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BRASIL

Ditadura da beleza expõe a risco pessoas que buscam profissional não habilitado


A busca pelo corpo padrão e por mais autoestima estão entre as principais razões para que, a cada ano, pessoas recorram a tratamentos e intervenções estéticas. O crescimento significativo de cirurgias voltadas ao embelezamento é alimentado, na maioria das vezes, pela vaidade e pelo desejo de se alcançar a perfeição. Para se ter ideia, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), somente no primeiro trimestre de 2022, houve um aumento de 390% na procura por procedimentos estéticos, em relação ao mesmo período do ano anterior.

Já o último levantamento divulgado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) mostrou que o Brasil realiza, em média, 1,5 milhão de cirurgias plásticas por ano, ocupando a segunda colocação no ranking mundial. A colocação do país é a mesma segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS, na sigla em inglês), com base em dados divulgados em 2020.

No entanto, essa saga pela perfeição corporal pode provocar um dos grande fenômenos da atualidade: os casos de complicações e deformações ocasionadas pela realização de procedimentos por profissionais sem a devida capacitação. É cada vez mais comum notícias de que pacientes, que não tomaram os cuidados necessários na hora de escolher o responsável pela cirurgia, ficaram com sequelas permanentes.

No último mês, um modelo e influencer digital de Belo Horizonte ficou com o rosto deformado, inchado e ferido após fazer uma harmonização facial. O procedimento foi realizado por uma biomédica, que ele conheceu no dia da intervenção estética. Logo depois de terminar o procedimento, o modelo notou que sua boca havia ficado roxa. A família dele chegou até fazer uma vaquinha online para tratar a necrose.

Um dos fatores que podem contribuir para as estatísticas de procedimentos mal-feitos é a onda de oferta atrativa de intervenções disponível, principalmente, nas redes sociais. No caso do modelo de BH, a cirurgia lhe foi oferecida como uma parceria, uma vez que ele é um influenciador digital. A ideia era que, por meio da divulgação, outras pessoas também fizessem a harmonização.

A influência das redes sociais na escolha equivocada por parte de pacientes que procuram profissionais para a realização das cirurgias estéticas, é notável e preocupante. De acordo com Vagner Cruz, presidente da Regional Minas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), este, porém, não é o melhor caminho, já que pode levar o paciente a danos sem recuperação.

“As redes sociais, às vezes, afasta a ética e a capacidade do profissional. Então, o melhor é procurar alguém que fez um procedimento bem-sucedido, com um especialista, para uma indicação. Isso porque existem variáveis na anatomia, que é tão somente você chegar, pegar um produto e injetar. Esses procedimentos podem gerar necrose, que é a gangrena, ou morte de um tecido e isso é irreparável,” ressaltou Vagner.

Barato que sai caro

Segundo Cruz, o paciente precisa ter um discernimento porque “o barato, às vezes, sai muito mais caro,”. Nas situações em que as intervenções estéticas não saem como o planejado, as pessoas terão que procurar um profissional habilitado para corrigir ou fazer um reparo. “Isso faz parte do nosso arsenal. Tratar complicações de profissionais não habilitados a realizar esses procedimentos, que eles julgam ser banais ou simples, quando na verdade não são. As complicações chegam cada dia mais nos consultórios e nos hospitais para a gente poder tratar,” enfatizou.

Habilitação

De acordo com Vágner, as intervenções estéticas devem ser realizadas por profissionais qualificados. Esses especialistas têm suas capacitações medidas pelo Conselho Regional de Medicina, por meio do Registro de Qualificação de Especialidade (RQE). “Todo o procedimento que invade e ultrapassa o limite da pele se configura como procedimento médico. Assim, apenas os cirurgiões plásticos e dermatologistas estão habilitados a realizá-lo,” destacou.

Como fazer um procedimento seguro

O primeiro passo é consultar o site da Regional Minas Gerais da SBCP. Lá, é possível encontrar a lista de profissionais habilitados a realizar os procedimentos estéticos. Em relação à instituições de saúde, os pacientes podem procurar no site da prefeitura de sua cidade os locais que estão liberados a fazer esse tipo de cirurgia. A Vigilância Sanitária delibera quais instituições de saúde estão autorizadas a realizar esses serviços.

Harmonização em alta

Atualmente, um dos procedimentos estéticos mais comuns no Brasil é a harmonização facial. De acordo com o Conselho Federal de Odontologia (CFO), a intervenção é devidamente regulamentada pelas Resoluções Normativas do CFO 198/2019, 230/2020 e 237/2021, que reconhecem e regulamentam a Harmonização OroFacial (HOF) como uma especialidade odontológica.

Segundo Shalimar Campos Sales, cirurgiã dentista e especialista em harmonização facial, o dentista está autorizado a realizar procedimentos estéticos que vão “desde a ponta do queixo até a ponta do cabelo.” A profissional, que trabalha com essa especialidade há mais de 10 anos, recebeu dois prêmios nessa modalidade: o primeiro, no Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética, e o segundo, neste ano, pela E-max Ivoclar, empresa alemã que desenvolveu as lentes de contato dentais.

A especialista dá dicas de como procurar os profissionais com as devidas capacitações para a realização desse tipo de intervenção:

Veja o ranking dos procedimentos estéticos mais realizados no Brasil, de acordo com a ISAPS:

  1. Lipoaspiração
  2. Aumento de mama
  3. Cirurgia de pálpebra
  4. Abdominoplastia
  5. Lifting de mama
  6. Rinoplastia

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