas. Abaixo, a BBC News Brasil responde a algumas das principais perguntas que têm sido feitas sobre o assunto.
É a próxima geração de conexão de internet móvel que oferece velocidades para baixar e enviar arquivos muito mais rapidamente.
"O 4G funciona com velocidade média de 17,1 Mbps (megabits por segundo), e pode chegar a até 100 Mbps. Já o 5G pode chegar a até 1 e 10 Gbps (gigabits por segundo, ou 1 bilhão de bits por segundo), ou seja, até 100 vezes mais que o 4G. A comunicação (ou tempo de resposta, como chamam os profissionais da área) do 5G é bem maior: 1 a 5 milissegundos contra 50 a 70 milissegundos do 4G", detalha Eder Carlos Amador, coordenador do curso de Ciência da Computação da Faculdade Anhanguera.
Essa tecnologia permitirá que as atividades com smartphones sejam feitas com muito mais rapidez. Em termos práticos, o 5G permite, por exemplo, baixar um filme de alta definição em mais ou menos um minuto.
Usuários de videogames devem notar menos atraso — ou latência, termo usado por especialistas — ao pressionar um botão e ver o efeito na tela. Os vídeos móveis devem ser quase instantâneos e sem falhas.
As videochamadas devem se tornar mais claras e "travar" menos. Dispositivos de saúde podem monitorar seu organismo em tempo real, alertando os médicos assim que surgir qualquer emergência.
Muitos pensam que o 5G será crucial para que veículos autônomos se comuniquem entre si e leiam mapas e dados de tráfego ao vivo.
Imagine enxames de drones cooperando para realizar missões de busca e resgate, avaliações de incêndio e monitoramento de tráfego, todos se comunicando sem fio uns com os outros e com bases terrestres em redes 5G.
"A tecnologia abre uma gama de possibilidades, principalmente no campo da internet das coisas. Os carros poderão ter sensores de alta precisão para evitar acidentes, semáforos nas ruas poderão ser interconectados para melhorar o trânsito, as nossas casas poderão ser equipadas com uma infinidade de objetos inteligentes para executar diversas tarefas. Aquelas cenas de ficção científica de que tudo no nosso dia a dia será permeado pela tecnologia, isos parece mais próximo do que nunca", afirma Amador.
Não são todos os celulares que têm acesso ao 5G. Os aparelhos que possuem essa tecnologia já vêm com essa característica diretamente da fábrica, afirma Luiz Puppin, gerente do Centro de Treinamentos da empresa de tecnologia FiberX.
"Desde 2019, alguns aparelhos já começaram a vir com essa tecnologia. Eles chegaram importados ao Brasil. Para ativar essa opção tem que estar em uma região em que haja uma antena que ofereça esse sinal", explica. É necessário que a operadora ofereça o serviço 5G.
Na atual fase, os celulares que possuem 5G são aqueles que têm um pouco mais de tecnologia para suportar essa nova frequência. Essas informações estão disponíveis nas fichas técnicas dos aparelhos.
"Os aparelhos celulares precisam suportar essa tecnologia, igual na época do 4G. Hoje é até mais fácil encontrar celulares com 5G. Quando essa tecnologia começou a ser implementada, só existia nos aparelhos mais sofisticados. Mas hoje em dia já tem até em aparelhos de cerca de R$ 2 mil", afirma Puppin.
Com o tempo, espera-se que todos os modelos incorporem a compatibilidade, assim como aconteceu com o 4G, usado comercialmente no Brasil pela primeira vez no fim de 2012.
O mundo está se tornando móvel e estamos consumindo mais dados a cada ano, principalmente com o aumento da popularidade do streaming de vídeo e música.
O espectro de banda, usado para serviços de internet, está ficando congestionado, levando a falhas no serviço, especialmente quando muitas pessoas na mesma área estão tentando acessar serviços móveis ao mesmo tempo.
O 5G é muito melhor para lidar com milhares de dispositivos simultaneamente, de celulares a sensores de equipamentos, câmeras de vídeo e luzes de rua inteligentes.
"Com o 5G podemos ter cidades mais inteligentes, coisa que o 4G não consegue em larga escala. O 5G vai conseguir suportar coisas como medir água, gás ou energia a distância e outras tecnologias que já existem, mas não podem ser usadas em larga escala porque o 4G não consegue por não suportar tanto volume de dispositivos simultâneos por quilômetro quadrado", diz Puppin.
No Brasil, as principais faixas da tecnologia de 5G foram compradas pelas gigantes Claro, Tim e Vivo. E operadoras locais também compraram faixas especificamente nas regiões que operam. "Essas grandes operadoras vão cobrir o Brasil inteiro", explica Puppin.
"Os dados (do 5G) são transmitidos por ondas de rádio mais curtas, por isso, para a cobertura ser efetiva, é preciso um número maior de antenas distribuídas em um menor espaço geográfico - mas que transmitem os dados de forma muito maior e mais rápida. A tecnologia permitirá - acredite - que até 1 milhão de dispositivos estejam conectados em uma área de apenas um quilômetro quadrado", diz Amador.
Não há data exata para que o 5G chegue a todo o país, mas a expectativa é de que o sinal chegue a todos os municípios brasileiros com até 30 mil habitantes até o fim de 2029.
Mesmo nas cidades em que já chegou, o 5G não está presente em todas as áreas. Em São Paulo, por exemplo, a cobertura está concentrada no centro expandido, entre as marginais do Tietê e do Pinheiros, além de mais uma parte da zona oeste e o início da zona sul da cidade, conforme a Anatel.
A área de maior concentração de antenas de 5G em São Paulo é onde há maior concentração de prédios empresariais, polos de empregos e famílias com maior poder aquisitivo, segundo a Folha de S.Paulo.
"Essa tecnologia foi implantada em algumas localidades escolhidas nessas cidades, as áreas que são mais economicamente viáveis ou mais politicamente expostas. O Brasil tem um tamanho que vai demorar muito pra uma cobertura uniforme 5G. Se você está em uma área com 5G, andou e saiu da área de 5G, o celular não perde a conexão, ele entra na rede 4G normalmente e continua navegando. Você só vai perder a velocidade do 5G e vai voltar ao 4G", explica Puppin.
- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62444084
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