Morreu nesta quarta-feira (13), aos 88 anos, o cardeal dom Eusébio Oscar Scheid, vítima da Covid-19. Arcebispo emérito do Rio de Janeiro e primeiro bispo da Diocese de São José dos Campos, ele estava internado no Hospital São Francisco, em Jacareí (SP).
Segundo o hospital, a causa da morte foi Insuficiência respiratória aguda, decorrência da Covid-19.
Dom Eusébio será sepultado nesta quarta na catedral São Dimas, local escolhido por ele, ainda em vida, por ter sido a primeira diocese em que foi bispo.
Em nota, a Diocese de São José dos Campos informou que devido à pandemia do coronavírus não haverá velório e missa abertos ao público. "Na luta contra a Covid-19, e também enfrentando uma forte pneumonia, chega ao fim a missão de dom Eusébio", diz a nota.
O arcebispo do Rio, dom Orani João Tempesta, às 9h de sábado (16) celebrará, na catedral do Rio, uma missa com padres e fiéis da arquidiocese. Na terça-feira (19), haverá uma missa de sétimo dia na Candelária.
Nascido em Luzerna (SC), dom Eusébio cursou o ensino fundamental e o ensino médio no Seminário dos Padres do Coração de Jesus, em Corupá. Religioso da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, estudou Filosofia em Brusque (1954) e na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, Itália (1955-1957), onde também estudou Teologia (1957-1964).
Foi ordenado presbítero em julho de 1960, em Roma. Continuou os estudos de pós graduação e recebeu os títulos no grau de mestre e doutor em cristologia. Em fevereiro de 1981 foi nomeado como primeiro bispo da Diocese de São José dos Campos, onde ocorreu a sua ordenação episcopal em 1º de maio de 1981.
Em 23 de janeiro de 1991 foi transferido para a Arquidiocese de Florianópolis. Em 2001, para a Arquidiocese do Rio de Janeiro. Tornou-se cardeal em 21 de outubro de 2003, quando o papa João Paulo 2º presidiu o Consistório Ordinário Público para a criação de 30 novos Cardeais. Tornou-se arcebispo Emérito em abril de 2009 e atualmente residia em São José dos Campos.
No Vaticano foi conselheiro da Pontifícia Comissão para a América Latina, em 25 de novembro de 2002, e membro do Pontifício Conselho de Comunicação Social, em 29 de novembro de 2003.
Na CNBB, foi membro do Conselho Permanente, membro da Comissão Episcopal para o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida e presidente regional.
Dom Eusébio participou do conclave que elegeu o papa Bento 16. Também foi membro do Conselho de Cardeais para o estudo dos problemas organizacionais e econômicos da Santa Sé em 17 de janeiro de 2007.
Dom Eusébio possui os seguintes livros publicados: Tese de Láurea sobre a Cristologia de Ubertino da Casale em seu Contexto Histórico; Preparação para o Casamento e para a Vida Familiar; Introdução à Pastoral Familiar; e Ministério do Acolhimento.
Bispo da diocese de Mogi das Cruzes, dom Pedro Luiz Stringhini lembra que dom Eusébio viveu por muito tempo em São Paulo por integrar a congregação Dehonianos, com uma das sedes em Taubaté, no Vale da Paraíba. "Foi nomeado em 1981 primeiro bispo de São José dos Campos, diocese que está completando 40 anos. Ele é uma grande referencia para o episcopado de São Paulo. Era uma pessoa muito preparada intelectualmente, muito incisivo e de temperamento muito forte", lembra.
Ex-prefeito de São José dos Campos, Carlinhos de Almeida (PT) conta ter conhecido dom Eusébio nos anos 80 quando era um seminarista em Taubaté. Segundo o ex-prefeito, o arcebispo tinha um laço afetivo muito grande com a cidade por ter sido o primeiro bispo da diocese de São José dos Campos.
"O momento de criação da diocese marcou bastante. Ele fez questão de conversar muito com os seminaristas. São José pertencia à diocese de Taubaté e éramos muitos no seminário em Taubaté. Ele tinha uma preocupação muito grande com a formação dos futuros padres", diz o petista.