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Política

Pazuello reconhece 'colapso' na saúde de Manaus e diz que fila por um leito é de quase 500 pacientes


Ministro da Saúde deu declarações durante transmissão ao vivo ao lado do presidente Jair Bolsonaro. Média móvel de mortes no Amazonas cresceu 183% nos últimos sete dias. Em Manaus, hospitais lotados ficam sem oxigênio e pacientes são transferidos para outros estados

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse nesta quinta-feira (14), durante transmissão ao vivo por uma rede social ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que há um "colapso" no sistema de saúde de Manaus. Segundo afirmou, 480 pessoas que contraíram Covid-19 esperam por um leito hospitalar na capital do Amazonas. "Está complicada a situação lá", afirmou Bolsonaro.

A média móvel de mortes cresceu 183% no Amazonas nos últimos sete dias. Mais de 5,8 mil pessoas morreram em razão da doença no estado. O número de internações na capital Manaus atingiu 2.221 de 1º a 12 de janeiro. Anteriormente, o número máximo de internações havia sido registrado em abril passado (2.128).

Com o recorde de internações, unidades de saúde ficaram sem oxigênio. O estado está sendo obrigado a enviar pacientes para outros estados. Além disso, os cemitérios estão lotados — ampliaram o horário de funcionamento e instalaram câmaras frigoríficas. Para tentar frear a expansão do vírus, o governo estadual decidiu proibir a circulação de pessoas entre 19h e 6h em Manaus.

“Agora, nós estamos novamente em uma situação extremamente grave em Manaus. Eu considero que, sim, há um colapso hoje no atendimento de saúde em Manaus. A fila para leitos, ela cresce bastante. Já estamos hoje em 480 pessoas na fila”, declarou Pazuello.

Durante a transmissão ao vivo, Pazuello relacionou os motivos que, segundo ele, levaram Manaus ao atual estágio de infecções e mortes provocadas pela Covid-19.

De acordo com o ministro, a epidemia de Covid em Manaus se agravou devido a questões climáticas, à falta de infraestrutura hospitalar e recursos humanos, e à ausência de “tratamento precoce” da doença provocada pelo coronavírus.

Na transmissão, Bolsonaro voltou a defender para fins preventivos o uso de hidroxicloroquina, ivermectina, nitazoxanida, zinco e vitamina D, substâncias para as quais não há comprovação científica de eficácia contra a Covid, mas, no entendimento do presidente, há comprovação "observacional".

Pazuello também acrescentou que Manaus “não teve a efetiva ação no tratamento precoce com o diagnóstico clínico, no atendimento básico”. Isso, segundo ele, “impactou muito a gravidade da doença”.

O ministro da Saúde afirmou ainda que os próximos “cinco, seis dias”, enquanto suprimentos do governo federal não chegarem a Manaus, serão “os períodos mais críticos” na cidade.

Sobre a falta de oxigênio, Pazuello disse que há uma “diminuição” na oferta da substância e não uma “interrupção”. Ele afirmou que a demanda por oxigênio em Manaus “subiu seis vezes” nos últimos dias.

“Todo o tratamento da Covid é baseado em algum grau de oferta de oxigênio. Então, há uma redução da oferta e nós estamos priorizando esse oxigênio para atender as UTIs e trabalhando para entregar mais oxigênio”, disse.

Sobre as questões climáticas que, na interpretação do ministro, colaboraram para a crise em Manaus, Pazuello afirmou:

“Nós já estamos no período chuvoso, novamente, no Amazonas. Não só no Amazonas, mas no Norte do país e em parte do Nordeste, já é o período chuvoso. E, no período chuvoso, a umidade fica muito alta e você começa a ter complicações respiratórias. Então, esse é um fator”, afirmou o general do Exército.

Segundo o ministro, a infraestrutura hospitalar na capital do Amazonas, no atendimento especializado, é uma das menores no país, relativamente.

“Se você juntar esses dois fatores, e colocar o clima, você vai ter uma grande procura por estrutura e por tratamento especializado”, disse.

Pedido de intervenção federal

Nesta quinta-feira, o deputado federal Delegado Pablo (PSL-AM) enviou um ofício ao presidente Jair Bolsonaro com um pedido de intervenção federal na saúde do Amazonas em razão do agravamento da situação da pandemia de Covid no estado.

As possibilidades de intervenção federal nos estados estão previstas no artigo 34 da Constituição Federal. Entre outras hipóteses, a Carta diz que a União pode intervir em um estado para “pôr termo a grave comprometimento da ordem pública”.

De acordo com a Constituição, cabe privativamente ao presidente da República decretar e executar a intervenção federal. O texto diz ainda que é competência exclusiva do Congresso aprovar a intervenção federal.

O senador Eduardo Braga (MDB-AM) também defendeu a intervenção. “A crise sem precedentes no Amazonas precisa de uma operação de guerra! Nos últimos dias, fizemos reiterados apelos ao ministro Eduardo Pazuello, da Saúde, para a urgência de uma intervenção federal no Estado. Somente com essa medida será possível solucionar o caos que temos acompanhado diariamente”, disse Braga, em uma rede social.

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu a retomada das atividades do Congresso antes do fim do recesso legislativo — que termina no dia 1º — a fim de se discutir a crise no Amazonas e a questão das vacinas contra a Covid.

"A falta de oxigênio em Manaus, o atraso na vacina, a falta de coordenação com estados e municípios, é resultado da agenda negacionista que muitas lideranças promovem. Está na hora de todas as forças se unam para salvar vidas. É fundamental — como defendi em dezembro com outros parlamentares — que o Congresso retome suas atividades na semana que vem", escreveu Maia em uma rede social.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse que a situação é “gravíssima” e que o Congresso está “à disposição do que for necessário para minorar o sofrimento desses brasileiros”.

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